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Orar para que a paz perdure no tempo e no espaço

Por admin

Os líderes das confissões religiosas, políticos, organizações da sociedade civil reafirmaram na passada, sexta-feira última, dia 4 de Outubro, na cerimónia das comemorações do 21º aniversário da assinatura do Acordo Geral da Paz (AGP), a necessidade de os moçambicanos envidarem esforços para a preservação da paz, estabilidade política económica e social e unidade nacional.

Numa cerimónia bastante concorrida que iniciou com uma marcha que partiu da estátua de Eduardo Mondlane, no Alto Maé, cidade de Maputo rumo à Praça da Paz, os moçambicanos demonstraram através de dísticos, orações e um culto ecuménico que não desejam que a guerra volte a dilacerar o país.

Com efeito, crentes de diversas confissões religiosas despiram a sua identificação religiosa e juntaram-se em torno do mesmo objectivo, que é a preservação da paz e unidade nacional. Impossível era distinguir o católico, do mazione, do apostólico, do adventista, do metodista, do anglicano, do presbeteriano, entre outros. Todos gritavam em viva voz e uníssono em prol do bem comum que é uma paz duradoira.

As mensagens exibidas expressavam os seguintes dizeres: “Que a paz de Deus domine nos vossos corações”, “ Abençoai aos que vos perseguem com mensagens de Amor”, “Não existe um caminho para a paz; a paz é o caminho”; “Paz é vida, união e amor entre irmãos”, “A guerra deve ser sempre considerada como um fracasso na mente dos homens”, “Tudo deve ser em prol do amor e concórdia”.

Aliás, os discursos e as orações eram intercalados por cânticos evocando o amor, tolerância e diálogo entre os moçambicanos. Por exemplo, do grupo coral universal ouvimos as seguintes mensagens: “ Pedimos a paz, rogamos para que os nossos dirigentes dialoguem com resultados concretos”, “Queremos que as crianças voltem a estudar livremente em Muxúngué”, entre outras.

Ainda em mensagens de ocasião, Eliata Pedro Sitoe, da Organização Continuadores de Moçambique, pediu às lideranças políticas que, na mesa das negociações, encontrem consenso para que as crianças, sobretudo da região de Muxúngué, voltem a estudar sem ameaças do retorno à guerra.

“O nosso desejo é que estejamos livres e para tal pedimos que as partes em conversações encontrem soluções rápidas para que os ataques na região de Muxúngué cessem definitivamente e as crianças possam ir à escola à vontade”,disse Eliata Pedro.

“Alternativa à paz é a própria paz”

– Armando Guebuza, Presidente da República, nas comemorações do 4 de Outubro 

O Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, voltou a afirmar que “a alternativa à paz é a própria paz” e que todos os moçambicanos são chamados a dar o seu contributo para que Moçambique continue a ser exemplo no mundo em matérias da sua preservação.

Guebuza, que falava por ocasião das celebrações dos 21 anos do AGP, considerou o culto ecuménico, havido na Praça da Paz, como uma ocasião oportuna para os moçambicanos reafirmarem o seu compromisso com a paz, através de actos e palavras conducentes à concórdia e harmonia social.

“Este é um trabalho que tem efeito de forma consistente e sistemática não só ao longo destas duas décadas de paz e reconciliação na nação moçambicana, como também no quotidiano junto dos vossos crentes e por essa via junto de toda sociedade moçambicana”,disse Armando Guebuza.

Para o Chefe do Estado, mas do que aquilo que temos ou fazemos, a paz é característica fundamental do povo moçambicano que é propenso ao convívio saudável e inteiração com outros povos do mundo.

“A paz é o que nos caracteriza como um povo, como vem sublinhado na nossa Constituição, a magna carta que orienta a nossa vida em sociedade como cidadãos, como instituições e como organizações. A bandeira multicolor que desfraldamos com orgulho e sentido de pátria e que a todos nós cobre, projecta o nosso amor e cristaliza a nossa consciência de comunhão de destino”,disse Armando Guebuza.

Adiante, sublinhou que é neste quadro que todos os moçambicanos são chamados a promover e enraizar a cultura de paz no ambiente dialogante que o Governo sustenta. “É neste prisma em que deve ser visto em particular o diálogo que temos estado a manter com a Renamo, um diálogo que tem na Constituição a sua primeira e estruturante referência.”

ELEIÇÕES NAS DATAS APRAZADAS

O Chefe do Estado, Armando Guebuza, reiterou que as eleições realizar-se-ão nas datas aprazadas. “Temos igualmente estado a consolidar as nossas instituições e práticas democráticas na nossa pátria amada. É neste quadro que teremos a 20 de Novembro de 2013, as Eleições Autárquicas e em Outubro de 2014, próximo ano, as Eleições Presidenciais, Legislativas e para as Assembleias Provinciais”, disse Guebuza.

Acrescentou que “queremos usar de mais esta oportunidade para exortar a todos os nossos compatriotas a quem esse direito cívico assiste a afluírem às urnas para exercerem esse seu direito. Recordemo-nos todos que as eleições são momento especial de exercício da cidadania ao mesmo tempo que devem ser um momento de festa, de exaltação da nossa auto-estima, da unidade nacional e da paz”.

RELIGIOSOS APELAM ÀPRESERVAÇÃO DA PAZ

As celebrações foram marcadas, igualmente, por várias preces e orações em prol da preservação da paz. O reverendo Francisco Chaíde disse na sua intervenção que o nosso país é um exemplo em matérias de preservação da paz , de tal forma que tem sido convidado para transmitir a sua experiência aos outros povos do mundo.

Segundo afirmou, é necessário que os dirigentes de partidos políticos, sociedade civil e sobretudo o Governo e a Renamo encontrem no diálogo em curso uma solução rápida para se ultrapassar as diferenças que se registam neste momento.

Por sua vez, David Abrão, do Conselho Cristão de Moçambique (CCM) referiu que 21 anos após a assinatura do AGP os frutos são visíveis, tendo destacado a circulação de pessoas e bens pelo país e crescimento económico que está a permitir a melhoria das condições de vida dos moçambicanos.

Sublinhou que para a manutenção da paz é necessário que as lideranças políticas estejam abertas ao convívio mútuo, assim como aceitar que a igreja e a sociedade civil têm um papel preponderante a desempenhar tal como foi durante os 10 anos das negociações que culminaram com assinatura do acordo.

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