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Há abandono de corpos na via pública

Por admin

– Alexandre Nhapossa, presidente da Associação Moçambicana para as Vítimas de Insegurança Rodoviária

 

Infelizmente, o abandono de doentes não ocorre apenas nas unidades sanitárias. Em muitos acidentes de viação, as vítimas, algumas mortais, são abandonadas na via pública. domingo ouviu o Presidente da Associação Moçambicana para as Vítimas de Insegurança Rodoviária para nos dar o seu testemunho a respeito desta outra face da insensibilidade humana.

Constamos que os acidentados são, a par de pessoas que vivem com HIV, o grupo-alvo de doentes vítimas de abandono. Que comentário tem a respeito?

O abandono de doentes é uma realidade no nosso país, o que lamentamos. No que toca aos acidentes de viação, há pessoas que têm coragem de abandonar a vítima mortal no local dos factos. Quando a vítima não é mortal, eles às vezes levam o doente ao hospital, contudo deixam dados falsos a respeito da sua identificação, abandonando-o à sua sorte. É triste o que sucede nos dias de hoje.

A sua associação registou muitos casos desta natureza?

Não gosto muito de olhar para os números. Para mim é importante avaliar o impacto social que este tipo de comportamento gera. Mesmo que seja um ou dois casos, interessa a sensibilidade que devemos revelar com o sucedido e sermos capazes de exprimir a nossa solidariedade.

No vosso registo, quem são os principais actores de abandono das vítimas na via pública ou nos hospitais?

Geralmente, dos casos que nós temos tido acesso, infelizmente envolvem muito os condutores dos transportes semicolectivos de passageiros, sobretudo condutores de longo curso.

Não são poucos os casos. Já tivemos vários casos em Inhambane. Temos vários de membros nossos que foram parar no Hospital Central de Maputo, em vários hospitais provinciais, sobretudo em Maputo.

Como psicólogo, como interpreta este fenómeno de abandonos?

Não posso classificá-lo como prática patológica, doentia. Para que fosse, era preciso verificarmos se alguém faz regularmente isso.

De qualquer modo, no plano colectivo, posso dizer que é uma prática desumana, horrível. Não pode ser justificada por quaisquer que sejam as razões. Todo o acto de abandonar alguém em momentos em que mais precisa de apoio é desumano. 

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