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Malawi lança recados sobre reforma do sector público

Por admin

A Grã-Bretanha, antiga potência colonizadora  do Malawi pediu ao governo de Liongwe para que seja coerente em relação ao seu programa de reformas no sector público, alertando que já chega de retórica.

A mensagem foi expressa pelo  Alto-Comissário britânico acreditado em Lilongwe Michael Nevin.

Ele disse que o Malawi deve cumprir a agenda de reformas e produzir resultados concretos.

“O movimento de reformas deve  ser visível porque o que está em causa são resultados e não o processo em si”- observou Michael Nevin.

Referiu que a não ser que haja uma maneira diferente de pensar, o país apenas está a lidar com os sintomas e não com as causas, concentrando-se nas questões de emergência, ao invés de adoptar políticas consistentes e de longo prazo e que possam promover a transformação económica.

O diplomata britânico afirmou que  os reformistas devem garantir  que o Malawi possa tirar vantagens do Corredor de Nacala superando a inércia e a burocracia.

 “É preocupante ver que o troço do corredor de Nacala que passa pelo Malawi está concluído, mas o país ainda não tem nada para tirar proveito disso”- apontou Nevin.

Ele observou que as promessas do governo para iniciar uma agenda de reformas não são novas.

Precisou que através de uma acção firme, Malawi poderia progredir no combate a corrupção e fraude e na actualização da lei sobre branqueamento de capitais, mas nada disso está acontecer.

O Alto-Comissário da Grã-Bretanha exigiu mais entrega do governo na sua agenda de reformas através de planos que devem traduzir-se em impacto na vida dos cidadãos.

Para Michael Nevin não basta apenas falar de reformas, sem que isso tenha reflexo na maneira como o Estado funciona, através da adopção de planos de irrigação que combinados com uma reforma agrária mais ampla podem evitar que a fome possa afectar os malawianos.

Reagindo aos recados do diplomata britânico, o ministro das finanças Goodwal Gondwe disse que no que toca  as finanças públicas, as reformas estão em curso para se evitar a repetição de casos de corrupção e fraude como o Cashgate.

Ele  também disse que o governo está a engajar pessoas diferentes para que as reformas sejam um sucesso, e que a prestação de contas e a transparência sejam pilares da governação malawiana.

“Parece que o processo é lento, mas como governo estamos comprometidos a encontrarmos soluções, mas os recursos são escassos”- afirmou Goodwal Gondwe.

Mas o Alto-Comissário britânico insistiu que as promessas do governo em relação as reformas parece que não sérias.

Pouco depois de assumir o poder em Maio de 2014, o presidente Peter Mutharika embarcou num programa de reformas do sector público presidido pelo seu vice Saulos Chilima para melhorar a prestação de serviços e conferir maior transparência.

Malawi é um país fortemente dependente dos doadores internacionais, entre os quais, o seu antigo colonizador, a Grã-Bretanha.

Isto leva alguns criticos a dizer que Malawi é um país praticamente governado pelos doadores.

Em Maio de 2011, o falecido presidente Bingu wa Mutharika, mano do actual líder malawiano expulsou o Alto-Comissário britânico Cochrane Dyet, e na altura o malogrado estadista justificou que apesar da Grã-Bretanha ser o maior doador do Malawi esta não pode ser a razão para o seu representante insultar  o país.

“Não podemos aceitar que alguém, apenas porque o seu país nos dá dinheiro, venha insultar o governo e a mim, vosso dirigente”- explicou Bingu wa Mutharika.

O Alto-Comissário britânico Cochrane Dyet  foi declarado persona no grata e expulso do país com base numa correspondência para o departamento dos negócios estrangeiros em Londres onde Bingu wa Mutharika era tratado como autocrata e que não tolera críticas.

Em retaliação, a Grã-Bretanha expulsou a encarregada de negócios do Malawi em Londres Flossie Gomile-Chidyaonga.

Foi a primeira vez que um país africano membro da Commonwealth expulsou o representante da Rainha e a atitude do Malawi teve consequências graves nas relações com o seu antigo patrão.  

 

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