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Crescem protestos contra xenofobia

Por admin

Cresce na região o movimento de protesto contra a onda de xenofobia na África do Sul ao mesmo tempo que alguns países, nomeadamente, Moçambique, Malawi e Zimbabwe já accionaram programas de emergência  para o repatriamento dos seus cidadãos da terra do rand.

Esta semana começou o repatriamento de moçambicanos devido a crescente onda de ataques xenófobos  naquele  país.

O repatriamento ocorre numa altura em que dois moçambicanos perderam a vida em Kwazulu Natal, particularmente em Durban.

O ministro do Interior Jaime Monteiro deslocou-se a Durban na África do Sul para acompanhar o processo, sendo que subiu para quatrocentos o número de moçambicanos afectados pela xenofobia.

Além de moçambicanos a violência contra estrageiros tem visado cidadãos do Malawi, da República Democrática do Congo, da Somália, do Bangladesh e da Etiópia.

Anteriormente, o governo moçambicano havia anunciado a criação de um grupo multi-disciplinar para apoiar e monitorar a situação dos seus compatriotas que se encontram na África do Sul.

Em paralelo, o governo criou dois centros de trânsito para facilitar o regresso dos moçambicanos ao país.

No Malawi o governo desencadeou uma mega operação para o repatriamento voluntário dos seus cidadãos na África do Sul.

O governo de Lilongwe prevê repatriar cerca de quatrocentos malawianos que deverão começar a chegar ao país este domingo ou amanhã, via terrestre.

Há relatos sobre o ferimento de alguns malawianos e outros despojados dos seus bens.

A  violência em Durban começou quando o Rei zulu Goodwill  Zwelithini do Kwazulu-natal  desafiou os estrangeiros a fazer as malas e ir embora aos seus países.

Em Kwazulu-natal a palavra do rei é quase uma ordem.

O porta-voz governo do Malawi Kondani Nankhumua disse que o executivo de Lilongwe está envidar esforços para repatriar todos aqueles que imigraram para África do Sul.

Por uma questão de segurança estamos a repatriar os nossos concidadãos para regressar ao Malawi são e salvos e o governo vai ajudar a todos aqueles que precisarem”- disse Kondwani Nankhumwa.

Ele referiu que o Alto-Comissariado do Malawi em Pretória em coordenação com as autoridades sul-africanas optou pela emissão de documentos de viagem temporários para todos os malawianos que perderam os seus passaportes.

A logística de transporte poderá custar ao governo malawiano cerca de oitocentos mil dólares para o aluguer de autocarros, para além de outros arranjos de natureza administrativa.

Apesar da onda de violência xenófoba, alguns malawianos recusam-se a regressar ao país, alegando que preferem se manter na África do Sul e não regressar ao Malawi para morrer de fome.

O governo sul-africano já condenou a violência e o presidente Jacob Zuma criou já uma comissão  ministerial para avaliar a situação.

Nós reiteramos que não há justificação para os ataques contra estrangeiros”- disse Jacob Zuma.

Zuma afirmou que nem todos os estrangeiros na África do Sul são  ilegais sublinhando que muitos deles estão a contribuir para a economia com o seu trabalho.

O Zimbabwe, por seu turno, anunciou o repatriamento urgente dos seus cidadãos na África do Sul.

O governo de Harare criou uma comissão ministerial que vai gerir o processo de repatriamento.

Segundo informações avançadas pelo ministro zimbabueano dos negócios estrangeiros Simbarashe Mumbengegwi , as oitocentas pessoas afectadas estão acampados em Chatsworth, em Durban, sendo que “expressaram o desejo de regressar ao país no encontro mantido com os funcionários do Alto-Comissariado em Pretória que foram visitá-los”.

Entretanto, segundo afirmou os funcionários da embaixada deparam-se com alguns problemas relativamente às mulheres sul-africanas que pretendem viajar com os seus maridos para o Zimbabwe.

GOVERNO SUL-AFRICANO

DEVE AGIR RAPIDAMENTE

Os activistas da sociedade civil defendem que o governo sul-africano deve agir para acabar com a xenofobia e investigar as suas causas para que actos violentos não voltem a se repetir, que só acabam manchando a imagem da África do Sul, até porque, de acordo com comentaristas, a Declaração de Viena e o Programa da Acção das Nações Unidas adoptado em 1993, preconiza que a África do Sul tem a obrigação de proteger a vida de todos os estrangeiros que vivem no país.

Alguns parlamentares zimbabueanos acabaram entregando uma petição ao Alto-Comissariado da África do Sul em Harare exigindo o fim da violência xenófoba.

Enquanto isso, o Alto-Comissário da Zâmbia na África do Sul Muyeba Chikonde assegurou que nenhum zambiano está afectado pela xenofobia  na cidade sul-africana de Durban.

Maior parte dos zambianos na RSA vive longe das áreas afectadas pela xenofobia.

Não obstante, os zambianos marcharam na capital Lusaka contra a onda de xenofobia na África do Sul.

O Botswana, outro vizinho da África do Sul também está a monitorar a situação no terreno, tendo em conta que milhares de tswanas  estudam e trabalham naquele país.

O ministério dos negócios estrangeiros e cooperação internacional anunciou que até agora não foi reportada nenhuma vítima mortal do Botswana em conexão com os incidentes ligados a xenofobia.

Nos últimos dias circulam mensagens nas redes sociais sobre a necessidade de reforçar a condenação dos actos xenófobos e um eventual boicote dos produtos sul-africanos.

Avelino Mucavele, em Blantyre, Malawi

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