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Dinheiro não é tudo… mas ajuda bastante!

Por admin

Sou muito crítico relativamente à participação das pessoas no dirigismo desportivo, tendo como meta única ganhar dinheiro. 

Um pouco saudosista – confesso – guardo recordações do tempo em que se jogava por amor à camisola e em que no final dos jogos, se recebia uma palmadinha nas costas enquanto se comia um sanduíche e um refresco oferecidos pelo clube.

Hoje tudo mudou. Se se pode chamar de evolução ou não, isso é matéria para uma outra discussão. Mas as realidades são outras. Antes o desporto era uma forma de se conseguir emprego, hoje virou, ele próprio, um emprego. Entra-se para os campos para se fazer, não um bom jogo, mas um bom trabalho.

 

UM PASSO ATRÁS

EM RELAÇÃO AO MUNDO

O nosso desporto – os números assim o demonstram – está a “bater no fundo”. As razões, quais pequeninos grãos que se foram acumulando, “pariram uma montanha” difícil de remover. As principais razões são sistematicamente batidas e rebatidas nos vários encontros, mas a tendência é de agravamento.

No cerne da questão, eu colocaria dois factores principais: falta de paixão e de… dinheiro.

No fundo, ausência de acompanhamento das realidades em outras latitudes em que este fenómeno, encarado como prioritário, confere saúde aos praticantes e aumenta a auto-estima a toda a sociedade. Que o digam os que viveram a conquista da medalha de prata pelas nossas meninas, no último Afrobásquete.

 

O PODER DO DINHEIRO

Uma vez que os sócios não pagam quotas e a imagem geral de um desporto desgastado e não ganhador não vende, os campos são vendidos e as competições empurradas para longe dos centros urbanos. Os clubes negoceiam os seus espaços, tal como os cidadãos o fazem com as suas moradias.

Eles buscam, desesperadamente, formas de responder às exigências financeiras da alta competição e os únicos valores “convertíveis” são as instalações. Ou se aluga, ou se vende. Neste quadro, o desporto de competição, que em muitos locais do mundo é um negócio rentável, por cá é uma actividade que tem que ser – e de que maneira – subsidiada.

Diz-se que o dinheiro por si só, não traz felicidade. Isso é verdade. Mas ajuda bastante, se lhe adicionarmos boas doses de paixão e sobretudo rigor na forma como se gasta.

 

NEM CARNE
E NEM PEIXE

Salta também à vista que para lá da falta das componentes atrás citadas, existe muita indefinição. É a verdade. Do topo à base e vice-versa, ninguém é capaz, com clareza, de esclarecer se o nosso desporto é amador ou profissional. Isso tendo em conta que qualquer destas definições têm por detrás, não apenas pressupostos, mas regras claras. Assim sendo, acabamos por concluir que não somos nem uma coisa e nem a outra.

E é desta forma que vamos dançando conforme as “músicas” que nos vão tocando de fora. Antes das deslocações das delegações às competições internacionais, vende-se “peixe miúdo” como se fosse de primeira. A seguir vêm as lamentações, com poucas recriminações, em que o balanço acaba sempre positivo, face ao nível em que nós, mentalmente, havíamos colocado a fasquia.

Afinal, o que é que nos falta? Desde logo coragem, para avançar com definições, que coloquem menos gente formada para o terreno, por detrás das secretárias. E “valentia” para pôr em prática o “slogan” sempre repetido de que os melhores e mais bem remunerados quadros se devem virar para a formação.

Metas claras, criação de condições reais para as modalidades apontadas como prioritárias e afastamento dos autênticos “para-quedistas” que por aí pululam, é outra necessidade.

Dizia o saudoso Presidente Samora Machel que onde entra o desporto, sai a doença. Entre campeonatos oficiais, provas de formação e recreação, o decréscimo no número de praticantes tem sido assustador.

Creio, muito sinceramente, que ele estará na proporção do aumento de pessoas com enfermidades relacionadas com a falta de movimentos a que se assiste a cada dia nas nossas unidades sanitárias.

Do “casamento” entre os Ministérios da Saúde, Educação e Desportos, com planos e experiências baseadas em números, sairão projectos de que os nossos filhos se beneficiarão. Isso excluindo os efeitos na auto-estima e predisposição para o trabalho em todos nós.  

 

 

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