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Vítimas das enxurradas quase ao relento

Por admin

As famílias que se encontram no centro de acomodação de Inhagóia, na cidade de Maputo, criado para acolher as vítimas de inundações causadas pelas chuvas fortes que 

se fizeram sentir nos últimos dias, estão quase ao relento e vivem em ambiente deplorável.

 

O centro acolhe cerca de 21 famílias, dos quais cinco provenientes do bairro 25 de Junho e 16 oriundos de Inhagoia ˝A˝ e ˝B˝, respectivamente.

 

As vítimas dormem em recinto improvisado, coberto de chapas de zinco, vedado de mantas e capulanas esfarrapadas, deixando algumas aberturas por onde entram as correntes de ar.

No mesmo compartimento, onde preparam refeições, eram visíveis as roupas, esteiras, colchões e panelas amontoados em vários cantos, de acordo com a distribuição das famílias.

A nossa Reportagem efectuou uma visita aquele centro de acolhimento onde os ocupantes foram unânimes em afirmar que o local não reúne as mínimas condições para albergar pessoas de diferentes idades.

Mais adiante, as vítimas queixaram-se da má distribuição de alimentos por parte das autoridades que prestam assistência alimentar, alegando que se dá pouca comida a cada família. O Instituto Nacional de Gestão e Calamidades (INGC) distribuiu a cada agregado, na quinta-feira passada, 5quilos de arroz, três de farinha de milho, um litro de óleo, um de sal, cinco latas de sardinha, um quilo de açúcar e cino canecas de feijão, para um período de uma semana.

“Desde que amanheceu ainda não comemos nada, porque já acabamos a comida oferecido na semana passada. Só agora que estou a confeccionar feijão sem arroz para conseguirmos almoçar”, lamentava, antes da distribuição deste farnel, Argentina António, mãe de três filhos e residente no bairro de Inhagóia ˝A˝,  

A fonte acrescentou que “ontem (quarta-feira passada), os meus vizinhos é que me socorreram na comida para as crianças, porque já estavam a choramingar de fome”, disse.     

Argentina António contou-nos que não sabe quando irá regressar à sua casa porque ela ainda está completamente inundada e todos os bens ficaram molhados na sequência da chuva. No entanto, conseguiu tirar alguns pertences, como colchões e esteiras, mantas, panelas e roupas.

As vítimas das enxurradas ali albergadas contaram à nossa reportagem que a situação em que vivem naquele centro de acolhimento é complicada. Não se conseguem mexer para desenvolver nenhuma actividade de rendimento como fazem habitualmente nas suas casas. Nas suas residências, vendem alguma coisa para conseguirem dinheiro para comprar alimentação de modo a sustentarem os seus filhos. No centro, estão de mão atados à espera de gente de boa fé para lhes apoiar.

Segundo relataram, para os que não conseguiram tirar os seus pertences das casas inundadas, estão a passar mal, porque ali faltam materiais como, redes mosquiteiras, colchões, cobertores e esteiras. “Estamos cansados de viver nestas condições. A escassos metros atrás deste pavilhão, há água estagnada e estamos expostos a várias doenças da época chuvosa, como malária, cólera e diarreias agudas. O Ministério da Saúde (MISAU) enviou uma equipa para pulverização do centro de acolhimento. Foi de balde, porque ainda continuamos a sofrer de mosquitos que provocam malária”, disse Raelina Jordão, mãe de dois filhos, outra vítima de inundações, acolhida no centro de Inhagóia.

Por seu turno, Felisberto Soquisso, secretário de bairro de Inhagoia ˝A˝ disse que as famílias que não têm agora meios como colchões, redes mosquiteiras é que elas receberam quando foram afectados pelas inundações do ano passado. “O Instituto de Gestão e Calamidade tem conhecimento desta situação”.

Isto é intrigante, quando se sabe que no ano passado, as pessoas afectadas receberam terrenos para saírem das zonas que habitualmente se alagam em Inhagóia.      

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