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Turistas regressam em massa

Por admin

Texto de Angelina Mahumane

As praias da província de Inhambane, no sul do país, estão como nos bons e velhos tempos. Repletas de turistas idos dos mais variados cantos do mundo, com particular destaque para nacionais, sul-africanos e zimbabueanos. Depois da “seca” que se assistiu na transição do ano 2013 para 2014, desta vez, parece faltar sol e mar para tamanha procura.

Lá se foram os tempos das vacas magras para o sector de hotelaria e turismo da província de Inhambane que, no ano passado, passou o verão literalmente “a ver navios” na sequência do impacto das trocas de tiros que decorriam na região de Muxúngue, distrito de Chibabava, e também em Gorongosa, na província de Sofala.

Porque a tensão político-militar parecia não conhecer um limite geográfico específico e porque as notícias veiculadas além fronteiras se referiam a mortes e feridos, quase todos os turistas optaram por cancelar as suas viagens para Moçambique na quadra natalícia e de fim do ano de 2013 para 2014.

Como resultado disso, algumas estâncias turísticas viram-se forçadas as fechar as portas e a dispensar a mão-de-obra na perspectiva de contornar os avultados prejuízos que se avizinhavam. Outros, movidos pela audácia, experimentaram embarcar num regime de “saldos” que, mesmo assim, não surtiram grande efeito.

Felizmente, para a presente época de verão, os operadores de Inhambane tem razões de sobra para esfregar as mãos de contentamento porque, conforme apurámos, as cerca de 16 mil camas espalhadas por 580 estâncias turísticas estão ocupadas.

Como resultado da afluência às praias, cidades e vilas costeiras, há indicações de que terá havido alguns atropelamentos e choques entre carros, o que em parte resulta da falta de respeito pelas mais elementares regras de trânsito pelos automobilistas e peões, assim como pelo consumo de bebidas alcoólicas por ambos.

À excepção deste quadro negro, de Zavala a Nova Mambone, passando por Inharrime, Jangamo, cidade de Inhambane, Maxixe, Massinga, Vilankulo e Inhassoro, as estâncias turísticas estão a experimentar momentos que apontam para lucros que deverão se reflectir nas receitas.

Mesmo a propósito de lucros e receitas fiscais, o sector de turismo ao nível da província de Inhambane refere que faz todo o sentido que a Autoridade Tributária de Moçambique (AT) actue junto de todos os operadores porque, desta vez, houve casa cheia. Na modéstia, diz-se que aquela província está com 99 por cento de ocupação.

Em termos comparativos, e segundo Bento Nhassengo, director provincial de Turismo, em 2013, Inhambane registou um retrocesso no que concerne ao número de turistas que escalaram aquele ponto do país onde se esperava pela chegada de mais de 100 mil turistas.

 “Na época festiva de 2013 recebemos cerca de 40 mil, o que é muito pouco quando comparado com as nossas expectativas e planos, o que esperamos que não se volte a repetir tendo em conta os prejuízos sociais e económicos associados”, disse.

No entanto, para o período que iniciou em finais de Novembro e segue até a primeira quinzena de Janeiro (cerca de 60 dias), dados disponíveis apontam para lotação esgotada. “Há quem vem para passar este período, que é o pico do verão, outros preferiram vir antes do Natal e outros vem depois. Acreditamos que até ao dia 15 de Janeiro continuaremos a receber turistas”, frisou.

domingoapurou que desde 2011 que a província de Inhambane tem registado grande afluência de turistas nacionais, contrariando os anos anteriores quando só os estrangeiros se faziam àquele ponto.  Um dos motivos que levou ao aumento dos nacionais está ligado à melhoria das vias de acesso, com destaque para a conclusão das obras Xai-Xai – Chissibuca e outros troços internos.

Além daqueles distritos tradicionalmente conhecidos, existem alguns que estão a despontar como é o caso de Inharrime e Zavala, com estabelecimentos, na sua maioria de categoria de Lodjes de três estrelas, ligados aos serviços de sol e praia, que prestam serviços de self catering, (onde os utentes podem levar e confeccionar as suas próprias refeições), com capacidade para seis ou mais pessoas.

A quadra festiva de 2014 para 2015 está superar de longe àquilo que foi a procura em 2013,que tivemos uma ligeira queda relativamente às nossas projecções iniciais, tendo em conta que nos anos anteriores vínhamos registando um crescimento acima de 20 por cento”, referiu Nhassengo.

No que concerne ao movimento turístico, a província de Inhambane tem aquilo que classificam por sazonalidade acentuada, que consiste no aumento da procura no período da Páscoa, com uma grande presença de turistas estrangeiros, sobretudo sul-africanos e zimbabueanos, e no Final do Ano onde nacionais e estrangeiros se mesclam e mudam por completo o ambiente da província.

Novos estabelecimentos

Festas a parte, Bento Nhassengo afirma que o sector que dirige tem estado em franco crescimento e uma das provas é dada pelas áreas de conservação, nomeadamente parques e reservas nacionais, que contribuíram significativamente para as receitas da província.

Tínhamos projectado a colecta de 595 milhões de meticais até Setembro de 2014 e conseguimos cerca de 465 milhões de meticais, corresponde 78 por cento”, sublinhou.

Relativamente aos novos estabelecimentos, foram projectados, para 2014, 76, dos quais 28 entraram em funcionamento, o que corresponde a um grau de execução de 36.8 por cento.

Paralelamente a isto, foram desenvolvidas algumas acções de formação ligadas ao sector do turismo, que abrangeram cerca de 175 pessoas e iniciou um curso de formação profissional, no centro de Formação que está a funcionar na Escola Superior de Hotelaria e Turismo, outro centro entrou em funcionamento na Massinga, com vista a responder às exigências do sector.

Esta componente é de carácter permanente e contínua, pois os nossos trabalhadores devem estar preparados para a pressão que sofremos em determinadas épocas, sobretudo na festiva, que requer muita disponibilidade e energia”, referenciou Bento Nhassengo.

Em relação ao número de trabalhadores, a província conta com mais de seis mil empregados, representando mais de 50 por cento da massa laboral na região o que leva Nhassengo a afirmar que “o turismo estimula o desenvolvimento de outros sectores, temos como exemplo o distrito de Vilankulo que, se desligarmos o turismo da vida do distrito, o aeroporto pode fechar. Acima de 90 por cento das pessoas que escalam Vilankulo são turistas”.

Para o ano de 2015 a expectativa está em alta, o sector de turismo vai estimular a realização de eventos de âmbito cultural, como festivais, gastronomia, artesanato e moda para mobilizar turistas, sobretudo nacionais.

Angelina Mahumane

vandamahumane@gmail.com

 

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