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Tensão EUA-Irão: apesar de drone abatido não há condições estratégicas para a guerra

Por Idnórcio Muchanga

O Golfo Pérsico tem sido um campo de disputas estratégicas desde 2018 quando os EUA decidiram retirar-se unilateralmente do acordo nuclear. A resposta do Irão, ainda que gradual, tem sido na direcção da continuação do programa nuclear que tinha estagnado por força de cumprimento do acordo. Por conta desta desinteligência (entre os EUA e Irão) incidentes militares têm-se multiplicado no Golfo Pérsico. A título de exemplo, no dia 13 de Junho 2019, dois navios petroleiros pertencentes ao Japão e à Noruega foram atacados, gerando acusações mútuas entre Teerão e Washington. Sete dias depois, dia 20 de Junho, o Irão abateu um drone dos EUA no estreito de Ormuz. 

O abate do drone dos EUA pela Guarda Revolucionária Iraniana acirrou as acusações mútuas por ser a primeira actuação bélica assumida por ambos (Irão e EUA). Por um lado, o Irão afirma que abateu o avião porque estava a sobrevoar o seu espaço aéreo e, por outro, os EUA afirmam que o drone estava a sobrevoar o espaço internacional. Em todo caso fica claro que tanto os EUA como o Irão confirmam o abate do drone.

Em termos estratégicos, o sobrevoo do drone (militar) no estreito de Ormuz parece ter sido a forma que os EUA tiveram de testar a prontidão da Guarda Revolucionária Iraniana ao mesmo tempo que queriam recolher informação relevante para acções futuras. Por sua vez, o abate do drone clarificou para os EUA que caso queira avançar para a guerra a situação não será simples, não há garantias de vitória militar. Esta mensagem ficou muito clara para Trump que se limitou a afirmar que o Irão tinha cometido um grande erro.

As cautelas de Trump têm a ver com duas razões principais: a indiferença dos seus aliados europeus e as alianças estratégicas do Irão. Quanto à indiferença dos seus aliados pode-se depreender das afirmações de Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, que quando perguntado sobre a crise no Golfo Pérsico afirmou que a União Europeia não precisa de fazer nenhum posicionamento sobre a tensão. A indiferença é alimentada pelo comportamento unilateralista e arrogante de Trump em relação aos seus aliados. Leia mais…

Por Paulo Mateus Wache*
PWache2000@yahoo.com.br

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