ACasa Branca anunciou, e o Kremlin confirmou, que os presidentes Donald Trump, dos Estados Unidos da América (EUA), e Vladimir Putin, da Federação Russa, realizarão um encontro bilateral no final desta semana, no estado do Alasca. Esta reunião representa o primeiro contacto presencial entre ambos os líderes desde a cimeira do G20 em Osaka, em 2019, e assinala, simultaneamente, a primeira ocasião desde 2015 em que um chefe de Estado russo se desloca ao território norte-americano para se reunir com o seu homólogo. O evento assume, portanto, um elevado valor simbólico, na medida em que marca a retomada do diálogo político ao mais alto nível entre as duas principais potências nucleares, num cenário internacional marcado pelo agravamento das tensões bilaterais após a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 2022. Embora o encontro possa sinalizar uma potencial abertura para a negociação de uma solução diplomática para o conflito ucraniano, a sua realização denuncia a instrumentalização da Ucrânia como um actor subordinado; a vulnerabilidade estratégica da União Europeia; e a secundarização da aliança transatlântica.
A reaproximação diplomática entre os Estados Unidos e a Rússia está a ocorrer sem a inclusão prévia da Ucrânia, da União Europeia e nem do braço armado dos EUA/ Ocidente, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), nas negociações. Este é um facto que levanta preocupações substanciais sobre o futuro da arquitectura de segurança europeia e sobre a capacidade de Kiev de defender os seus próprios interesses estratégicos. Na verdade, esta exclusão reforça a percepção de que, apesar da retórica sobre soberania nacional e autodeterminação, a Ucrânia permanece vulnerável à lógica das grandes potências, isto é, ela está a ser usada como um “peão” num jogo de xadrez que é travado entre Washington e Moscovo. Leia mais…
