A Polícia da República de Moçambique (PRM) no distrito de Manica abortou tentativa de tráfico de quatro meninas que estavam a caminho de Harare, capital zimbabueana, para integrarem uma rede de escravas sexuais.
As raparigas, com idades que variam de 17 a 25 anos, foram aliciadas por um jovem de nome Isac Mussa na cidade da Beira, por sinal irmão e crente da igreja Profecia de Deus, mediante promessa de emprego na vila-sede do distrito de Manica.
Com efeito, as vítimas saíram da Beira, há dias, com o conhecimento dos respectivos pais e encarregados de educação na companhia de Mussa. Já em Manica, foram alojadas nas instalações da Universidade Pedagógica (UP), delegação distrital de Manica, onde permaneceram duas noites à espera de alegados responsáveis da empresa para admissão ao emprego.
O nosso jornal apurou que devido a presença demorada desses indivíduos naquele local, o guarda da Universidade Pedagógica suspeitou que se tratava de pessoas estranhas e tratou de informar a Polícia que rapidamente se deslocou à escola para averiguações.
Depois de cair nas malhas da corporação, Isac Mussa confessou o crime, tendo dito que havia sido contactado por alguns cidadãos zimbabueanos para encontrar quatro meninas que seriam levadas para Harare a fim de constituírem uma rede de prostitutas.
“Alojamo-nos na escola porque estávamos à espera do tal indivíduo que me contactou, e viria de Harare para levar as meninas em troca de valores monetários”, disse Mussa. O jovem não revelou o valor que seria dado pelo trabalho.
Em conversa com o nosso jornal, os pais e encarregados das quatro meninas explicaram que Isac Mussa é crente e “irmão” da Igreja Profecia de Deus há sensivelmente um ano.
“ Ele parecia um bom rapaz e até ganhou confiança dos demais membros. Era muito dedicado. Sempre estava na igreja. Ia para as nossas casas e ficava à vontade como se fosse família. Depois apareceu com a proposta de emprego e nós acreditamos nele. Ajudamos a preparar documentos das nossas filhas, contribuímos com valores monetários para transporte e alojamento sem sabermos que estávamos a entregar as nossas crianças à uma rede de criminosos”, referiu Mussa Jamal Zaina, pai de uma das vítimas.
O chefe das operações no Comando Distrital da PRM em Manica, Gelindo B. Vumbuca, confirmou que a neutralização daquele indivíduo foi possível graças à denúncia feita pelo guarda da escola.
Vumbuca referiu que depois da neutralização e respectiva confissão de Isac Mussa decorrem, neste momento, diligências visando identificar os mandantes e responsabilizá-los pelo crime.
Domingos Boaventura