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África vai vencer desafios da electrificação

Por admin

O Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho do Rosário, apelou a conjugação de esforços entre os africanos de forma a fazerem face as várias adversidades que impedem que a energia eléctrica chegue, cada vez mais, a um número maior da população do continente.

Para o governante moçambicano, esta união de esforços deve basear-se, em primeiro lugar, numa abordagem regional, tendo sempre em conta a realidade de cada um dos países.

O Primeiro-Ministro falava terça-feira última, em Lusaka, capital zambiana, durante uma mesa-redonda promovida no âmbito da Reunião Anual do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), que este ano decorreu sob o lema “Energia e Mudanças Climáticas”, em representação do Presidente da República, Filipe Nyusi.

O acesso a energia para a população, o acesso a energia para beneficiar a agricultura e a industrialização é um desafio que não pode ser vencido por um só país”, afirmou o Primeiro-Ministro, reiterando que o programa de iluminar a África é uma matéria complexa que requer“intervenções concertadas e muito fortes”.

Neste desafio, segundo o governante, os países africanos devem actuar juntos na atracção de investimentos, área comercial, na regulamentação e na adopção de políticas e estratégias, isto é em toda a cadeia de produção, transporte e distribuição da energia.

Argumentando sobre estas componentes, o Primeiro-Ministro disse que qualquer investimento requer a viabilidade do projecto e, no caso da electrificação de África, por exemplo, esta viabilidade pode ser alcançada através de projectos conjuntos, num sistema de “win-win”, em que todos os intervenientes, desde os produtores de energia, passando pelos que transportam e distribuem e utentes tenham benefícios.

Na componente comercial, sugeriu o envolvimento das empresas nacionais de electricidade e, sobretudo, uma legislação que promova parcerias público-privadas.

Noutro desenvolvimento, o Primeiro-Ministro explicou que o uso de hidrocarbonetos para massificar a electrificação requer muito tempo e muito dinheiro. Mesmo as fontes solar, eólica, biomassa, também acarretam muitos custos, pelo que, a curto prazo, os esforços devem ser no sentido de aproveitar “as fontes endógenas, isto é o carvão que já existe”.

Moçambique, de facto, tem um grande potencial, são 117 Gigawatts de gás, 56 Gigawatts de Carvão, 18 Gigawatts de hidroeléctrica. Mas, neste momento, a fonte hidroeléctrica está com dificuldades”, disse, realçando que o trabalho conjunto deve estar focalizado na mobilização de tecnologia melhorada para minimizar a poluição resultante do uso de carvão como fonte de energia eléctrica.

Nesta sua intervenção, cuja sessão decorreu no Centro de Conferencias de Mulungushi, local onde, por sinal, foram assinados, os Acordos de Lusaka, que culminaram com a independência de Moçambique, o Primeiro-Ministro moçambicano recebeu fortes aplausos, sobretudo dada a sua posição de apelo a união de esforços entre os africanos nesta matéria.

500 MILHÕES DE DÓLARES

POR ANO ATÉ 2050

O Primeiro-Ministro revelou, em conferência de imprensa, que se seguiu após a sua intervenção na mesa-redonda, que o país precisa de 500 milhões de dólares norte-americanos por ano para alcançar a meta concebida pelo governo de iluminar o país ate 2025. O programa é efectuar 450 mil ligações eléctricas por ano.

O governante enalteceu a promessa avançada pelo Presidente do BAD,  Akinwumi Adesina, durante a cerimónia oficial de abertura da reunião, segundo a qual, esta instituição financeira vai alocar 12 biliões de dólares para financiar projectos de electrificação do continente durante os próximos cinco anos.

Temos de estar preparados para vermos quais são os mecanismos de acesso aos fundos para, depois, podermos nos candidatar e viabilizarmos o nosso programa”, disse Do Rosário, reconhecendo ser um desafio para o pais poder ter acesso a este fundo,“dai que defendemos projectos regionais”.

 Estimativas apontam que mais de quatro mil moçambicanos residem na Zâmbia e de forma dispersa. Destes, segundo o Alto-Comissário de Moçambique naquele país vizinho, Jerónimo Chivavi, apenas pouco menos de dois mil estão registados na embaixada.

Damião Trape, da AIM

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