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SEGREDOS DAS ÁRVORES DA MINHA VILA E O TPC DO MEU AMIGO PEDRITO

Por Idnórcio Muchanga

“Eu estava deitado na cama e, de repente, tive uma visão. Nela vi uma árvore muito alta plantada no centro da terra, (…) animais selvagens descansavam na sombra da árvore” Daniel 4:10-18

No meu mundo, existem pessoas e lugares aos quais eu amo verdadeiramente com toda as minhas entranhas e pelas quais eu daria tudo para não as perder. É, além da minha família biológica (mãe, mulher, filhos, genros, noras e netos), a terra que me viu nascer. Adoro particularmente a vila que desde tenra idade acompanhou o meu crescimento e as minhas diabruras. Ela (vila) sempre se caracterizou por albergar três etnias (VaCopi, “a maioria”, VaTonga e Vatswa), vivendo na maior tranquilidade e sossego, qualidades próprias de povoados pequenos onde toda a gente se conhece até pelas peugadas. Mas, como era de esperar, chegou o desenvolvimento, que é o sinónimo de avanço, prosperidade, evolução, progresso, transformação de uma situação para outra, (sendo esta última sempre a mais aprimorada que a anterior). Por isso, a minha vila mudou radicalmente de rotina. Agora habita nela gente oriunda de vários quadrantes do planeta, vivendo naturalmente com relativa normalidade. Relativa porque, obviamente, não podia ser de outra forma, dado que, com a aglomeração de várias culturas, começaram a aparecer práticas atípicas, até aqui para a minha vila, casos de violações de túmulos, violações de menores, assaltos à mão armada, e… enfim tudo o que caracteriza as grandes urbes. No entanto, no meio de todo este reboliço, há cinco seres vivos que a tudo assistem noite e dia há mais de um século, mudos e sem nada poderem fazer. Um dia, convidei Pedrito (um amigo meu de longa data que nunca gostou deste diminutivo, mas que eu adoro chamá-lo carinhosamente assim), para visitar a minha vila. Pedro C.C., de seu nome completo, Doutorado em Engenharia Agro-Florestal e Professor Associado da Universidade de Wake Forest, na Carolina do Norte (EUA), ficou intimamente deslumbrado e encantado perante a majestade daquelas cinco criaturas aparentemente sempre mudas. Pedrito, depois de contemplar as cinco criaturas, deixou-me um TPC: estudar a vida delas e escrever uma monografia sobre as mesmas. Tarefa ingrata, por gigantesca para mim. Na verdade, trata-se de cinco árvores no meio das quais a vila nasceu, a partir de um grande matagal que havia desde o início do mundo e que actualmente ela (vila) está morrendo de promiscuidade ante o olhar imponente delas (árvores), pois, no fundo, conforme o meu amigo, sentem dor e consternação da podridão da vila. A todas estas transformações, as cinco centenárias árvores assistiram e testemunharam, impávidas, mas não serenas. Afirmo a pés juntos que são centenárias, porque a viúva do meu falecido pai, hoje com 99 anos, diz ter vindo lá do litoral (Praia de Zâvora) juntamente com a sua prole (incluído eu), e encontraramos as cinco árvores ostentando a mesma altura e tamanho que até hoje exibem. Leia mais…

 
Texto de Kandiyane Wa Matuva Kandiya
nyangatane@gmail.com

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