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Mulheres moçambicanas conquistam mercado asiático e europeu

Por admin

A sombra da mafureira, na qual se repousa em tarde de muito sol, serve igualmente de espaço de inspiração de projectos que estão a melhorar vidas em Gaza. domingo traz o retrato de um grupo de

mulheres pobres, que debaixo dessa árvore, decidiu unir-se formando uma cooperativa de bordadeiras de Xai-Xai, chamada “Vavasati”, que em changana significa “mulheres”.

 

São maioritariamente mães solteiras e viúvas. Existem, também, algumas casadas que preferem ajudar seus maridos, contribuindo para a robustez económica familiar.

Inicialmente eram cem mulheres, que acreditaram que só unidas poderiam crescer e colectar rendimentos que serviriam para o sustento de suas vidas. Desse número, apenas a metade continua firme no projecto, representada pelas mais talentosas e que mostraram vontade de progredir.

Em 2009, estabeleceram uma parceria com a MESCLA que fez com que a Vavasati diversificasse outras linhas de produção artesanal, fabricando tapetes, bancos, cadeiras, baús, entre vários utensílios de ornamentação e uso doméstico.

Com instalações próprias, já equipadas, tencionam brevemente construir uma creche para acolher seus filhos e outras crianças que necessitam de amparo.

E mais: o desenvolvimento do programa cooperativo foi mais além porque se oficializou a agremiação, guiando-se pelos seus estatutos, regulamento e planos de actividades.

Da mafureira

ao mercado internacional

O crescimento da Vavasati abriu portas para que o seu produto escale o mercado europeu. Peças produzidas por este grupo de mulheres são apreciadas e compradas na França, Dinamarca e Portugal.

Nos dois primeiros países, os níveis de exportação estão já consolidados. ‘Em Portugal, estamos a implantar-nos’, palavras de Carla Botosso, da MESCLA, uma empresa Dinamarquesa estabelecida em 2006, que fornece produtos de design inovativos e que fornece também consultoria na área de desenvolvimento de produtos deste tipo para outras empresas.

Apesar dos níveis de procura no continente europeu, há um esforço de se poder implantar no mercado africano, especificamente, na África do Sul, porque em 2011 e 2012, a Vavasati foi convidada a expor em Cape Town. “É por lá onde poderemos conquistar o nosso novo mercado”, diz Dulce Palussen, gestora do projecto, acrescentamdo: “Onosso produto é muito apreciado pela sua originalidade e qualidade invejável, o que nos levou a expor na Galery Lafaietti, em Paris, capital francesa”.

Tudo isto mostra que a criatividade e a ousadia demonstradas pela Vavasati só trazem ganhos para Moçambique, sobretudo, quando representada por uma associação que provem duma província que é capital, como tem sido apanágio. ‘É momento duma província se tornar guardiã dos caminhos que escalam o desenvolvimento’, defende Dulce Palusen.

As intervenções da Vavasati também se segmentam com alguma vivacidade no plano interno porque os seus feitos se consagram e são reconhecidos pelas autoridades locais através do Ministério da Indústria e Comércio.

domingosoube que o mercado asiático se interessa pelos produtos da Vavasati e poderão representar Moçambique numa feira de artesanato a decorrer brevemente na Coreia do Sul. ‘Vai ser uma oportunidade de expandirmos cada vez mais o nosso horizonte, provando que somos capazes de mostrar o melhor’, diz Carla Botosso.

DESAFIOS

Entretanto, nem tudo anda bem no desenvolvimento das actividades daquela agremiação. Um dos grandes problemas que dificultam o alargamento qualitativo da Vavasati tem a ver com imposições dos procedimentos aduaneiros que elevam custos em transporte de seus produtos para exportação.  

As associadas ao projecto lamentam a realidade e sublinham que este projecto contribui para a melhoria das condições de vida da mulher moçambicana. ‘Seria bom se as autoridades do sector observassem este tipo de situações para não nos desanimarem e piorar cada vez mais a condição social de mulher no nosso país’.

Se não fosse o projecto, Rute Augusto, solteira de 43 anos de idade, não estaria, hoje, a frequentar a nona classe, na Escola Secundária do bairro Patrice Lumumba no período nocturno e nem teria feito o curso de informática que lhe ajuda a sustentar os filhos que tem.  Frequentei um curso de costura e corte em Maputo que me ajudou bastante para integração e produção que tenho estado a fazer,disse a cooperativista.

Ela também conduz viaturas, porque a organização lhe providenciou a carta de condução, patrocinando-lhe financeiramente no curso. Aliás, são algumas das preocupações formativas que a organização impõe junto das associadas.  

Neste sentido, os cursos providenciados são diversificados, incidindo com realce para os das áreas de saúde, gestão administrativa de projectos. A ideia, conforme dissemos, é fazer com que a mulher assuma a sua própria dianteira para o seu desenvolvimento e da organização no geral.

A outra senhora que se sente muito bem no projecto é a Eva Soto, de 60 anos. Ela é casada e mãe de seis filhos dos quais alguns falecidos. Desempenhou um papel importante na contratação de mais senhoras para a organização durante a fase da criação do projecto.

Ela acompanhou todo o crescimento da organização e hoje se sente muito feliz pelos ganhos que obtêm em prole da sua família. Diz que não fosse esta iniciativa, ‘não saberia como conduzir a sua própria vida, educando os seus filhos e netos. Sinto me muito bem’, diz Eva Soto.

Tal como Eva Soto e Rute Augusto, muitas outras das associadas reservam muita esperança quanto ao futuro do projecto.

Caso para dizer que da sombra da mafureira muito se pode fazer para o engrandecimento deste nosso país.   

 

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