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Houve confrontos em Mussatua

Por admin

Texto de Domingos Boaventura

A região de Mussatua, no interior do distrito de Gondola, província de Manica, foi palco na passada sexta-feira de confrontos armados envolvendo as forças de Unidade de Intervenção Rápida (UIR) e os homens da Renamo.

Logo pela manhã da última sexta-feira, os residentes de Mussatua depararam-se com um forte contingente militar que se dirigia à Chicaca, para onde o líder da Renamo se havia refugiado, depois do ataque do passado dia 25 de Setembro, na Estrada Nacional Número Seis (EN-6).

Antes de chegar ao local, a força da Unidade de Intervenção Rápida foi recebida a tiro e à queima-roupa vindos do lado da Renamo. Em resposta à atitude dos homens armados da Renamo, as forças governamentais abriram fogo contra os atacantes.

Fontes populares afiançaram que confronto de Mussatua deixou um número considerável de mortos. A nossa reportagem que esteve no local poucas horas depois do confronto militar, soube que a troca de tiros começou por volta das 7 horas e o mesmo aconteceu a escassos metros da Escola Primária de Mahonhe, onde a Renamo havia instalado o seu mini- quartel para combater as forças governamentais.

Na sequência desse incidente, a vida parou completamente em Mussatua e outras zonas circunvizinhas. Por causa da presença das forças da UIR e homens armados da Renamo naquele território, a população abandonou as suas casas e refugiou-se em Gondola, Inchope, cidade de Chimoio e outras regiões à procura de paz.

O comércio também ficou interrompido. Na sexta-feira e sábado de manhã, todos mercados e quiosques estavam fechados. As escolas e unidades sanitárias igualmente não abriram as portas.

Na rua, foi possível ver dezenas de pessoas entre crianças, jovens e adultos a abandonar a zona, sem destino certo. Uns iam à casa de familiares noutros povoados, enquanto outros caminhavam em direcção à cidade de Chimoio à busca de abrigo.

Riva Mário, um dos jovens que abandonou a zona de conflito, em conversa com o domingocontou que saiu de casa sem saber o que ia encontrar adiante. Deixou todos seus bens, nomeadamente, casa, machamba, cabritos e parte da rua roupa, caminhando para Gondola para se escapar da acção armada.

"A situação está mal aqui na zona. Minha esposa e filhos já saíram para Gondola. Eu demorei, porque não tinha com quem deixar os meus bens. E uma vez que vejo mais militares a entrarem para a zona de conflito, não tenho outra opção senão seguir viagem para a vila. Não tenho família, vou-me arranjar. Se for para dormir na rua, dormirei, porque não tenho outra opção. Importante é estar vivo até que a vida volte à normalidade".

Viver em Mussatua tornou-se um caos nos últimos dias com a presença dos homens armados da Renamo.

Marta Agostinho Penicela, uma professora com quem domingose deparou na estrada disse ter preferido dispensar os seus alunos “porque o clima está tenso. A escola está inundada de militares. Não há ambiente para continuar a dar aulas. Muito cedo ouvimos disparos. Os tiros vinham de todo lado. A única coisa que fiz foi mandar embora os alunos para casa, de forma a estarem junto dos seus pais. Eu saí a correr até à estrada principal. Estou a seguir para cidade, só regressarei quando tiver certeza do término do conflito aqui na zona. Não dá para mais nada”, disse aquela cidadã, para quem o governo e a Renamo devem encontrar uma saída para devolver a paz aos moçambicanos

"O único remédio para isto é o diálogo. As partes devem encontrar-se e discutir as suas diferenças e resolver tudo o que trás desentendimento que desagua em conflitos. O povo quer paz e essa paz está com essas duas partes. Estamos cansados da guerra. Vivemo-la durante 16 anos. Foram anos sangrentos e que deixaram sequelas que até hoje não passam”, desabafou Marta Agostinho Penicela, com um semblante de angústia.

Domingos Boaventura

 
mingoboav@yahoo.com

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