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CRISE POLÍTICA: Táctica de negociação fenomenal

Por admin

Texto de André Matola
andre.matola@snoticicas.com
−Paulo Watche, docente do Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI)

O académico e analista político Paulo Watche afirma que o passo seguinte após a saída de Robert Mugabe do poder, num processo a que ele chama de “golpe de Estado ultra-moderno”, porque jamais visto nos moldes que está a decorrer, será a formação de um Governo de Unidade Nacional (GUN) que poderá ser encabeçado pelo ex-vice-presidente do Zimbabwe Emmerson Mnangagwa. A entrevista com Watche decorreu na tarde de sexta-feira, no mesmo dia em que o Presidente Mugabe assistiu a uma cerimónia de graduação na Universidade Aberta de Harare. Ontem milharesde zimbabweanos saíram à rua exigindo a resignação do ainda Chefe de Estado.

Como é que se pode pensar ou interpretar a situação no Zimbabwe?

É um “golpe palaciano” mas que não retira dignidade a Mugabe se quisermos comparar com outros golpes de Estado que acabam com morte ou fuga. O “golpe” desencadeado pelas Forças Armadas do Zimbabwe há-de ser marcado na história porque é permeado por negociações. Isso não é normal em golpes de Estado. Não é normal quando a tomada do poder envolve negociação de militares. Normalmente eles não estão para negociar, mas sim para fazer guerra ou paz, por um lado.

E por outro?

Assistimos a um fenómeno em que as Forças Armadas dizem querer retirar os criminosos à volta do líder, mas que o chefe é Robert Mugabe. Ele não perdeu, na minha opinião, a áurea de herói nacional. Mugabe não é visto como criminoso e nem os militares querem pôr-lhe essa áurea. Talvez reconheçam em parte ou em grande parte a sua senilidade no sentido de que ele já não tem capacidade de reflectir por si próprio e está sendo tomado por outras forças e o álibi usado é a esposa.Então…

 

Aconteça o que acontecer no Zimbabwe, Robert Mugabe vai permanecer herói. A esposa é que será vista como grande vilã. Do meu ponto de vista, tudo o que está a suceder no Zimbabwe deriva do facto de ele não estar a gerir, provavelmente, bem a sua sucessão na liderança.

Por exemplo…

Quando toda esta confusão arrancou faltavam quinze dias para a realização da Conferência Nacional da ZANU-PF de onde sairá o próximo candidato do partido às eleições presidenciais de 2018. Os militares consideram-no libertador e nacionalista. Será muito difícil apagar Mugabe enquanto lutador pela independência, líder africano e do Zimbabwe. Temos de exaltar também a abordagem negocial das Forças Armadas.

Porquê?

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