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SOBRE LUTA CONTRA TERRORISMO

Por admin

O terrorismo constitui uma das expressões mais abomináveis a que conduzem os fanatismos e extremismos. Muitos dos livros santos condenam esta forma de barbárie. Cristo mandou oferecer a

 outra face. O Corão considera que matar um inocente significa matar a humanidade.

Lutar contra o terrorismo implica analisar e compreender as suas causas. Não se combate nem se erradica aquilo que não se conhece. Mais do que combater e eliminar os autores importa prevenir que eles surjam e se alimentem do que fazemos. Países vizinhos e próximos de nós como a Tanzânia, o Quénia, a Somália de há muito se tornaram palco e vítimas do fanatismo terrorista. Nós não estamos imunes e pela Divina Providência vacinados contra essa praga.

O terrorismo e o fanatismo não começaram com os ataques às torres em Nova Iorque. Os Estados Unidos treinaram Bin Laden, criaram o Al Qaeda para combaterem o Afeganistão, aliado da URSS e com ideais progressistas. As Cruzadas, a Santa Inquisição promoveram fanatismos, chacinas de todo o tipo. Os judeus viram-se ostracizados na Europa cristã porque acusados de matarem Cristo, quando o romano Pôncio Pilatos condenou Jesus e os soldados romanos crucificaram o Rabino. Convinha à consciência e interesses do Clero e nobreza da Europa e Roma transformar os judeus no bode expiatório. Miguel Ângelo, Galileu, Leonardo da Vinci e muitos outros cientistas e artistas viram-se perseguidos pela Inquisição que nada possuía de santidade e muito se mostrava demoníaca.

Os jogos de interesses diabolizam pessoas, regiões, raças, religiões, assim como santificam o que lhes interessa nos exercícios de edificar e consolidar poderes despóticos. Por isso o Islão torna-se hoje e de novo um alvo a abater para o Primeiro-Mundo e, os islamitas mais fanáticos consideram que se confrontam com os novos cruzados.

Moçambique afirma-se como país de coexistência e integração de raças, etnias, línguas, confissões religiosas e das opções filosóficas mais diferentes. Raras as famílias moçambicanas em que não existem estas heterogeneidades. Todos celebramos e confraternizamos nas festas de cada um. Emigrantes recentes vindos sobretudo do Paquistão, Somália, Grandes Lagos, Estados Unidos e Brasil vem cá arribando para nos ensinarem, a troco de dinheiros, os caminhos para a santidade e a pureza dos fanatismos. Introduzem-nos burcas, igrejas em contentores, mesquitas que pouco ou nenhuma santidade nos trazem e muito de cobiça, vingança e vocações demoníacas nos oferecem.

Mas, por cá andam também gananciosos que promovem o crime. Com o narcisismo e ganância do chefão aprendida do travesti de democracia de Smith e do apartheid, bandidos semearam e querem voltar a semear o terrorismo na nossa terra.

Um cidadão americano, Snowden, trabalhando para um programa de espionagem americano, PRISMA, denunciou agências de segurança dos EUA que espionavam e gravavam todas as comunicações dentro e fora do país. Releio o 1984 de Georges Orwell que combateu contra o fascismo em Espanha. No mundo tranquilizado e anestesiado de 1984 o Estado, ao serviço das elites, espiolha o quotidiano de cada um com a falsa justificação lógica de prevenir o crime e, deitando para o lixo o direito à privacidade das pessoas.

Nas ruas de muitos países do Primeiro Mundo, entrando numa loja, num restaurante, hotel, cinema, teatro, discoteca, todos estão sujeitos às filmagens de câmaras mais ou menos secretas. Tudo se grava e espiona, as nossas conversas, os telefonemas via celular ou fixo, a internet. Tudo se faz para prevenir o crime. Em nome da luta contra o terrorismo os senhores do mundo retiram-nos toda a privacidade, como no 1984 de Orwell. Mas na América morre mais gente vítima das armas legais e ilegais que lá pululam, do que as assassinadas por terroristas.

Há métodos tão abomináveis que negam a bondade do objectivo. A tortura, Guantánamo, os assassinatos de inocentes ou de prisioneiros capturados, PRISMA mostram-se inadmissíveis para quem deseja combater o mal. Eles eliminam a fronteira entre o justo e injusto, entre o terrorista e quem o combate. Também nos tornamos terroristas quando transformamos inocentes em vítimas colaterais e negamos os mais elementares direitos das pessoas, que todos consignam nas suas Constituições.

Jorge Rebelo escreveu que não bastava a pureza da nossa luta. A razão duma causa desaparece com métodos injustos e infames.

Entendo que na nossa sociedade, no Estado em primeiro lugar, nos partidos, nas organizações sociais, no seio da sociedade civil, das confissões religiosas devemos debater e agir para que com métodos justos se previnam e se erradiquem os germes de fanatismos e partir daí, do terrorismo.

A liberdade de opção religiosa e filosófica não se coaduna com anátemas, nem com a avidez desde ou daquele senhor dirigente de um pretenso partido, religião fazedora de milagres, a troco de dinheiros.

O controlo inicia-se nas nossas fronteiras. Basta de cooperantes religiosos! Reservemos os vistos de emigração e trabalho para os que contribuem para o nosso progresso económico, social e cultural. Não me parece que estejamos carentes de nacionais que nos ensinam os caminhos de Deus. Não precisamos de aprender de clérigos estrangeiros as rotas das intolerâncias, fanatismos e da cupidez. Basta-nos a estupidez nacional.

Abraço a nossa tradição de amor à diferença e tolerância,     

Sérgio Vieira

P.S. Um homem que está no fim da vida merece tanto mais respeito quanto a sua vida constitui um ensinamento para as novas gerações e fica referenciada na História mais nobre do seu país, do seu continente e do mundo.

Enoja que a longa agonia de Mandela sirva de pasto para a comunicação social vender imagens, notícias, especulações. Repugna que familiares próximos façam da sua morte provável um negócio e disputem os sapatos do defunto, enquanto vivo.A actual e a anterior esposa de Madiba comportam-se com dignidade e honestidade. Honra lhes seja feita.

Um abraço a quem honra os grandes homens,

SV

R.P.S. Leio que Monsenhor Mabuianga, um clérigo patriota e liberal, faleceu.

Com ele prezei muitos momentos.

Um abraço à sua História,

SV

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