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Continuamos a viver na ignorância

Por admin

Foi assinalado, semana que passou, o Dia Internacional de Combate contra o Consumo Excessivo de Tabaco e Drogas. Como sempre, desde há muito, nestes casos, nestes assinalar de datas, 

 

Moçambique associou-se. Talvez muito por força das Convenções das Nações Unidas que assinou. Pouco importa, aqui, a dimensão e o alcance das comemorações, entre nós. Muito provavelmente terá sido pouca. Poderá ter sido apenas o cumprir de uma obrigação. E, sequer terá justificado espaço noticioso. De resto, parece haver aqui algumas pequenas contradições que importa reter. Uma delas é que, como todos sabemos, Moçambique é um corredor de passagem de drogas. De diferentes origens e com diferentes destinos. Drogas essas que alimentam sofisticados e lucrativos negócios. Que alimentam outros e muitos negócios. Infelizmente, e ao que parece mais uma vez, neste caso concreto, ninguém apareceu, ninguém teve coragem de vir a público condenar o traficante. Ao que parece, na lógica dos mentores e dos executores destes programas, basta condenar o consumidor. Que passa a ser vítima dupla. Vítima do traficante e do sistema que protege aquele e o condena a si. Como se diz em linguagem popular, o consumidor é preso por ter cão e por não ter. Ninguém o protege, ninguém o defende. Todos o acusam. De facto, é fácil acusar os fracos e os frágeis. E deixar impunes os poderosos. No que se refere ao consumo de tabaco, a situação parece ainda mais caricata. Somos um país produtor de tabaco. Onde a produção de tabaco é legal. Onde a cultura do tabaco é uma cultura de rendimento para muitos milhares de camponeses. Onde existem fábricas de manipulação de tabaco. Toda uma actividade legal. E, que, portanto, paga impostos ao Estado. O mal, neste processo e na óptica de alguns esquerdistas, é que no final da cadeia está o consumidor. Ele que é vítima do vício de fumar acaba por ser também vítima do sistema. Como não parece fácil, nem bom, nem politicamente correcto, combater, menos ainda eliminar o camponês e as fábricas, o combate é orientado no sentido, na direcção do consumidor. Aqui, o combate é mais fácil. O inimigo é abstracto. Existe mas ninguém o vê ninguém sabe quem é. À partida é um combate destinado, fadado para a vitória. Uma vitória antecipada. Mas não definitiva. Nem eterna.

 

 

 

 

O que foi escrito em relação ao tabaco pode, em grande medida, ser igualado ao que se passa em relação ao consumo de bebidas alcoólicas. Por um lado diz-se, e é verdade, o consumo excessivo de álcool prejudica a saúde. E, é, por exemplo, causa de muitos dos acidentes de viação nas nossas estradas. Com as consequências que todos conhecemos. Daí, os esforços da Polícias em detectar condutores com excesso de álcool no sangue. Contudo, aqui temos mais uma contradição. É que enquanto uns aconselham a não beber, ou a beber com moderação, outros apelam ao consumo de álcool. Quer de cerveja quer de bebidas secas. De elevado teor alcoólico. Para confirmar que assim é, basta ver as páginas de muitos dos nossos jornais. E a publicidade fixa que nos incomoda em avenidas e estradas. Será que esta publicidade, umas vezes aberta outras vezes aberta não tem reflexos no excesso de consumo de álcool. Pode não ter. Mas, também pode ter. Que respondam os sábios. Os sages. Até lá, continuamos a viver na ignorância.

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