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A competência dos ex-dirigentes!

Por admin

Não consegui resistir à forma menos simpática que alguns dos ex-dirigentes do no nosso país, encontraram para mostrar serviço, no sentido de manifestar com actos a sua indignação por terem sido preteridos pela nova vaga de chefes à frente dos mais variados sectores de actividade a nível do governo ou de empresas subtuteladas pelo Estado.

Encontraram ou criaram um espaço televisivo aonde esgrimem os argumentos que sustentam a sua competência que não foi (?) compreendida por quem entendeu preteri-los, e, vai daí a darem lições de como se governa e gerem empresas dependentes do bolso de todos nós.

A princípio parecia um acaso, mas ao longo dos tempos fomo-nos apercebendo que o programa elege os ex-dirigentes para falarem dos sectores que durante alguns anos dirigiram e por erro (?) foram ignorados pelos decisores que se seguiram.

Isso é tal que para falar de como se organiza uma equipa governamental, recorre-se a um ex-primeiro ministro, para falar de como deve ser gerida a empresa de distribuição de energia eléctrica no país, nada melhor do que aquele que já esteve nessa empresa como seu dirigente máximo.

Para falar da administração pública, só um antigo ministro da Administração Estatal, um antigo ministro do Turismo, por mais que tenha ficado no sector o tempo todo, qual seu feudo, sem muito que se lhe diga, hoje aparece a dar aulas sobre Turismo, ademais colado à uma complexidade que dá pelo de cultura…

Não deixa margem para dúvidas que temos duas saídas possíveis: ou os antigos estão a ser usados contra os novos ou deliberadamente estes se esforçam a aparecer para ofuscar os novos, com todos os mínimos éticos que ficaram descobertos nessa toada comportamental.

O que dizem, nas palestras os antigos dirigentes, invariavelmente é que foram bons, dirigiram em tempos difíceis, etc.etc. dizem tudo que vai desembocar na ideia de que não terão sido compreendidos por quem lhes substituiu por outros, grosso modo, jovens.

O programa aceita que os seus oradores (os ex- dirigentes de sectores) falem de hoje com base no ontem e como ontem, o que na verdade, deixa

em  desvantagem quem está hoje à frente daqueles pelouros, depois que a história se encarregou, rapidamente a  mudar o rumo das coisas, fazendo com que o que ontem era útil nem o é obrigatoriamente hoje.

Mas o esforço acrescido de criticar por criticar, deixa nos espectadores do programa duas saídas possíveis: os bons são aqueles que já não estão nos lugares onde estiveram na qualidade de dirigentes e nós outros cismando com alguma profundidade dizemos: estiveram nos sectores e não fizeram nada ou fizeram pouco, hoje é que se acham melhores.

Afinal o que vem a ser aquilo? Alguém chamou a sequência desses programas e a sua aceitação pelos visados, uma espécie de golpe ao novo governo, a quem se deve dar lições publicamente de como se governa. Dizendo por dizer, nós aqui achamos que não é bem assim. Porém, que eticamente fica mal, não haja dúvidas.

Pedro Nacuo
nacuo49nacuo@gmail.com

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