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Profissionalizar técnica e cientificamente a polícia

Por admin
O maior desafio que se coloca para a formação da Polícia na actualidade prende-se com a necessidade da sua profissionalização técnica, táctica e científica – defendeu na passada sexta-feira (27) o Juiz-Conselheiro Jubilado do Tribunal Supremo e antigo Procurador-geral, Augusto Paulino, ao proferir uma Aula de Sapiência na Academia de Ciências Policiais, em Michafutene, por ocasião da abertura oficial do ano académico 2015.

Aquela aula estava centrada no tema “Formação Superior em Ciências Policiais: Novos Paradigmas e Debates Actuais”, onde depois de uma exaustiva resenha histórica e até
pré-histórica da origem e desenmação volvimento da instituição policial pelo mundo fora, o orador concentrou-se na abordagem detalhada do que realmente constituem
desafios da actualidade para a Polícia e para o polícia.
Na sua opinião, hoje, a massificação da tecnologia e da globalização trouxe um salto gigantesco na qualidade de vida e na nova abordagem do mundo na actualidade,
mas também é aproveitada pelos oportunistas para facilitar actividades criminosas. Desta forma, a Polícia precisa dominar e usar as tecnologias modernas.
“A Polícia precisa de se equipar com homens capacitados para o manuseamento de equipamento informático e com domínio das novas tecnologias de informação”, sublinhou.
O Juiz Paulino, como passou a ser mais conhecido depois do célebre “caso Carlos Cardoso”, falou também da necessidade de o campo da formação incorporar o treinamento de homens capazes de trabalhar na contra-inteligência e na infiltração dentro dos potenciais grupos criminosos.
Aqui, Paulino chamou particular atenção para a necessidade de seleccionar cuidadosamente o perfil dos agentes que podem fazer este tipo de trabalho de infiltração.
A AFRONTA DO CRIME ORGANIZADO
Para fundamentar as suas propostas de exigências de formação policial, o juiz Paulino trouxe alguns dados intrigantes mundiais da tendência do crime organizado.
Citando um relatório de 2009 da Organização das Nações Unidas para o Controlo de Drogas (UNODC), sobre o comércio internacional de droga e lavagem de dinheiro, indicou a droga como tendo rendido no período que analisa, 450 mil milhões de dólares.
Este é um facto. Mas, o desafio que se coloca aos países é que esse dinheiro não seja introduzido no sistema financeiro, pelo menos formal, para evitar o risco de contaminação e consequente perda de credibilidade.
Ainda no mesmo diapasão, o orador apontou que o tráfico humano, que consiste no comércio de pessoas para fins de trabalho forçado, exploração sexual comercial, escravidão sexual, extracção de órgãos e tecidos, uso como barriga de aluguer e remoção de óvulos, casamento forçado ou uso como mula transportadora da droga, é uma
actividade muito lucrativa para o mundo do crime. Este negócio, segundo registos, representou em 2010, 31,6 biliões de dólares no comércio internacional.
O tráfico de armas, nomeadamente, armas ligeiras, munições, explosivos e outros materiais letais, rende anualmente 1.200.000 milhões de dólares.
É neste espectro que, segundo Paulino, a Polícia moderna deve traçar as suas estratégias de formação e treino. Porém, muito especificamente, para o contexto moçambicano, apontou para a necessidade de direccionar a formação policial para lidar com fenómenos, tais como contrabando de pedras preciosas, de marfim, de cornos
de rinoceronte e de madeiras, não constitui desafio de menor dimensão, sobretudo, tendo em conta a nossa localização geográfica.
Aliás, a nova Lei da Polícia surge como uma das respostas a estes novos desafios – ajuntou.

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