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(In)fidelidade, promiscuidade e dança das carapuças

Por Idnórcio Muchanga

Fidelidade é característica de quem é leal. Entre casais assume-se como um dos mandamentosa ser cumprido ao pé da letra, a bem da relação. Com efeito, juras são feitas pelos cônjuges, prometendo ser fiel e amar até ao fim dos seus dias.

No entanto, a sociedade moralizada ressente-se do incumprimento deste desígnio; nota-se que ser fiel se transformou num exercício desafiador, apesar de ser visto como infalível para o sucesso das relações. Com efeito, a fidelidade vem perdendo espaço para a promiscuidade, transformando o campo do amor numa treva desgarrada de princípios.

O mais intrigante no meio desta algazarra são as acusações dirigidas à figura da mulher, vista como a culpada pelo descaminho social. Ela é envolvida na maledicência e escancarada até ao limite do seu âmago, apontada como interesseira, cabendo-lhe adjectivos como marhandza, equivalente a parasita que vive à custa do homem.

Nessa abominável acusação, os homens apresentam-se como “vítimas”, formam blocos e intensificam a cada dia os bombardeios que empobrecem o prestígio da figura feminina, facto que faz emergir em mim a vontade de reflectir em torno da duvidosa inocência da ala masculina.

De qualquer modo, cabe-me reconhecer que a nossa sociedade não goza de boa saúde. Algumas mulheres trilham, sim, o caminho da vulgaridade, porém esse terreno horrendo vem ganhando espaço por culpa do investimento que se faz na “indústria” da perdição, através de valores pecuniários ou propostas indecorosas.

Com efeito, se por um lado se pincela de negro a imagem da mulher, entendo ser pertinente, de igual modo, apontar para as transformações operadas no carácter do homem, que toma a dianteira nesta praga que infesta a nossa sociedade e se movimenta à semelhança de um canino no cio.

Consequentemente, declarações de amor desprovidas de validade constituem um trunfo do qual se valem, sem negligenciar os investimentos materiais sem medida. Tudo é feito numa tentativa acirrada de somar maior número de vítimas do sexo feminino, que fatalmente se dispõem nessa selva sem moral.

São várias manifestações de amor, algumas das quais em forma de canção. “Murhandziwa” (mulher amada), cantada por um célebre músico cá da nossa terra, é um exemplo. Na sua agradável lábia, afirma que “não preciso de outra mulher” e afirma-se bem-aventurado em matéria de amor, ao deixar claro que “mina ni bom” (eu estou feliz), pois “loku lixa vani thlava hi kiss” (ao amanhecer surpreendem-me com um beijo)/… e “ a usikwini vani khoma so” (de noite pegam-me de jeito), o que se traduz em satisfação total.

Por Carol Banze

carol.banze@snoticias.co.mz

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