Parece desumano, mas tudo nos leva a, sem rodeios, concluir que os moçambicanos em Kapise, no Malawi, por mais que doía dize-lo, foram parar naquelas condições, por vontade própria, segundo o esforço que tentamos fazer em compreender este fenómeno, desde que eclodiu.
Vamos por parte, e a primeira é que voluntariamente as populações de algumas povoações de Nkondedzi ao receberem clandestinamente homens armados, provenientes da região de conflito de Muxungue e Maringue e com eles conviver, sem denunciar o facto de serem portadores de armas, estiveram voluntariamente a faltar ao seu dever patriótico de contribuir para a paz que tanto ansiamos durante todos estes anos.
Conviver com a Renamo, como fazemo-lo em cada canto deste paz, em cada autocarro, em cada escola, em cada mercado formal ou informal, mesmo na casa mais respeitada de Moçambique, a Assembleia da República. Mas esconder armas em casas disfarçadas em bases militares flexiveis, é crime. O crime aumenta quando a partir dessas casas saem os ataques contra as forcas de defesa e segurança do nosso país, as legitimas portadoras de armas para a defesa de todos nós!
Este primeiro acto voluntário resultou na fuga das suas regiões que, enganados de todos os estilos, aceitaram que estava prestes a vir uma governação que, se falhasse recorrer-se-ia às mesmas armas para fazer pressão politica com o intuito de governar a que preço fosse.
A fuga dos homens armados da Renamo, inicialmente vindos de Maringue e Muxungue, mais as pessoas que voluntariamente lhes deram guarita, na reacção das FDS, não foi em debandada, não! A fuga em debandada nunca tem um sentido, nesse caso o Malawi, para ir fixar-se naquele centro e condições miseráveis que esta semana fui ver debaixo do meu queijo e dos meus olhos.
Tratou-se duma fuga com destino previamente escolhido. A ser para garantir a segurança, antes de saltar a fronteira, havia(ha) regiões seguras que bastem. Foi preciso fugir à protecção das forcas de defesa e segurança, dos outros concidadãos, influindo familiares, vivendo em outras regiões da localidade de Nkondedzi, do posto administrativo de Zóbuè, do distrito de Moatize e de Moçambique, em geral. Alias, antes de saltar a fronteira, há um cordão de aldeias habitadas, entre as quais, Booque e Wiliamo.
É voluntário quando encontramos em Kapise, Rogério Bernardo Conselho Xavier, que tem forças e capacidade suficiente de fazer casa para sua mãe, a viver no bairro de Matundo, na cidade de Tete e tem uma filha enfermeira no distrito de Chiúta. Fugiu de que?
É voluntário quando encontramos em Kapise quem diz que acaba de sair de Nkondedzi por alegados motivos de segurança, quando nós acabávamos de comprar frutas e cana-doce nas estradas da mesma localidade, sem que fossemos escoltados por alguma força de segurança nem que a viatura na qual viajávamos tivesse algum distintivo que nos assegurasse aparente imunidade.
A existir moçambicanos em Kapise, são voluntários desde o principio da cadeia de ilegalidade ao posicionamento final, que foi a escolha do lugar para onde fugir, deixando para trás propositadamente, os lugares de origem, incluindo Maringue e Muxungue.
É um gesto que nos é familiar da Renamo, se bem que, mesmo o seu líder, sempre que lhe apetece, voluntariamente “exila-se” em Santugira, sem que ninguém lhe faca mal, alérgico que é aos ambientes socialmente civilizados. Mas fê-lo no seu próprio país.
Por esta via, há que clarificar ao governo do Malawi que está a acolher moçambicanos que deixaram armas nas colinas de Wiliamo, na linha de fronteira, portanto, inimigos do governo que devia ser irmão de Moçambique.
Há que aclarar às organizações internacionais que o que está em causa, é a soberania de Moçambique e não há direitos humanos que se defendam a favor de quem porta ilegalmente armas, apesar de o Estado moçambicano ser o único no mundo onde se aceita que partidos políticos sejam armados. No dia em que a Frelimo e o MDM seguirem o exemplo, estaremos triplamente tramados. Disse por dizer!
Pedro Nacuo
nacuo49nacuo@gmail.com