Gorongosa e tarifa do “chapa” na ordem do dia

Os deputados da Assembleia da República (AR) dedicaram parte dos trabalhos da última semana para falar sobre a decisão do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, de se instalar na serra de Gorongosa, 

província de Sofala. Para a Frelimo, o acto visa intimidar a população e desencorajar os investidores, enquanto que, para a “perdiz”, aquela é a única forma encontrada para que haja diálogo em torno de algumas questões relativas ao Acordo Geral de Paz (AGP) e à revisão da legislação eleitoral. Por sua vez, alheio a este debate, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) preferiu falar da problemática da falta dos transportes nas cidades de Maputo e Matola.

Intervindo na sessão reservada às comunicações antes da ordem do dia, o deputado Damião José, da bancada da Frelimo e porta-voz deste partido, condenou veementemente a situação que se vive em Gorongosa, desde que o líder da Renamo para lá se refugiou no mês passado com um grupo de homens armados, supostamente prontos para a guerra.

Segundo afirmou, trata-se de uma manobra dilatória que visa retrair os investidores estrangeiros, bem como criar medo e pânico nas populações. “As manobras dilatórias de Gorongosa, o triste cenário protagonizado por alguns compatriotas, nesta Magna Casa, resumido em tentativas de perca de tempo, em insultos e ataques verbais aos dirigentes do nosso país, são um atentado à unidade nacional, à paz e democracia, pressupostos básicos para o desenvolvimento do país”, disse Damião José.

Para aquele deputado, uma vez mais a Renamo não fugiu à sua característica fundamental de obstrução e não deixar a população trabalhar para a melhoria da sua renda familiar e criação da riqueza. “Com estas manobras dilatórias condenáveis em todos os sentidos, demonstram a sua falta de consideração para com o povo e a vontade inequívoca de retornarem o seu projecto de destruição democrática de Moçambique: querem desencorajar os investidores, querem que os megaprojectos parem, que a exploração dos recursos minerais, que são uma bênção, se transformem em maldição”, disse o deputado.   

No entanto, Damião mostrou-se optimista no fracasso das pretensões do líder da Renamo, pois os moçambicanos não lhe irão dar ouvidos. “…estão enganados e, como diz o povo, estão a “escrever na água”, pois o povo quer continuar a consolidar a unidade nacional, a paz, a democracia e, de enxada ao ombro, combater a pobreza.”

Sublinhou que todas as correntes de opinião estão cansadas das intimidações cíclicas de violência e retorno à guerra que têm sido propaladas pelo líder da “perdiz” sempre que lhe apetece. “O povo está cansado de homens armados nas matas, episódios que trazem à memória tristes recordações dos 16 anos de destruição do país. A minha bancada deplora esta forma de ser e estar de alguns compatriotas e condena veementemente estas atitudes de desestabilização psicológica do povo.”

Acrescentou que não tivesse sido a guerra dos 16 anos, o nosso país estaria noutros patamares rumo ao desenvolvimento sustentável e que a falta de emprego com que se debate a maioria dos moçambicanos é fruto das destruições protagonizadas pelo partido Renamo.

“Dizer que o culpado pela falta de emprego para os jovens é a Frelimo, no mínimo é sinal de que padece de doença de esquecimento, porque senão ter-se-ia lembrado que se as empresas agrícolas, as fábricas, as escolas de formação técnico-profissional não tivessem sido “democraticamente” destruídas hoje muitos teriam emprego”,disse Damião José, para quem os moçambicanos devem continuar a engajar-se no aumento da produção e da produtividade, tendo em vista o combate à pobreza.