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COMERCIALIZAÇÃO AGRÍCOLA: Não sabiam que eram ricos

Por admin

Redacção

Há homens e mulheres que empreendem no campo e tornam-se ricos, mas por falta de noções básicas de gestão não fazem ideia do seu potencial e vão à falência. O Programa de Apoio aos Mercados Rurais (ProMER) está atento a este facto e camponeses da área sob a sua influência, em alguns distritos de Nampula, Niassa, Cabo Delgado e Zambézia, estruturaram os seus negócios a ponto de serem tomados como exemplos por agências internacionais de desenvolvimento.

Um dos casos mais badalados é do senhor Régua Chipangue, um próspero camponês estabelecido na sede do distrito de Ribáuè, em Nampula, cuja história de vida poderá ser publicada no sítio da internet do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrário (FIDA) para ser partilhada com o mundo.

Ligado à actividade agrária desde a infância, Régua começou a tomar contacto com o comércio rural de cereais em meados da década de 80, quando estabeleceu uma pequena banca num local que mais tarde se transformou no actual mercado da vila de Ribáuè.

Com o passar do tempo, amealhou o suficiente para adquirir uma pequena moageira a gasóleo, depois de no ano 2000 ter tido uma das primeiras indústrias de farinação a ser montada por ali para o processamento dos alimentos básicos da população local, nomeadamente o milho e a mandioca.

Conforme narrou à nossa Reportagem, passaram-se anos a fazer dinheiro mas, por falta de conhecimento, não destrinçava o lucro da receita. Felizmente, a moageira funcionou a contendo durante anos apesar da intensa procura que se registava.

Por volta de 2011 deu um passo vital rumo ao progresso ao se deixar envolver com o ProMER, entidade que viabilizou o registo da sua actividade como empresa e, sobretudo, ofereceu-lhe pequenas aulas de gestão e assessoria na relação com os fornecedores de cereais.

O ProMER é um programa financiado pelo Governo moçambicano em parceria com a União Europeia e o FIDA, em 48,4 milhões de dólares, e está a ser implementado em 15 distritos com a finalidade de contribuir para melhorar a vida das famílias rurais desfavorecidas, permitindo que os pequenos produtores melhorem o seu rendimento agrícola ajudando-os a comercializar os seus produtos de forma mais rentável. 

Fui instruído pelo projecto a trabalhar com camponeses organizados em associações e não com fornecedores individuais, para poder discutir os preços com um interlocutor apenas que me assegura a matéria-prima”, disse.

Por outro lado, Régua foi ensinado a firmar acordos de trabalho com diferentes associações e, sobretudo, a elaborar um plano de negócios que era o seu grande constrangimento, uma vez que não tinha, até então, um controlo efectivo do dinheiro que entrava e saía.Fruto desta assistência, Régua Chipangue começou a fazer investimentos que hoje o tornam uma referência empresarial na sede daquele distrito e não só. Aliás, a Direcção Provincial de Indústria e Comércio de Nampula já o tem no seu cadastro e, pelo ritmo, dentro de dias, ambos formarão um vínculo de trabalho mais profícuo.

 

No leque de ganhos que Chipangue passou a ter consta a celebração de contratos com 16 associações de agricultores que lhe fornecem amendoim, feijões, milho e mandioca. Estes produtos chegam a si em meses específicos e em quantidades e qualidade previamente acordados entre as partes.

Também formou contratos com a direcção da cadeia distrital, internato da escola secundária e com o Instituto Agrário de Ribáuè a quem fornece farinhas diversas em sacos que levam o timbre da sua empresa e selo “Made in Mozambique”.

Para quem até há poucos anos não tinha noções elementares de gestão, o património que Régua Chipangue agora possui deixa qualquer um surpreendido e o ponto de partida são as moageiras. “Hoje tenho três moageiras que para mim são o negócio que mais rendimento dá”.

A propósito destas máquinas, das quais duas são eléctricas e uma a gasóleo, Chipangue diz que processa 1200 quilos por dia, mas que a demanda já o obriga a cogitar seriamente a possibilidade de adquirir uma moageira maior, capaz de triturar até 20 toneladas diárias.

Aponta que como resultado do crescimento do negócio naquele meio, comprou uma camioneta para o transporte de mercadorias, um tractor com o conjunto completo de alfaias e uma carrinha Hilux, de cabina dupla, que faz questão de sublinhar que “é para dar umas voltas com a família nos dias de folga”.

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