Opresidente da Rússia, Vladimir Putin, mostrou estar satisfeito com o plano de paz proposto pelo seu homólogo dos EUA, Donald Trump. Depois de ser tornado público, Putin afirmou que, no geral, concorda que o plano possa ser a base para futuros acordos. Um dia depois desta afirmação, Putin não só reiterou-a como também disse estar pronto para garantir, por escrito, que a Rússia não atacará outro país europeu. Com estes pronunciamentos, o inquilino do Kremlin rejeitava as alegações de que o seu país pretende invadir outro país, classificando-as como “mentira” e “completo absurdo”. No entanto, longe de provocar alívio nas capitais europeias, tais garantias foram recebidas com desconfiança e cepticismo. Para muitos líderes europeus, estas promessas não só estão desprovidas de credibilidade, como parecem ajustar-se a um padrão já conhecido: declarações conciliatórias por parte do Kremlin que contrastam com um histórico de acções militares assertivas. Esta tensão abre espaço para uma análise que articula duas dimensões essenciais: a postura estratégica de Putin ao acolher o plano de Trump e a percepção europeia de que as intenções russas vão além do que o Kremlin publicamente admite.
Olhando para a primeira dimensão de análise, a estratégica, Putin sinaliza que acolhe o “presente diplomático” de Trump. A aparente boa vontade do presidente russo em aceitar o plano de paz proposto pelo presidente norte- -americano não é um gesto de vontade genuína de terminar a guerra, mas sim um movimento calculado dentro da lógica do alcance de interesses geopolíticos da Rússia. O plano, que Putin diz que pode constituir “a base para futuros acordos”, parece alinhar-se com várias exigências de Moscovo, facto que explica a satisfação demonstrada pelo líder russo.
Note-se que, historicamente, a política externa da Rússia tem procurado promover três objectivos essenciais: preservar uma zona de influência no espaço pós-soviético, impedir a expansão do braço armado dos EUA/Ocidente (a Organização do Tratado do Atlântico Norte-OTAN) para perto das suas fronteiras e garantir que os seus interesses económicos e estratégicos, especialmente no sector energético, não sejam comprometidos. Com efeito, um plano de paz desenhado por um presidente dos EUA que manifesta maior abertura para acomodar as exigências russas, ao contrário de administrações mais duras, apresenta-se como uma oportunidade para Moscovo reconfigurar a guerra e o equilíbrio de poder a seu favor. Leia mais…

