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Sempre gostei de relatar jogos em Changana

Por admin

Gaspar Luís Zunguene orgulha-se de ter sido um dos primeiros relatores desportivos em Changana porque em Ronga o falecido Assane Zubair já o fazia. Foi instrutor do falecido Vieira Manala e do Nunes Timba. Passou anteriormente por outras profissões e só se realizou quando na década 70 aprovou num concurso promovido pela Rádio Moçambique (RM), tornando-se jornalista, locutor e relator desportivo.

Já reformado, conta as suas experiências de vida e de profissão que alegraram muitos ouvintes da Rádio nas décadas 70, 80 e 90. Segue-se em discurso directo a conversa que domingo teve com Gaspar Zunguene.

Quem é Gaspar Luís Zunguene?

Nasci a 25 de Novembro de 1951, embora o registo tenha sido feito em 1954, em Denguene, cerca de cinco quilómetros da cidade de Xai-Xai, província de Gaza. Concretamente, tenho 60 anos de idade. Cresci vivendo com os avos maternos até a altura em que meu pai ingressou no Instituto de Cereais de Moçambique, em 1955, tendo vindo viver para a zona de Inhamissa. Frequentei o ensino primário, sucessivamente, nas escolas Santa Clara, Santa Isabel e Paroquial de Xai-Xai, todas ligadas às Missões Franciscanas e todos os exames fi-los na Escola Oficial Mouzinho de Albuquerque. Concluída a quarta classe em 1965 e como meu pai não tivesse condições de custear os estudos, pôs-me a trabalhar em casa do então presidente da Câmara Municipal da Vila de João Belo, mas também estudando na Escola Preparatória Braga Paixão. Mais tarde conclui o quarto ano do liceu na Escola Nossa Senhora do Rosário. Como tivesse iniciado o curso de Contabilidade, novamente voltei a frequentar na Escola Braga Paixão o curso nocturno depois da independência nacional. Em 1973 fui incorporado no exército colonial Português. Fiquei pouco tempo por razões de saúde. Voltei para Xai-Xai trabalhando na Junta Autónoma de Povoamento do Baixo Limpopo como torneiro mecânico.

E como entra para a RM?

Através dum concurso que se lançou em 1974, juntamente com outros fomos recrutados por Abner Sansão Mutemba. Éramos doze concorrentes. Por essa via fiquei apurado, passando para a Rádio e deixando de ser quadro do sector da Agricultura. Entrei na Rádio como locutor-tradutor, na cidade de Maputo. Graças ao meu talento, não fiquei muito tempo na cidade de Maputo, já que o então director geral da RM, Rafael Maguni, preferiu retornar-me a procedência, Xai-Xai, para abrir a Rádio local, em 1979. Na altura o governador provincial era o senhor João Facitela Pelembe que substituira o falecido governador Fernando Matavele. Nessa altura, o falecido Gil Guimarães era o delegado da Rádio em Gaza.

Como encarou fazer Rádio nesse tempo?

Era um trabalho abnegado porque se percorria esta extensa província sem meios de locomoção. Andávamos pendurados em camiões da Direcção Provincial de Combate às Calamidades Naturais (DPCCN), recolhendo e processando material e enviando-o, via mala, para Maputo.

Sem meios como é que mandavam os materiais para Maputo?

Por meio da então Empresa Oliveiras Transportes e Turismo, graças a uma parceria estabelecida. A partir dos anos 80 o envio desse material foi muito difícil por causa dos ataques que se registavam na estrada durante a guerra de desestabilização. Enviávamos o material e através do telefone comunicávamos a sede da Rádio Moçambique em Maputo para a sua recepção.

Dessa forma as informações descontextualizavam-se!

Usávamos a estratégia de condensar e actualizar a informação que recolhêssemos porque, muitas vezes, ficávamos muito tempo nos locais de busca.

Como se condensava e se actualizava a informação?

Para contextualizar o ouvinte falávamos como se a noticia fosse da semana em que este ouvisse. Dessa forma se actualizava a informação para despertar interesse ao ouvinte. Mais tarde, evoluímos com a instalação dum pequeno estúdio na baixa da cidade de Xai-Xai que permitia ligações directas para Maputo sem necessidade de fios.

Retornado para Xai-Xai nunca mais regressou a Maputo…

Fui participar em algumas formações como a que tive na Escola de Jornalismo, o segundo curso. Nesse período também fazia Rádio em Maputo.

PAIXÃO PELO RELATO

Quando lhe ocorre a paixão pelo relato?

Devo dizer que sou amante de desporto e particularmente do futebol. Por isso, antes de trabalhar na Rádio, acabei participando na fundação duma equipa de futebol na baixa da cidade de Xai-Xai que se chamava “Xiporwene”. Apoiei muito esta equipa em material desportivo. Quando a equipa jogasse, também relatava. Foi a partir dessa brincadeira que o bicho foi pegando. Sempre gostei de relatar jogos em Changana.

Quando é que oficialmente, para além de locutor e jornalista, também se torna relator desportivo?

Quando já estava na Rádio Moçambique, alguém teria dito ao falecido Assane Zubair que eu tinha certa queda para fazer relatos. Portanto, fui descoberto por Assane Zubair (eu chamava-lhe de Mahambane) quando ainda fazia locução entre 1976 e 1978. Foi por essa via que Assane Zubair e Daude Amade puxaram-me para essa actividade. Assim, o Assane Zubair submeteu-me a primeiras avaliações de experiências de relatos gravados tendo, no fim de cerca de três meses, ficado aprovado.

E quando começou a relatar em directo?

Foi num jogo entre o Desportivo de Maputo e o Ferroviário também de Maputo, em 1979, no campo do Maxaquene. O Assane Zubair pediu-me que relatasse esse jogo e ele fez apenas a leitura da publicidade. Só mais tarde entendi por que ele não quis relatar. Alguém me disse que ele era adepto do Desportivo de Maputo. Portanto, por razões éticas e de nervosismo não quis se envolver. Mas, para além de Assan Zubair, o João de Sousa foi um grande interveniente na minha formação, tendo me ensinado a escrever notícias desportivas em língua portuguesa que depois as traduzia para Changana para que fossem transmitidas no bloco informativo do Emissor Interprovincial de Maputo e Gaza. Respeito muito o João de Sousa e recentemente estivemos juntos durante as Jornadas Científicas da Rádio Moçambique.

Quantos profissionais formou estando a relatar sozinho?

Fui instrutor do falecido Vieira Manala e do Nunes Timba que entraram no mesmo dia. Também passaram por estas mãos Manuel Sibinde, o Objana e Amosse Nhanombe. Aqui em Xai-Xai vou à reforma depois de terem passado por mim Alfredo Muianga, Fernando Mucatxua (ambos relatores em Changana) e Francisco Nelson (relator em língua portuguesa). Formei-lhes já em regime de contrato por um período de três anos após ter passado à reforma. Passei à reforma oficialmente em 2009, mas continuei depois em regime de contrato. Definitivamente, deixei a Rádio em 2013.

Sente muitas saudades da Rádio?

Sim, mas a idade já não me ajuda, embora possa dar o meu contributo quando assim o desejarem. O que não posso conseguir fazer é acordar todos os dias com “stress” de ir trabalhar.

Que aprendizagens salientes teve na RM?

Das aprendizagens que tive de Leite de Vasconcelos, Américo Xavier na programação das emissões. Tive muitas colaborações que me criaram robustez suficiente de progressão na minha carreira.

Neste momento, que faz estando na reforma?

Faço um pouco de tudo, criando galinhas, patos, bovinos e caprinos em Magul, distrito de Bilene. Crio para vender e alimentação.

Tem quantos filhos e netos?

Sou pai de quatro filhos (três meninas e um rapaz) que já me brotaram sete netos. O meu filho frequenta actualmente o curso de engenharia em estradas e pontes. As restantes minhas filhas fizeram seus cursos superiores. 

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5 comments

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