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Sectores endividados poderão ser mais afectados

Por admin

A desvalorização da moeda moçambicana, o Metical, está a preocupar o empresariado nacional, que teme que os sectores mais endividados, nomeadamente, a indústria, construção e obras públicas e transportes e comunicações entrem em colapso. A Confederação das Associações Económicas (CTA) veio a público anunciar medidas com vista a amenizar o impacto que a flutuação cambial está a causar na economia.

Numa altura em que a economia mundial está a ressentir-se da alta do dólar e muitos países estão a registar uma desaceleração no seu crescimento, o Banco de Moçambique (BM) anunciou, semana finda, medidas com vista a reforçar a restrictividade da política monetária para fazer face à persistente queda de preços internacionais das mercadorias e do fortalecimento do dólar americano.

Essas medidas consistiram no aumento da taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência (FPC) em 50 pontos base, a taxa de Juro da Facilidade Permanente de Depósitos (FPD) em 75 pontos base e em 150 pontos o Coeficiente de Reservas Obrigatórias (RO).

Por essa razão, a CTA veio a público mostrar a sua preocupação em relação ao incremento, pela segunda vez, em menos de um mês, das taxas de juro e de referência, numa altura em que a depreciação do metical toma níveis alarmantes.

Aquela agremiação acredita que o impacto negativo far-se-á sentir mais nos sectores endividados, nomeadamente a indústria com cerca de 11 por cento, construção e obras públicas com mais de sete por cento e transportes e comunicações com cerca de sete por cento.

Mesmo nas linhas especiais de crédito, na agricultura, o custo do dinheiro irá aumentar, dado que a taxa de juro base de facilidade permanente de cedência aumentou de 7.25 para 8.75 por cento. Neste contexto a base para a captação de divisas estará comprometida e elas continuarão a escassear no mercado”, disse Rogério Samo Gudo, Vice-presidente da CTA.

Outro aspecto negativo que se verifica nos últimos meses é que se no início do ano em um dia era possível conseguir a quantidade de divisas para a importação, actualmente deve se esperar mais de uma semana, o que evidencia um sinal de baixa disponibilidade de divisas no mercado.

Com vista a minimizar os impactos a nível nacional aquela agremiação exortou ao governo, Banco de Moçambique e aos empresários a tomarem medidas adequadas.

Ao Governo pedimos que no seu Plano Económico Social bem como Orçamental de Estado para 2016 inclua medidas específicas e transitórias para apoiar o sector produtivo a minimizar os efeitos negativos da actual conjuntura”.

Uma das medidas que podem ser tomadas é a reorientação dos subsídios que podem ser focalizando na produção como medida transitória. Por outro lado, existe a possibilidade de rever os contratos de prestação de serviços e fornecimentos de bens, resultantes de concursos públicos.

Ao Banco de Moçambique, que avalie a possibilidade de introduzir um sistema de câmbio administrativo de importação de factores de produção de bens essenciais.

Os investidores e empresários devem ser prudentes nas suas decisões para o exercício económico de 2016, nomeadamente optar pela contenção de custos. Este grupo deve ter em conta o que for essencial para a produção e ver a capacidade interna de fornecimento de matérias-primas e bens.

Tanto quanto possível os empresários devem olhar a matéria-prima que o mercado fornece porque isto reduz a exposição em relação ao fornecimento externo. “Temos os casos de moageiras que importam milho, quando existe internamente temos que maximizar a compra no mercado interno. Estamos a apelar isto porque a situação que o país está a atravessar não é bom”, sublinhou.

Acrescentou que “aCTA, como representante do sector privado empresarial, estará sempre disponível para amparar o empresariado a estabelecer sinergias e ligações empresariais que possam reduzir a exposição as flutuações cambiais em relação a taxa de câmbio”.

 

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