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Defendemos diálogo directo

Por admin

O diálogo político entre o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama tem que ser directo e sem envolvimento dos intermediários ou mediadores, quer nacionais quer internacionais. Quem assim o diz é André Balate, presidente do Partido de Reconciliação Nacional (PARENA), ouvido pelo domingo a propósito do ano político de 2015.

Segundo defende André Balate, as duas lideranças já conhecem os problemas do país, tanto é que  chegaram a reunir-se pelo menos por duas vezes, sendo que numa dessas ocasiões o resultado foi a tomada de posse dos deputados da Renamo.

Para Balate, o próximo encontro tem que trazer novos resultados conducentes a uma paz efectiva visto que nos dias de hoje ninguém quer retardar o desenvolvimento com recurso a guerra para alcançar o poder.

Aliás, segundo aquele dirigente político, se as duas lideranças tivessem entrado em acordo nas duas rondas havidas, as mais de trezentas reuniões do Centro Internacional de Conferencias Joaquim Chissano não teriam acontecido e o país estaria em paz efectiva e duradoira.

No seu entender, os mediadores já deram o que tinham a dar e neste momento, mesmo que sejam aceites outros grupos, não poderão lograr resultados satisfatórios porque o diferendo que opõe o partido no poder e o maior partido de oposição é subjacentemente conhecido e só apenas as lideranças podem resolvê-lo.

“Para o bem do país, nós defendemos um diálogo directo entre o Chefe do Estado e a líder da Renamo, não que os intermediários não sejam importantes, mas já deram o seu litro e muitas das vezes são apontados como estando a distorcer as mensagens. O contacto tem ser directo, ou seja, a água do lanho do coco tem mais sabor quando bebida no próprio coco e não noutro recipiente como por exemplo, o copo”, disse André Balate.

Acrescentou que mesmo a nova proposta da Renamo do envolvimento do estadista sul-africano, Jacob Zuma e da Igreja Católica poderá não surtir efeitos desejados enquanto a liderança deste partido não respeitar a Constituição da República e deixar claro as suas pretensões.

Recordou que mesmo os intermediários que neste momento estão a ser postos em causa foram sugeridos pela própria Renamo não percebendo o alcance e as motivações deste partido quando advoga o envolvimento de outros actores no diálogo político.

“Os que lá estão ou estiveram foram propostos pela própria Renamo que neste momento diz estar agastada com eles porque não conseguiu o que almejava que era a partilha do poder. Nós somos por um diálogo abrangente e sem pré-condições para o bem dos moçambicanos que clamam pela paz alcançada após 16 anos de guerra de que ninguém  se quer recordar”,afirmou Balate.

NÃO SE PODE DESARMAR A RENAMO À FORÇA

Ainda no que diz respeito ao decurso do ano político de 2015, o líder do PARENA diz que os ânimos foram exacerbados pela atitude do Governo nas pessoas do Ministro do Interior e do Comandante-geral da Polícia da República de Moçambique quando afirmaram que iriam arrancar à força as armas na posse dos guerrilheiros da Renamo.

Na sua óptica, esta decisão criou fúria nos guerrilheiros daquela formação política e o resultados foram as baixas em ambos os lados e dispersão das populações que tiveram de se refugiar para as matas, apontando como epicentro o que aconteceu no distrito de Moatize, em Tete, em que algumas pessoas são tidas como tendo se refugiado no Malawi.

“Portanto, este ano (2015) foi muito mau politicamente, porque mal se formou o Governo a tensão política agudizou-se devido às reivindicações do segundo partido mais votado nas eleições de 15 de Outubro de 2014”,disse André Balate visivelmente agastado com aquilo que caracterizou de um caos político motivado pela ganância de algumas pessoas próximas do líder da perdiz.

Sublinhou ainda que são essas pessoas próximas da liderança da Renamo que regularmente tem incitado à desordem, dando como exemplo a manifestação popular abortada semana passada pela PRM na cidade de Maputo.

CHEIAS AFECTARAM ARRANQUE DE NYUSI

O líder do PARENA diz não culpar o Chefe do Estado pela situação sócio- económica que se regista no país, em virtude de logo nos primeiros anos da sua governação terem-se registado várias situações anómalas destacando as cheias e a queda do Metical em relação ao Dólar.

Para ele, se não tivessem sido estes dois constrangimentos, o país tinha tudo para andar no bom sentido e rumo ao desenvolvimento. “As cheias e a derrapagem da nossa moeda criaram distúrbios à governação do Presidente Nyusi que tinha um ambicioso Plano Económico-Social para o ano de 2015. No meio das turbulências conseguiu minimizar os problemas da educação e da saúde”.

Entretanto,Balate mostra-se esperançoso de que o presente ano venha a ser melhor relativamente ao primeiro, apelando ao Presidente da República a não desistir da sua ideia de fazer da agricultura a principal actividade dos moçambicanos.

Num outro momento, aquele dirigente político indicou ter esboçado um documento com algumas propostas de governação a submeter ao Chefe do Estado sobre como resolver os problemas do país.

“Até porque esperávamos ser recebidos para darmos a nossa contribuição sobre os destinos do país. Entretanto, não conseguimos, mas estamos esperançosos que no decurso de 2016 sejamos recebidos, porque temos algo a dizer na esfera política nacional”,lamentou o líder do PARENA para quem os moçambicanos têm de apoiar a governação de Filipe Nyusi.

PRESIDENTE HUMILDE

O dirigente do PARENA classificou de corajoso e humilde o Chefe do Estado por ter afirmado em plena “Casa do Povo” que não estava satisfeito com o estado da Nação. “È dos poucos dirigentes que diz as coisas tal como são, desde a história do Parlamento ainda não tínhamos ouvido um Presidente afirmar que não está satisfeito porque as metas não foram atingidas”.

Para André Balate, este facto por si só revela o quanto o estadista moçambicano busca realismo e não se deixa levar pelos famosos relatórios dos dirigentes de base que tentam a todo custo fazer vista grossa à realidade.

“Ele surpreendeu-nos pela positiva e gostaríamos de lhe endereçar parabéns pela coragem que teve até porque ao reconhecer que as metas não foram atingidas está a demonstrar que em 2016 tem que se investir mais nos aspectos menos conseguidos para que o país possa caminhar nos devidos caris”,explicou. 

Ainda em relação ao primeiro informe sobre o estado da Nação, Balate diz ter recebido com agrado a decisão do indulto aos mil cidadãos que se encontram nas cadeias a cumprir diversas penas.

Entretanto, aquele líder político apela à sociedade para que receba os amnistiados de melhores maneiras e colabore para a sua reinserção social de modo a que não voltem a pautar pela criminalidade.

SOMOS MAIS VISÍVEIS NO ANO ELEITORAL

O presidente do PARENA reconheceu algum deficit no exercício da actividade política por parte do seu partido e sobretudo dos chamados extra parlamentares que na sua óptica são mais visíveis nos períodos eleitorais.

Entretanto, nega que não estejam a fazer nada apontando que os com assento parlamentar parecem estar a trabalhar, porque existem as sessões parlamentares. “Se eles não tivessem o privilégio de estar na “Casa do Povo” seriam como nós porque alguns dos eleitos não são conhecidos nos círculos eleitorais”.

Ainda sobre este aspecto, o líder do PARENA diz que o maior pecado dos extra parlamentares é a ganância pelo poder e alguns dividendos nos períodos eleitorais, “pois, se nos uníssemos em coligações podíamos obter alguns assentos, até porque já foi quebrada a barreira dos cinco porcento”.

Relativamente ao seu historial diz que a sua formação política existe desde o ano de 1999 e que foi formalizada no ano de 2004, tendo participado em todas as eleições até aqui realizadas e que a melhor posição sempre foi o terceiro lugar, barreira quebrada com o surgimento do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).

De notar que a conversa com este dirigente político aconteceu numa das casas de pastos da cidade de Maputo em virtude de a sede do partido encontrar-se fechada por aquilo que Balate designou de “motivos alheios á nossa vontade.”

 

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