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CORRUPÇÃO: Ministério da Saúde manda inspectores ao Hospital Central de Maputo

Por admin

O Hospital Central de Maputo (HCM) tem a Inspecção à perna desde a passada sexta-feira. Em causa está a denúncia de cobranças ilícitas e de mau atendimento na enfermaria de Geriatria, actos tornados públicos na última edição dodomingo.

A ministra da Saúde, Nazira Abdula, não ficou indiferente à última reportagem do domingo intitulada “Cobranças ilícitas na enfermaria de Geriatria”.

A mesma denunciava cobranças de consultas e tratamentos médicos em movimentos fora do caixa do hospital, ao abrigo de um mecanismo encoberto de transformação de enfermarias de serviço público em clínicas privadas com prestação de serviço paralelo, domiciliado em áreas comuns.

Martinho do Carmo Dgege, inspector-geral da Saúde, já credenciou os inspectores Robate Quenesse Megessane e Zélia Cartina Matana Machango, a fim de efectuarem actividades inspectivas na enfermaria de Geriatria do Hospital Central de Maputo.A esta equipa juntou-se também o inspector Domingos Fabregas.

Antes de avançarem ao local dos acontecimentos, os inspectores visitaram o nosso jornal para colherem mais subsídios em torno da reportagem em causa.

“Representamos o Ministério da Saúde. Queremos apurar o que aconteceu, efectivamente, no Hospital Central de Maputo”, disseram.

DIRECÇÃO DO HCM REAGE

Em declarações ao domingo, o director do Hospital Central de Maputo, João Fumane, revelou que está preocupado com as informações que denunciam cobranças ilícitas na Geriatria.

Prometeu cooperar com a equipa da Inspecção do Ministério da Saúde (MISAU). “Se forem detectadas evidências de cobranças e mau atendimento iremos agir, de acordo com a lei”, referiu.

Sublinhou que num passado recente o HCM viu-se forçado a expulsar uma médica, também cubana, afecta à Neurologia, igualmente associada a cobranças ilícitas.

De notar que a inspecção do MISAU fará incidir investigações em torno de acções que relacionam outra médica cubana, acusada de trabalhar com uma rede de enfermeiras num esquema de cobranças ilegais aos doentes.

Trata-se da geriatra Soila Rege que substituiu a sua compatriota Odalmis Chacon Borres, cujo contrato de trabalho chegou ao fim. Esta última, também associada a cobranças na Geriatria, em parceria com enfermeiras moçambicanas, acabou escapando da mira da Inspecção.

O director do HCM admitiu que há cobranças ilícitas envolvendo os seus funcionários. Sublinhou que até 31 de Agosto do ano em curso foram processados sete funcionários associados a este tipo de cobranças, dos quais uma enfermeira da enfermaria de Ginecologia, dois técnicos administrativos e três técnicos de laboratório.

“Destes um foi demitido, estando em curso a tramitação de processos para os restantes”,disse o nosso entrevistado, acrescentando: “Não estamos a dormir”.

Fumane ressaltou, desta forma, que “as cobranças não são um fenómeno de hoje” e destacou, para o seu combate, a implementação de uma estratégia que começou a surtir algum efeito.

“Distribuímos panfletos a chamar atenção para cobrança oficial, com recibos, e incentivamos pagamentos via POS”, apontou.

Na sua última edição, domingo publicou o número de telefone de uma das enfermeiras envolvidas no esquema de cobrança paralela aos doentes na enfermaria de Geriatria. Perguntámos ao director do HCM  que atitude a direcção tomou.

Respondeu nos termos que se seguem: “Tentámos ligar para o número de telefone mencionado. A enfermeira apercebeu-se que estava em problemas e desligou. O número já não chama”.

De referir que o número, 84 1617980, esteve interligado à rede whatsapp. Agora já não chama, tendo desaparecido a fotografia e o perfil do titular logo após a sua publicação no jornal.

Mas o director João Fumane está tranquilo sobre o assunto. “Ela foi alertada. Contudo, sabemos que os colegas conhecem o número. Vão colaborar. Deixemos a Inspecção do ministério trabalhar”, afirmou.

Para o nosso entrevistado, não há dúvidas que existe na Geriatria uma rede criminosa. “Temos de identificá-la. Apenas lamento o facto de os doentes terem ficado muito tempo sem fazer a denúncia. Desta forma, durante muito tempo, ficaram ocultados mecanismos de cobranças ilícitas, paralelas”, ajuntou.

Texto de Bento Venâncio
bento.venancio@snoticicas.co.mz

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