O Japão vai disponibilizar 3,2 triliões de ienes (cerca de 32 biliões de dólares) durante os próximos cinco anos, anunciou ontem, o primeiro-ministro nipónico, Shinzo Abe.
Este montante inclui cerca de 1,4 triliões de ienes em Assistência Oficial ao Desenvolvimento (ODA) e 1,6 triliões de ienes através de parcerias públicos e privadas.
O primeiro ministro japonês falava na sessão de abertura da 5ª Conferência Internacional de Tóquio para o Desenvolvimento Africano (TICAD V), um evento de três dias, que decorre na cidade de Yokohama, onde Moçambique faz-se representar por uma delegação chefiada pelo Presidente da República, Armando Guebuza.
O evento, organizado em parceria com a Comissão da União Africana, Nações Unidas, Banco Mundial e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, junta líderes de mais de 40 países africanos, que durante três dias vão debater formas de estimular o crescimento do continente e estabelecer as linhas mestres que vão ditar a sua cooperação com o Japão.
Segundo Abe, o Japão sempre acreditou no futuro do continente africano. Por isso, decidiu estabelecer a TICAD durante a década 90, quando África quase havia sido esquecida pela comunidade internacional como consequência da Guerra Fria.
“Aquilo que África precisa agora é de investimento no sector privado”, disse Abe, para de seguida explicar que isso poderá ser materializado através de parecerias público-privadas.
Reconheceu a necessidade de revolucionar a forma como está sendo providenciada a assistência a África.
Aliás, durante as reuniões preparatórias da TICAD V, os países africanos decidiram que gostariam de ver uma maior ênfase das autoridades japonesas no desenvolvimento de infra-estruturas, capacitação em recursos humanos, saúde e agricultura.
Por isso, “o Japão decidiu colocar a disposição 650 bilhões de ienes (cerca de 6,5 biliões de dólares) para investimento na área de infra-estruturas”, explicou.
A prioridade será para o desenvolvimento de “corredores internacionais” que ligam as regiões do interior com o litoral e construção de redes de transporte de energia eléctrica.
“Também é necessário desenvolver os recursos humanos para que possam satisfazer a demanda do mercado”, disse o primeiro-ministro.
Ao abrigo desta iniciativa, disse o governante, “comprometemo-nos a oferecer bolsas de estudo a estudantes africanos para frequentarem o ensino superior no Japão. Além disso, também vamos conceder a oportunidade de trabalharem como estagiários em empresas japonesas e isso será numa escala de mil estudantes durante os próximos cinco anos. Também inclui a formação de 30 mil jovens estagiários em empresas japonesas durante os próximos cinco anos”.
O aumento da produção e produtividade agrícola é outra área que o Japão tenciona estimular em África. Há vários anos que a escassez de alimentos e mal nutrição afligem o continente africano.
Por isso, o Japão vai ajudar os países do continente a fazerem uma transição da agricultura de subsistência para a agricultura comercial.
O primeiro ministro nipónico também abordou a questão do reforço da paz e segurança, que são factores imprescindíveis para o desenvolvimento de África. Para o efeito, o Japão tenciona, doravante, dar um maior enfoque na consolidação da paz em África.
Falando durante o evento, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, disse que “para encontrar soluções duradouras, devemos resolver os problemas que afectam a paz, segurança e desenvolvimento”.
Prosseguindo, disse que a TICAD V deveria debruçar-se particularmente sobre as questões de carácter económico, social e ambientais.
Por seu turno, o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, disse que a sua instituição possui uma série de mecanismos na sua parceria com África, entre os quais destaca-se a Associação para o Desenvolvimento Internacional (IDA).
Esta instituição é o fundo do Grupo Banco Mundial para os países pobres.
Para realçar a importância deste fundo, Jim Yong Kim citou o caso particular de Moçambique onde o número de estudantes do ensino superior subiu de nove mil e 800 em 2000 para 63 mil em 2007 e 105.526 em 2011.
Contudo, adverte o Banco Mundial, apesar dos progressos registados pelos países africanos, ainda existem 12 países que continuam a registar um índice de pobreza superior a 60 por cento.
O Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, chegou à cidade japonesa de Yokohama na passada quinta-feira, dia 30, para esta V Conferência Internacional de Tóquio para o Desenvolvimento de África (TICAD), que decorre sob o lema “De mãos dadas para uma África mais dinâmica”.
Ainda em Yokohama, o Presidente Guebuza manteve encontros com altas individualidades do Governo japonês, com representantes de companhias privadas, com a Federação das Associações dos Empresários japoneses, e participou no Seminário sobre o Desenvolvimento dos corredores organizados pela Agência Japonesa de Cooperação Internacional (JICA).
Nesta deslocação ao Japão, que termina amanhã, segunda-feira, o Chefe do Estado moçambicano é acompanhado pelos Ministros dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi; da Agricultura, José Pacheco; da Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia; dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula e na Presidência para os Assuntos Parlamentares Autárquicos e das Assembleias Provinciais, Adelaide Amurane.(AIM)
Elias Gudo, da AIM, em Yokohama