Ser professor é tão envolvente, tão social e tão colectivo e colectivizado que o sujeito professor não se apercebe do que vai fazendo todos os dias; das mentes que vai transformando, porque responsável por abrir as cabeças ainda fechadas de seres ainda imberbes, dos quais não se sabe o que lhes espera e o que a sociedade pacientemente vão aguardando durante o período de formação dos aprendizes da vida.
Ser professor é viver a vida na profundidade, é ser muitas vezes pai, porque se os pais assistem todos os dias os filhos até crescerem, conhecendo-lhes os seus defeitos e virtudes à nascença, tentando corrigir o que é corrigível, o professor, que normalmente também é pai dos seus filhos, junta-os com as dos outros pais, em todos os momentos em que não estão em casa, na brincadeira. A principal tarefa duma criança é a escola e lá está com o professor.
Tem razão o professor em, nalguns casos, ser ele quem melhor conhece os filhos dos outros, por isso, o mais paciente de todos os pais, já que todos os problemas aglutinam-se na escola onde ele é o principal responsável, mestre, munido de ferramentas que lhe permitem com competência moldar as tendências iniciais dos quadros, hoje crianças, num mundo civilizado.
Na página 44 do “Buracos Macuas” está escrito, no terceiro parágrafo que “ nesta fase o Pedro vai à enfermaria onde se encontrava o seu pai e retira da pasta a Certidão de Habilitações Literárias e o Diploma (da quarta classe), assinados pelo director provincial, Krispin Matches…”
O autor do livro ao nomear de propósito a pessoa que assinou a certidão e o diploma, quis imortalizar o nome de quem era director provincial nos anos 1978/79, o professor-chefe naquele período, com aquela ingénua e quase inocente homenagem. Todavia, nunca tinha visto o professor Krispin Matches, embora soubesse que existia e mandava na Educação. Quem era o autor na altura? Simplesmente um menino, do conjunto dos que deviam ser moldados…
Em 2016, o autor do livro encontrou-se com o professor, nos corredores do Comité Central da Frelimo, apresentados por Muthotho (rapaz) nome de guerra do General Eduardo Nihia e conheceram-se. O professor parecia mais jovem que o aluno-autor do livro. Conversaram sobre isso e principalmente como o aluno foi lutando pela vida até escrever livros, incluindo aquele em que colocou, de propósito, o nome do professor que nem sequer conhecia.
Já em 26 de Maio passado, ficamos a saber que, como é com todos os professores, aquele o era de muitos alunos, incluindo o actual presidente da República, que por isso, apresentou-o publicamente como seu professor (melhor ou igual a fazê-lo numa página de livro). Aconteceu quando o estadista visitou Mucumbura, distrito de Mágoè, em Tete.
Afinal o professor era natural de Tete, mais precisamente de Mucumbura, mas esteve a trabalhar em Nampula, depois em Cabo Delgado, antes de o nome começar a ser esquecido. Muito antes era professor nas zonas da FRELIMO, na Tanzânia onde ensinou a muitos moçambicanos durante o processo de libertação da pátria, continuadores da Revolução (quer dizer, da emancipação politica), entre os quais, o presidente da República. Há muita gente importante anónima por este Moçambique fora….
Pedro Nacuo
nacuo49nacuo@gmail.com