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OS PROGRAMAS TELEVISIVOS E A DESCRIMINAÇÃO DA TERCEIRA IDADE

Por admin

Não me rejeites no tempo da velhice; não me desampares, quando se for acabando a minha força” Salmos 71:9

Muitas pessoas por orgulho, vaidade ou medo, não se dão tempo de pensar e preparar-se para enfrentar a sua própria velhice. Esquecem que em princípio, aVelhice é o destino de todas as pessoas. Na verdade, a certeza da finitude de todos nós sempre foi tema de filósofos, religiosos, pensadores, homens e mulheres de todos os tempos. Por exemplo oPoeta Português Fernando Pessoa disse uma vez que: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares”. Mas muitas pessoas não querem se imaginar “velhas”, preferindo julgar-se fortes e perenes, porque a chamada “Terceira Idade” sugere novos padrões de comportamento, tais como Aposentação, (Reforma). A Aposentação, tem sido muitas vezes compulsiva, pois alguns acham que desligar-se das actividades às quais estiveram por muito tempo ligados é sinal de uma aceleração da velhice. Outras acham-se simplesmente insubstituíveis! Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a chamada “Terceira Idade”, é a fase da vida que começa aos 60 anos nos países em desenvolvimento e aos 65 anos nos países desenvolvidos. Mas, tendo em conta que no nosso Pais existem poucos Gerontólogos e Geriatras, a parte das Ciências Médicas que cuida do bem-estar físico e mental das pessoas idosas,(pessoalmente conheci apenas dois Gerontólogos), assim, nós outros estamos entregues à nossa sorte. Do levantamento que fiz, constatei que, muitas pessoas idosas quando demandam certas instituições não são lá “bem ´vindadas`”! Quando se apresenta por exemplo uma pessoa idosa num Centro de Saúde, é recebida com muito desdém. A minha tia falecida recentemente aos 78 anos, confessou-me amargurada que a pessoa que a atendeu no Centro onde ele perderia a vida perguntou-lhe: “Vovó, kasi waha lava yini? loku hi luza murhi hikunyika wene ungahanya malembe ya ku tala, a Vatukulu vawene hitava nyika yini?” (Avó, afinal o que queres ainda? Queres que desperdicemos os poucos remédios por ti que já viveste muitos anos, o que daremos aos teus netos?). Não se trata de nenhuma anedota inventada, pois eu depois comprovei no terreno. Não admira pois que, no meio de tanta prosperidade e abundância de programações televisivas, nenhum deles contempla pessoas da “Terceira Idade”. Em todas as Televisões, (todas sem excepção incluída a Televisão Pública), dominadas por jovens obviamente tendo em conta que as estatísticas apontam que eles (jovens) são mais de metade da população do Pais, nem se quer se recordam que nasceram de pessoas que já não partem nozes com os dentes. As grandes realizações do espírito humano estão decadentes. A família não tem valores, a tradição já não existe, ou está esquecida, a religião banalizou-se ao ponto de tornar-se numa pura “DEMOPSICOLOGIA”! Nas Televisões (repito, todas sem excepção), floresce a dança apenas conseguida por jovens que privilegia a semi-nudez e a exibição do traseiro e partes íntimas: (tipo Masingitane, Quadradinho, VukuVuku & Companhia). Trata-se de uma decadência vertiginosa dos nossos valores morais! Estamos naquilo que podemos chamar «idade das trevas» ou o fim da nossa identidade. Até hoje a Marrabenta é dançada por todas as idades. Mas, será que o “Panza” será dominado por estes jovens/velhos “amanhã”? A minha avó costumava desabafar: “Idi kale kwangu ni di Mbeluvelu!” (Nos meus tempos eu voava como uma andorinha!). Por favor, que o Ministério da Juventude e Desporto conte connosco nos seus programas, ainda temos algum valor a passar. Mais não digo.

Kandiyane Wa Matuva Kandiya

 

nyangatane@gmail.com

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