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Criminosos semeiam terror em Intaka

Por admin

Não se prega olho no Intaka, na província de Maputo. Definitivamente, criminosos tomaram conta do bairro. “domingo” apurou que eles dão se ao luxo de elaborarem, na maior tranquilidade, listas com chapas de inscrição de carros que pretendem roubar , reunindo todos detalhes possíveis, nomeadamente nome do proprietário e residência.

Procuram também saber se, no lote de animais de estimação, tem cães de guarda ou não.

As vítimas são indicados à dedo, facto que leva os residentes daquele bairro a acreditarem na possibilidade de haver informantes, dada riqueza de detalhes que têm a cerca dos perfis preferíveis.

Com vista a evitar o roubo de suas viaturas algumas famílias deixam os carros estacionados sem as respectivas baterias, mas debalde, porque os ladrões trazem consigo guincho eléctrico afixado à um camião com tracção às quatro rodas e carregam a viatura escolhida.

Há casos em que executam as suas operações em plena luz de dia. Amarram as empregadas e retiram tudo dentro de casa.  

A tortura de crianças e mulheres, protagonizada pelos larápios, deixa os moradores aterrorizados. Pedem à Polícia da República de Moçambique (PRM) para efectuar patrulha ou instalar uma esquadra policial naquele bairro em expansão.

Dados disponíveis indicam que pelo menos cinco residências são assaltadas por semana no Intaka. Os bandidos usam um alicate específico para cortar grades das portas, janelas, varandas e usam pé-de-cabra para arrombar a porta de madeira.

A nossa Reportagem conversou com F. Mabote, residente do bairro de Intaka, assaltado recentemente. No seu rosto é ainda notável o desespero .

“No interior da minha casa entraram cinco bandidos com armas do tipo AKM-47. Outros estavam no quintal a vigiar. Amarram-nos e exigiram dinheiro e chaves de carro. Quando viram que alguns vizinhos já se tinham apercebido do barulho, deram um tiro para dispersá-los. Estamos com medo. Não há esquadra policial neste bairro e as ruas não têm iluminação pública”, afirmou.

Por sua vez, Carlota Conjo, outra moradora daquela zona, pediu às autoridades competentes para instalar uma esquadra policial naquele bairro. “Somos roubados todos os dias, por isso já não dormimos. Temos de fazer patrulhamento. Mesmo assim não conseguimos assustá-los porque quando estamos a fazer ronda numa rua, (eles) ficam a roubar noutra rua”, disse.

PRM desdramatiza

Emídio Mabunda, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) no Comando Provincial de Maputo, garantiu à nossa Reportagem que, diariamente, a corporação tem alocado um efectivo para efectuar patrulhamento no bairro de Intaka, com auxílio de agentes afectos nas esquadras dos bairros vizinhos como Boquisso e Khongolote.

Para o porta-voz da PRM, Intaka é um bairro populoso, em expansão, o que leva ao envio de reforço em termos de efectivo policial com vista a estancar a onda de criminalidade que tem tirado “sono” àqueles moradores.

De referir que, no ano passado, quando o Comandante da PRM ao nível provincial efectuou uma visita de trabalho àquela zona, os moradores manifestaram o interesse de se construir uma esquadra para garantir a sua segurança e até ofereceram o espaço para a efectivação do projecto.

A criminalidade no bairro de Intaka está controlada”, disse Mabunda, respondendo ao nosso jornal em relação a inquietação dos residentes.

Relativamente à construção de uma esquadra, o porta-voz da PRM disse que ia lembrar às entidades superiores sobre a promessa feita aos residentes.

“Homens-catana”

de volta à capital

Os bairros Polana-Caniço “A” e “B”, Magoanine e Mahotas estão também a passar por momentos de terror devido à onda de criminalidade que tende a ganhar espaço, depois de uma relativa calma. São os intitulados “homens-catana” que já actuaram em várias zonas num passado recente.

Numa ronda efectuada, recentemente, pela nossa Reportagem àqueles bairros, os moradores contaram-nos que os assaltos na via pública e violações sexuais são alguns dos crimes violentos mais frequentes.

Os larápios, para despojar os bens das suas vítimas, ameaçam-nas com instrumentos contundentes, como facas da cozinha, chaves de fenda, catana e garrafas partidas.

Segundo contam, a partir das 19:00 horas os moradores se sentem interditados de circular em algumas ruas sem iluminação, como a Rua das Cascatas de Namaancha e Govuro, no bairro das Mahotas.

No bairro da Polana-Caniço também escondem-se debaixo de árvores e em casas ainda em construção, existentes naquelas zonas. Suas principais vítimas são pessoas que estão a regressar de trabalho, alunos do curso nocturno, entre outros, apoderando-se de quase tudo desde as carteiras, telefones celulares e valores monetários. Em alguns casos as vítimas perdem até a roupa que trazem no corpo.

Segundo os residentes há sensivelmente um ano que já se registava alguma tranquilidade quando havia comités de vigilância, que envolviam homens e mulheres daquelas zonas, faziam patrulhamento no período nocturno.

 “Sempre que metemos uma queixa à esquadra dizem que não há meios, o carro está avariado. Recentemente uma mulher foi assaltada a escassos metros do posto policial e levada a força pelos meliantes e até hoje não se sabe nada dela”, desabafou Alfredo Namburete, morador no bairro de Polana-Caniço “A”.

Maurício Chirindza, residente do bairro da Polana Caniço “B”, disse que os moradores estão também a passar por maus momentos e pede socorro à quem de direito para minimizar o terror vivido ali.

Há dias, no Quarteirão 32, quatro homens, munidos de catanas e facas da cozinha, invadiram uma residência. Exigiram dinheiro e o proprietário deu o que tinha naquele momento. Mesmo assim amarraram o chefe de família, violaram sexualmente a sua esposa, duas filhas, e apoderaram-se também dos seus bens”, relatou.

Chirindza contou-nos outro episódio que envolveu uma cidadã que contraiu ferimentos graves após golpes com recurso à catana por indivíduos desconhecidos quando regressava à casa ao sair da igreja. Segundo ele, feriram-na alegadamente porque naquele momento a mulher não trazia nada valioso que poderiam tirar.

Texto de Idnórcio Muchanga
idnorcio.muchanga@snoticias.com

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