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Zonas de risco serão reservas municipais

Por admin

.Mais de 400 casas serão demolidas na capital

O Conselho Municipal de Maputo assegura que avançará com o processo de demolição de casas que se encontram em zonas propensas a inundações, grande parte das quais pertencentes a pessoas reassentadas. Para travar reassentamentos repetidos, a edilidade transformará essas zonas em reservas municipais.

Mais de 400 casas que se encontram localizadas em zonas propensas a inundações no município de Maputo, serão demolidas e as respectivas áreas serão transformadas em reservas municipais.

O Conselho Municipal de Maputo, através de anúncio público, identificou áreas e  nomes dos respectivos ocupantes, de modo a evitar que as mesmas venham a ser reocupadas.

Em causa estão velhas construções que foram reocupadas e novas habitações que ficaram atingidas em consequência de alastramento das zonas propensas a inundações nos bairros da capital.

Os bairros de Magoanine-B e Hulene-B lideram a vasta lista de casas a serem demolidas, estando outras localizadas em zonas de Inhagoia-A, Magoanine-A, Magoanine-C, Mahotas, Laulane e Hulene-A.

Soubemos junto das estruturas dos bairros que grande parte dos ocupantes das casas atingidas é de famílias que, nos anos anteriores, receberam terrenos em zonas seguras , mas que retornaram aos locais de risco, sendo que outras ocuparam as casas em regime de arrendamento.

CASAS SUBMERSAS

A chuva intensa registada em finais de Dezembro passado deixou evidentes os problemas de inundações que sempre caracterizaram diversas áreas da cidade de Maputo quando há precipitações acima do normal.

Até ao momento encontram-se casas mergulhadas na água e, em muitas delas, as famílias que as ocupavam esperam que os níveis reduzam para poderem retirar seus bens do interior das habitações.

O Conselho Municipal de Maputo apelou aos respectivos ocupantes para que procedam à retirada das chapas de zinco, barrotes, portas, janelas, entre outros bens, antes de se proceder as demolições.

No anúncio publicado pela edilidade, faz-se recordar que nos anos 2012, 2013 e 2014, várias famílias foram afectadas, tendo algumas perdido suas habitações por completo (ou parcialmente). Outras ficaram com as casas inundadas, sem condições de habitabilidade.

Tal como podemos constatar no terreno, em algumas zonas inundadas, as populações têm aproveitado a água para desenvolver a pesca, uma vez que determinadas espécies surgiram nesses locais.

O secretário do bairro Inhagóia-B, Casimiro Mavie, confirma que alguns dos afectados constam do grupo de famílias que terão sido reassentadas em anos anteriores em zonas seguras da autarquia.

Por sua vez, a vereadora do Distrito Municipal KaMavota, Despedida Bento, disse que entre os afectados encontram-se pessoas que terão sido reassentadas, estando outras a ocupar as habitações em regime de arrendamento. Outras ainda terão comprado os espaços juntos dos anteriores ocupantes.

Virgínia Manhiça, uma anciã que vive há 30 anos no Hulene, disse que nunca testemunhou um cenário idêntico de inundação ao daquele que presenciou na presente época chuvosa.

SEM CONTEMPLAÇÕES

O presidente do Conselho Municipal de Maputo, David Simango, assegurou que desta vez a edilidade não terá qualquer tipo de contemplações no avanço do processo de demolições visto que grande parte dos afectados haviam sido reassentados.

O edil da capital, na conversa que manteve com o domingo, disse que o fenómeno de reassentamentos teve início no biénio 1997-1998, altura em foi necessário retirar famílias dos bairros Luís Cabral, Inhagóia, 25 de Junho, Magoanine, Zimpeto, Polana-Caniço, Mahotas, Ferroviário, Hulene e Mavalane.

Foi nessa altura, segundo o edil da capital, que surgiram novos bairros habitacionais na autarquia, com destaque para “Mumemo” e Magoanine-C, vulgo “Matendene”.

Ainda de acordo com David Simango, no bairro Luís Cabral ocorreram muitos reassentamentos, uma vez que a tendência das pessoas foi de retornar aos mesmos locais.

O nosso entrevistado recordou ainda que em 2012, foram reassentadas cerca de 60 famílias que se encontravam nos distritos de KaMubukwana e de KaMavota em Marracuene e no Hospital Psiquiátrico de Infulene.

Ao longo do referido processo de reassentamento, de acordo com o edil, foram concebidas fichas de registo de recepção dos novos talhões, nas quais constam as assinaturas dos beneficiários.

David Simango disse que a maior parte dos nomes constantes de uma extensa lista tornada pública pela edilidade são de munícipes que receberam talhões em locais seguros e que assinaram o compromisso de nunca retornar para as anteriores zonas.

“As demolições vão ocorrer e isso é do conhecimento dos visados. Temos situações de pessoas em que não há qualquer tipo de dúvidas de terem recebido talhões. As casas que serão demolidas foram marcadas na altura em que receberam os novos espaços”, sentenciou o edil.

David Simango referiu que as zonas onde vão ser demolidas as casas serão transformadas em reservas do município, devendo esses locais ser alvo de vigilância para que ninguém volte a ocupá-las.

Benjamim Wilson

Fotos de Inácio Pereira

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