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A auto-exclusão É Pior que a exclusão

Por admin

Preocupa-me como cidadão deste país, em nome de quem muitos dizem falar, governar, destruir, matar, estrangular, empobrecer, inviabilizar, quando alguns nacionais lutam com todos os meios de que dispõem para se autoexcluírem, não obstante a luta comum ser contra a exclusão!

Já lutamos contra a exclusão de várias maneiras: porque não governávamos o nosso país, porque fomos espezinhados com base na cor, sexo, porque nos postos de chefia não eram todos os moçambicanos, porque a região ditava o mérito de quem devia ser elegível, etc.

Lutamos contra a existência de etnias “eleitas” para dirigir, outras para defender a quem dirigia… por causa disso já nos desentendemos o suficiente, antes de nos dividirmos conforme a forma como vemos a política, através de partidos.

Vieram os partidos que, para evitar as razões de divisão encimadas, não deviam ser formados conforme aquelas diferenças, incluindo regionais, na tentativa de que no pensamento e na opinião não houvesse religião, região, etnia, sexo, visto que, na verdade, não é assim que se pensa, a não ser por imposição implícita ou explicita do próprio homem, através dos poucos que legislam.

Mas o que intriga aos cidadãos quais eu é o facto de na luta pela inclusão termos já um Parlamento, no qual a maior oposição deliberadamente se autoexclui quando se trata de momentos sérios da nossa vida colectiva, quando é chamada a defender os interesses de quem representa.

Sabemos que as visitas de estado do Presidente da República aos vários países com que mantemos relações de cooperação ou amizade, normalmente são acompanhadas por altos dignatários dos nossos órgãos de soberania, grosso modo, dos deputados de todas as bancadas.

Também sabemos que a Renamo declinou o convite tantas vezes quantas lhe foi endereçado. Quer dizer, até aqui a Renamo (tal como nós outros) não sabe o que se faz em tais visitas. Voluntariamente não quer saber, nem em nome de quem diz representar. A consequência directa é que, logo, demite-se da sua missão de fiscalizar, dado que não fiscalizará aquilo que não conhece nem se lembra de ter sido “urdido” numa viagem em que nem estava representada.

Pelo contrário, vemos o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) a dizer presente sempre que se solicite a sua contribuição, não só em viagens de Estado. O MDM parece entender melhor o que lhe espera na sua qualidade de partido político- um dia poder vir a governar.

A Renamo tem estado a negar as oportunidades pelas quais diz ter lutado, nada faz para aprender sequer o que se faz numa visita de Estado. Há-de aprender no dia em que estiver no poder, dirão outros. Nessa altura, então, aprenderá a lidar com a diplomacia, saberá do que se diz quando se fala de relações entre países, assim como irá saber como se preparam e se assinam acordos entre Estados. Coitado!

Demitiu-se das suas obrigações, ainda esta semana, ao negar participar na reunião que ditou que uma comissão parlamentar fosse averiguar o “caso” das valas comuns aparentemente criadas por um, até aqui, ingénuo correspondente, com domicílio em Chimoio, duma agência noticiosa ibérica que engoliu em bruto o que lhe foi despachado, reduzindo-se, desse modo, à insignificância que tem uma notícia deturpada, às meias, infantilizada, todavia, também ela criminosa.

Diz que nem vai ao terreno, onde se irá fazer a averiguação. Vai esperar, como nós outros, os resultados de quem lá for, a partir de amanhã.

Preocupa saber que os factos ocorrem numa região onde a Renamo está activa na sua ingloriosa tarefa de matar, destruir, estrangular, empobrecer e nada faz para contradizer a ideia de que seja obra sua a morte daqueles concidadãos. Os outros já vão trabalhar!

Assim, a Renamo desencontrar-se-á, continuamente (?) com o Estado e os seus pares na Casa-do-Povo, quiçá, até chegar a hora de não aceitar resultados eleitorais (em 2019), quando logo a seguir tomar posse e ambos votarem por unanimidade as mordomias sempre apetecíveis.

A fechar: Sinceramente não entendo um partido que lamenta o baleamento de um cidadão, algures num bairro de Maputo, por volta das 8.00 e se cala perante o assassínio de seis pessoas pelos seus homens armados, às 7h30 do mesmo dia.

Pedro Nacuo
nacuo49nacuo@gmail.com

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