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A ilusão de grandeza geopolítica europeia “evaporou”

Por Edson Muirazeque

Na semana passada, o antigo primeiro-ministro italiano e ex-presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, fez uma avaliação contundente sobre o estado actual da União Europeia (UE): qualquer ilusão de grandeza do bloco europeu “evaporou”. A declaração, directa, mas desconfortável para muitas lideranças em Bruxelas e nas capitais europeias, expõe uma ferida que vem se abrindo há muito tempo — a percepção de que a UE, apesar da sua relevância económica, tem sido cada vez mais irrelevante nos assuntos decisivos das relações internacionais. Segundo Draghi, a UE tornou-se um mero espectador, incapaz de influenciar de forma decisiva crises globais, como a guerra na Ucrânia ou o conflito persistente em Gaza. Essa visão, para além de ser um diagnóstico político, confirma a prevalência da abordagem realista nas relações internacionais, que há muito tempo adverte: a economia, por si só, não confere poder geopolítico. Como já havia alertado Hans Morgenthau, um dos pais fundadores do realismo clássico, a verdadeira grandeza de uma potência reside na sua capacidade de projectar poder e influenciar decisões — não apenas na sua robustez económica ou no alcance moral de seus princípios.

Draghi entende que a UE desempenha apenas um papel “marginal” nos esforços de paz de Donald Trump na Ucrânia, tem sido uma mera “observadora” do genocíodio em Gaza e “a China [a aspirante a potência primária] deixou claro que não considera a Europa um parceiro igual”. Aliás, segundo o italiano, “durante anos, a UE acreditou que a sua dimensão económica, com 450 milhões de consumidores, trazia consigo poder geopolítico e influência nas relações comerciais internacionais. Este ano será recordado como o ano em que essa ilusão se evaporou”. Draghi alerta que “a Europa está mal equipada num mundo onde a geoeconomia, a segurança e a estabilidade das fontes de abastecimento, em vez da eficiência, inspiram as relações comerciais internacionais”. Leia mais…

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