“Ai dos que são heróis para beber vinho e valentes para misturar bebida forte, os quais por suborno justificam o perverso e ao justo negam justiça!” Is 5:22-23
Eis-me aqui novamente para comentar, (condenar obviamente e em termos enérgicos como sempre), a venda e o consumo arbitrário do álcool e aclamar naturalmente a medida do Governo de aprovar Normas que regulem a venda desse pernicioso liquido voláctil que tem vindo duma forma galopante a envenenar e alienar muitos jovens, futuros cientistas, políticos, dirigentes e simples trabalhadores braçais construtores e futuros donos desta Pérola do Índico. Não é que eu ignore que, concomitantemente ao Tabagismo e a Prostituição outros dos males sociais milenares, o Alcoolismo também anda com auxílio de uma bengala, faz milhares de anos, pois acredito que um dos factores responsáveis pela manutenção desses hábitos, e neste caso particular o hábito de consumir excessivamente álcool, provem do facto de que inúmera mitologia de vários Povos do mundo tem nele (álcool), como uma substância divina, pois na verdade, registos arqueológicos revelam que os primeiros indícios sobre o consumo do álcool pelo ser humano datam de aproximadamente 6000 anos a.C., sendo portanto um costume extremamente antigo e que vem persistindo por milhares de anos. Já no tempo do velho Patriarca Noé, o tal que conseguiu “ensardinhar” todo o tipo de animal existente debaixo do Sol desde o piolho ao elefante, passando por girafa e rinoceronte, tudo aos pares meteu-os numa “casca de noz”, que flutuou durante quarenta dias e quarenta noites, quando de lá saiu, embebedou-se e, para esquecer a miséria:
“E, começou Noé a ser Lavrador da terra, e plantou uma vinha.
E bebeu do vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda” (Gn 9:2021). Não obstante esta persistência por muitos séculos “outorga” ao álcool algum mérito. Antes pelo contrário. Pessoalmente, abomino o álcool de alma e coração, aliás, todos os que têm acompanhado a minha trajectória nesta coluna, conhecem claramente qual é a minha posição relativamente ao consumo do álcool e do tabaco. Num passado muito vizinho que ainda consigo ver daqui, durante duas ou três semanas, ocupei este espaço, expondo e condenando em termos muito vigorosos a venda aleatória e consumo excessivo de bebidas alcoólicas ali no chamado “Calçadão” na Avenida da Marginal, por jovens de ambos os sexos devido a facilidade com que o podem adquirir, ao ponto de, nos últimos tempos realizarem-se promoções (liquidações) ao preço de banana, exemplos de “Verões Amarelos” e “Três Cem e Compa.Lda.”, de modo a que não escape ninguém por falta de dinheiro. Fica-se com a impressão de que alguém ou alguma instituição colhe louros como sói dizer-se, pelo desgaste físico e mental dos nossos adolescentes, cujo futuro, a caminharmos como vamos aqui, será incerto, comprometendo por isso o próprio futuro do Pais. Só que, apesar da aparente alegria que proporciona o álcool, como muitos defensores assim justificam (nzi phuza kasi ku rivala wu siwana – ou seja quando bebo, esqueço-me da pobreza. Li vários artigos escritos por psicólogos, ligados à saúde mental, afiançando-nos que, cadavez émaior o número de crianças e adolescentes que vêm apresentando problemas com o álcool, com consequências particularmente desastrosas. Dizem eles que oálcool causa tanto a dependência psicológicaquanto a física. Normalmente, o alcoolismo interfere na capacidade de socialização e laborativa. A embriaguez tende a desagregar famíliase as relações sociais e, invariavelmente o álcool tem sido o motivo de muitos divórcios, bem assim como da perda de confiança nos empregos resultado degrande número de dias de ausência no trabalho. Os alcoólatras (bêbados)nem sempre conseguem controlar o seu comportamento. Grande número de acidentes de viação são causados por indivíduos que conduzem sob efeito da bebedeira, ainda que alguns se vangloriem afirmando que quanto mais bêbados mais seguros estão ao volante,sofrem lesões físicas em decorrência de capotamentos, choques, brigas e muitosoutros tipos de acidentes automobilísticos. Alguns tornam-se violentos.Infelizmente, a embriaguez éhábito que se observa difundido em todas as camadas sociais. Mudam-se os tipos de bebidas: das mais populares, ao alcance do trabalhador braçal,(cá no Maputo Thonthontho, Xikalabisa, Ximatana, Wuputsu/Malkuwadu, Xilalasana, Vinhos Bombaril e Cerveja Lda., e já agora Tentação e Boyisi),às mais sofisticadaspara os homens de “status”,(Whisky com todas as suas marcas, Gin, Brand, Aguardentes diversos, Licores, Champanhes e Compa. Lda.). No entanto, o costume é o mesmo, os prejuízos, iguais. Em geral, a tendência para beber vem de uma perturbação da afectividade que pode ser originada na infância. Os problemas infantis gerados nos desequilíbrios familiares, pela falta de carinho dos pais ou por outros conflitos — são comumente as raízes desse estado íntimo propício ao alcoolismo.Todos os Países à nossa volta, aplicam medidas vigorosas contra os “heróis do álcool”, declarando guerra implacável e sem tréguas contra a liberalização da venda e consumo do mesmo e só nós é que permanecíamos com seis mil anos de atraso! O prazer de algumas horas de uma bebedeira, no dia seguinte dá lugar à ressaca, e muitas vezes a coisas bem piores, como a morte em acidentes de trânsito, ou tragédias devido ao álcool.Oxalá a medida aprovada não se torne em letra morta. Estamos juntos!