Início » Chókwè ensaia modelo de produção de hortícolas

Chókwè ensaia modelo de produção de hortícolas

Por admin

Os agricultores do distrito de Chókwè, província de Gaza, poderão, nos próximos anos, produzir hortícolas como tomate, repolho e melão, nas duas estacões do ano no país:

Inverno e Verão. Para o efeito, uma equipa do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) está, desde Setembro passado, a levar a cabo ensaios de diferentes variedades daquelas culturas, de forma a descobrir qual das variedades é compatível com o clima, solo e temperaturas locais.

 

O distrito de Chòkwé, com uma população estimada em 200 mil habitantes, é um dos maiores produtores de hortícolas na província de Gaza e é também detentor de um dos grandes regadios do país. Na produção de hortícolas, destaca-se o tomate, que é destinado, fundamentalmente, ao consumo doméstico nos distritos vizinhos e na capital do país.

Entretanto, no Verão, a produção do tomate, melão e repolho pára literalmente, o que faz com que os retalhistas se socorram do mercado sul-africano, propiciando a especulação dos preços daqueles produtos no mercado nacional.

As altas temperaturas no Verão, que variam entre os 30º e 40º Célsius, provocam pobre polinização das flores; produção de frutos de dimensões reduzidas; aumento de doenças no solo; defeitos fisiológicos, para além da pobre coloração do tomate.

Estas constatações fizeram com que investigadores do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) procurassem, juntamente com os seus parceiros internacionais, mecanismos para inverter o cenário. Assim, em Setembro passado, começou o ensaio de algumas variedades de tomate, repolho e melão.

Trata-se de variedades que foram adquiridas em Portugal, Chile, Brasil e Japão e que têm capacidade para resistir ao calor daquela estação.

Passados três meses desde que começou o ensaio, os resultados são animadores, tanto para os produtores locais assim como os promotores da iniciativa, pois já há sinais indicativos de que nos próximos anos, naquela parcela da província de Gaza, poder-se-á produzir sem interrupções.

No ensaio de tomate, foram usadas dez variedades, das quais, segundo o técnico agro-pecuário da Estação Agrária de Chòkwé, Armando Júnior, a “kilele” e a “zumourd”, sendo que, numa primeira fase, corresponderam às expectativas.

Ainda de acordo com aquele técnico, os trabalhos de ensaio vão prosseguir brevemente de forma a ter outros resultados para aquelas variedades que não tiveram resultados desejados.

Terminada esta fase, os pesquisadores consideram que estarão reunidas as condições para os retalhistas na cidade de Maputo deixarem de escalar a vizinha África do Sul na busca daqueles produtos alimentares para o seu negócio.

Entretanto, outro investigador do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique, Carvalho Carlos Ecole, incentivou os agricultores de Chókwè, através de alguns resultados conseguidos de Setembro a esta parte, para a necessidade da produção de melão.

Carvalho Carlos Ecole, disse que é possível, com recursos disponíveis localmente, produzir-se fertilizantes que quando devidamente aplicados podem garantir uma boa adubação dos campos de cultivo.

A apresentação de Ecole vem na sequência das reclamações dos produtores segundo as quais, às vezes têm usado sementes que contribuem negativamente para a produção agrícola. A outra situação que os preocupa é o facto de o país continuar a importar mudas da África do Sul, enquanto localmente também se podem produzir.

Segundo Ecole, uma das formas para melhorar as culturas é espalhar calcário nos campos e esperar por período de dois ou três meses. Este período visa permitir que os outros estrumes se tornem assimiláveis. Um espaço de um hectare pode ser adubado com apenas 25 quilogramas de calcário, matéria que pode ser adquirida em vários pontos do país, até mesmo nas lojas onde se vende material de construção.

De referir que em Moçambique o tomate é cultivado em maior escala nos vales dos rios Incomati e Umbeluzi, na província de Maputo, Limpopo, em Gaza, e nas regiões planálticas de Manica, Angónia, em Tete, Lichinga, no Niassa, e Licuari e Lioma, na Zambézia.

Você pode também gostar de:

Leave a Comment

Propriedade da Sociedade do Notícias, SA

Direcção, Redacção e Oficinas Rua Joe Slovo, 55 • C. Postal 327

Capa da semana