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Entre a fartura e escassez

Por admin

• Na presente época agrícola,disponíveis 40 tractores para toda a provínciado Niassa para serem comprados ou alugados aos produtores

Falar de Mecanhelas é falar do segundo maior distrito mais populoso da província de Niassa, com 261.332 habitantes, só atrás de Cuamba. Possui uma das maiores taxas de natalidade do país, ou seja, uma família é composta, em média, por oito pessoas.

Mecanhelas é também conhecido como sendo o distrito que mais missionários – padres e irmãs de caridade – “produziu” ao longo dos últimos 100 anos, para além, de ser, em termos agrícolas, celeiro da província e grande criador de gado bovino e caprino.

A última campanha agrícola não foi das melhores, afirmam os seus residentes. As enxurradas que devastaram maior parte dos campos são apontadas como sendo a principal causa da presença de focos de insegurança alimentar. Mesmo assim, o fenómeno não parece estar ao nível do que se regista nos outros distritos da zona sul da província onde a fome é um dado adquirido.

A explicação é simples: a grande produção alimentar conseguida na campanha agrícola 2013/4 permitiu aos agricultores conservar alimentos que estão a ser consumidos desde os tempos de crise até aos dias de hoje.

Nos locais por onde passamos, foi possível testemunhar, excepcionalmente, a presença de celeiros com milho, mapira, arroz e outros cereais, para além de grandes quantidades de cabeças de vaca. Informaram ao domingo que existem, em todo o distrito, cerca de oito mil cabeças de vaca e outras tantas de caprino e suíno.

O governador de Niassa, Arlindo Chilundo, visitou recentemente o distrito de Mecanhelas, no âmbito da governação aberta, para monitorar o Plano Económico e Social, PES, e, no fim, teceu rasgados elogios à governação de Assane Jackson – ora transferido para o distrito de Moma, em Nampula – e ao empenho das populações no combate à fome e ao empoderamento das comunidades.

Quer em Iataria quer em Entre-Lagos, duas localidades que, sozinhas, albergam cerca de 100 mil pessoas, Chilundo deixou mensagens de esperança. Revelou a existência para a província de Niassa de 40 tractores para serem comprados e/ou alugados pelos produtores para o aumento das suas áreas agrícolas.

Para além desta remessa, vamos receber uma outra brevemente. Todos os tractores estarão à disposição dos agricultores de Niassa, garantiu Chilundo, explicando que, para melhor controlo e manutenção, as referidas máquinas estarão parqueadas em cinco distritos estrategicamente localizados, nomeadamente Cuamba, Chimbunila, Marrupa, Lago e Mandimba.

Ao anúncio da boa nova a população de Mecanhelas, Chilundo afirmou que a mecanização da agricultura vai catapultar o desenvolvimento económico e social do distrito, ao mesmo tempo que garantia a sua disponibilidade de tudo fazer para o aumento da produção de comida e de rendimento. Refira-se, igualmente, que Mecanhelas é um dos distritos que mais produz o tabaco e o algodão, razão pela qual, Juliana Bernardo pediu ao governador a montagem em Iataria de um posto de venda de tabaco, proposta corroborada por Estela Paulo.

Outros problemas apresentados pela população de Iataria e Entre-Lagos ao chefe do Executivo de Niassa prendem-se com a escassez de água potável e maternidades para reduzir os índices de partos não institucionais que, segundo relatos de algumas mães, perigam a vida de muitas parturientes, tendo em conta que as ambulâncias para transferi-las para unidades sanitárias de referências são escassas.

Entretanto, uma situação anómala preocupa a população de Iataria. O régulo Chamba, o principal líder comunitário da zona, está a ser contestado por parte da população local ligada à família. Em resposta, Chilundo esclareceu que a missão do governo é apenas a de reconhecer o líder escolhido pela comunidade, orientando-a a se reunir e, em consenso, indicar aquele que poderá ser o régulo Chamba, um régulo representativo de toda a comunidade.

 

REIVINDICAÇÕES LEGÍTIMAS

Já em Entre-Lagos, as reivindicações da população que partilha a mesma fronteira com o Malawi são diferentes. Pede-se ao governo para orientar a concessionária dos CFM, Corredor de Desenvolvimento do Norte, a colocar, nas suas composições, carruagens para o transporte de passageiros, para permitir a circulação da população e seus bens daquela localidade a cidade de Cuamba.

Igualmente, o problema da elevação da localidade de Entre-Lagos à categoria de posto administrativo foi levantado, desta vez, com muita insistência. Aquela população argumentou o seu pedido, apoiando-se no número dos habitantes daquela zona rural de Insaca. Somos mais de 40 mil habitantes e julgamo-nos no direito de sermos um posto administrativo, sustentou Natália Afonso, que mais adiante deu a conhecer que existem distritos do nosso país cujo número da população é inferior ao de Entre-Lagos.

Cauteloso nas suas respostas, Chilundo prometeu, apenas, estudar os assuntos com as instituições visadas e, junto delas, saber o que está a ser feito para minorar o sofrimento por que aquela população passa, principalmente no transporte de pessoas e bens.

Quanto a uma denúncia feita Eduardo Zaqueiro, sobre alegadas cobranças ilícitas nos postos fronteiriços de Entre-Lagos protagonizadas por agentes alfandegários e de Migração, o governador Chilundo prometeu investigar o assunto e, em tempo próprio, trazer os resultados das investigações. Uma coisa é certa: se chegarmos à conclusão de que as denúncias são verídicas, vamos tomar medidas exemplares contra os autores dos desmandos, garantiu Chilundo.   

 

 

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