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Disponíveis 34 milhões de meticais para promoção da pesca

Por admin

O sector das pescas possui uma linha de financiamentos orçada em 34 milhões de meticais, cerca de um milhão e 150 mil dólares americanos para promover a produção pesqueira no biénio

 2013/15 na Albufeira de Cahora Bassa, província de Tete. 

 

Os referidos montantes foram disponibilizados por parceiros do Governo, nomeadamente, o Banco Mundial e o Banco Islâmico de Desenvolvimento e serão canalizados para a produção massiva de aquacultura e pesca artesanal em águas interiores naquele ponto do país.

 No caso da Albufeira, a fase que se segue será de localizar interessados em abraçar o projecto e que tenham capacidade empreendedora. As autoridades pesqueiras irão promover um seminário de divulgação da iniciativa na segunda quinzena de Maio, no sentido de capacitar pescadores nacionais a aderirem à acção.

O titular do pelouro das pescas, Victor Borges, frisou que os critérios para aceder ao crédito serão definidos no referido seminário e avançou que deverão ser mecanismos céleres, não burocratizados e com procedimentos que garantam a prestação de contas e eficácia do processo. 

“Queremos que os moçambicanos sejam potenciados com meios técnicos, financeiros e orientados por via de seminários de capacitação que terão lugar na cidade de Tete para entrarem no negócio da kapenta e tilápia na Albufeira de Cahora Bassa”, referiu Borges.

Apesar de reconhecer que a actividade pesqueira na Albufeira é marcada pela presença de operadores ilegais oriundos dos países vizinhos, que são atraídos pela qualidade do peixe moçambicano, sublinhou haver necessidade de dar oportunidade aos nacionais de usufruírem das potencialidades que o país oferece.

“Vamos ministrar acções de formação sobre boas práticas de pesca, manuseamento do produto e sua conservação, enquanto desencadeamos acções no sentido de estancar a onda dos estrangeiros ilegais”, sublinhou o governante.

 

FÁBRICA DE CEREAIS EM ULÓNGUÈ

No distrito de Angónia, a comitiva do ministro visitou a fábrica de processamento de milho de Ulónguè, empreendimento construído de raiz com financiamento da Agência de Desenvolvimento do Vale do Zambeze, que entrou na fase de ensaio integrado dos equipamentos em Agosto de 2012. Esta fábrica destina-se principalmente ao processamento de milho. Paralelamente, a fábrica tem capacidade de produzir rações diversas para animais.

A sua existência constitui uma oportunidade local para o estabelecimento de parcerias como sector das pescas. Borges explorou a possibilidade de se iniciar a produção de ração de baixo custo para piscicultura e recomendou aos técnicos do Instituto Nacional de Aquacultura (INAQUA) a trabalharem com os nutricionistas da fábrica no sentido de desenharem fórmulas de rações de peixes.

“A fábrica visitada tem duas linhas de produção: uma de farinha de milho e outra de ração para alimentação de animais. A segunda linha já iniciou a produção virada para o gado bovino, suíno e aves, pretendemos maximizar a oportunidade para o peixe”, expôs o ministro.

O Ministério das Pescas pretende firmar uma parceria no sentido de se passar a produzir ração para peixes de aquacultura onde se deve abranger toda a cadeia de produção a partir da terra, água, alevinos e ração.

Segundo o ministro, verificou-se que a fábrica tem capacidade de produzir também ração para alimentação do mesmo tipo de peixe faltando apenas acoplar os ingredientes e nutrientes necessários para o arranque da produção.

“Está encontrada uma fábrica com capacidade para fornecer ração, não só à província de Tete, como a toda região centro do país”, referiu Borges.

O director de Produção da Fábrica de Cereais, Agostinho Simbine, explicou que decorre o processo de licenciamento da fábrica. Para o efeito esteve no local uma equipa do Ministério da Indústria e Comércio para os devidos efeitos.

“Aguardamos o início da campanha agrícola para adquirirmos milho, nossa matéria-prima, junto de associações de agricultores de Dómuè, Chifunde e Macanga”, aclarou a fonte.

Simbine anotou ainda que a fábrica de processamento de farinha de milho tem uma capacidade instalada de 100 toneladas por dia, enquanto a de ração é de cinco toneladas por hora.

A fonte assegurou que para a produção de ração de peixe será necessário ajustar o equipamento em falta para iniciar o processamento. As duas fábricas têm um total de 34 operários de fundos totalmente nacionais.

    

30 MIL TONELADAS DE PESCADO

Fazendo um balanço da visita de três dias à província de Tete, o governante destacou o facto de ter constatado que os níveis de produção se mantêm nas 30 mil toneladas e que, nalgumas vezes dependendo de factores biológicos e ecológicos da kapenta, existem ciclos altos que concorrem para o aumento da produção.

“Anotamos que a kapenta, que é uma espécie de cartão-de-visita da província, está a valorizar-se ano após ano. Em 2005 era vendida a pouco mais de um dólar, hoje custa oito dólares americanos o quilo”, disse o ministro.

Isto significa que para além do camarão de superfície, profundidade, lagosta e outros produtos de valor no mar, surge agora a kapenta nas águas interiores com um valor próximo ou igual aos retromencionados, o que ajuda na diversificação dos produtos para exportação e consumo interno.

A exportação de kapenta varia de três a cinco mil toneladas por ano, resultando num valor estimado entre 20 e 30 milhões de dólares em função da valorização do produto.

Segundo referiu, foi gratificante verificar que o programa de massificação da piscicultura, produção de peixes em tanques em Tete, apesar de estar no início, está a produzir resultados satisfatórios com qualidade e tamanho desejados, cerca de 300 gramas.

“Antes produzíamos 25 quilos de peixe em tanque de 100 metros quadrados e peixes que atingiam 70 a 100 gramas,  hoje podemos produzir 500 quilos por tanque com peixe a atingir um tamanho de 300 gramas”, assegurou.

A avaliação que as autoridades pesqueiras têm do potencial de captura ronda as 350 mil toneladas, mas, em função da população moçambicana, seriam necessárias 500 mil toneladas para alimentar as pessoas nos níveis adequados.

Como não temos os níveis suficientes de captura no mar e em águas interiores, temos de promover a piscicultura como está a acontecer em todo mundo. Basta dizer que o volume de captura no mundo ronda às 90 milhões de toneladas e 50 milhões em aquacultura, perfazendo 140 milhões de toneladas, que permite que se consumam 18 quilos por pessoa num ano”.

Borges frisou que mais de metade desse consumo provém da aquacultura, por isso em Moçambique não será diferente, pois produzindo muito peixe em aquacultura estará garantida a alimentação e produção de rendimentos que contribua para a balança de pagamentos.

Em 2012, o sector exportou perto de 12 mil toneladas de pescado e estima-se que para o ano em curso as exportações ascendam as 15 mil toneladas. Borges acredita que à medida que a produção aumentar haverá maior volume a exportar.

Segundo o ministro, o pescado disponível para o consumo interno também tem estado a aumentar, pois se passou de 165 mil toneladas em 2010 para pouco mais de 200 mil no ano transacto.

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