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Rombos no Limpopo inundam Chókwè e Guijá

Por admin

Quatro rombos que se abriram ao longo do Rio Limpopo, que chegou a atingir o nível de alerta (7.9 metros), deixaram diversas culturas submersas, zonas isoladas e estradas cortadas nos distritos de Chókwè e Guijá, em Gaza. Entretanto, nos últimos dias, a situação começou a normalizar.

Os distritos de Chókwè e Guijá passaram por momentos desesperadores nas duas últimas semanas. Ao atingir o nível de 7.9 metros, o volume da água do Rio Limpopo cresceu e chegou a entrar no regadio a uma velocidade considerada anormal tendo, por isso, necessitado de uma rápida intervenção do governo distrital, através da Hidráulica do Chókwè (HICEP), que realizou todas as diligências necessárias, usando o equipamento ao seu dispor para criar alguns desvios. 

domingovisitou, recentemente, estes locais e em conversa com  Adolfo Macie, secretário permanente de Chókwè, ficou a saber que asituação chegou a ficar bastante complicada no canal geral e a água quase invadiu a cidade, por isso,“tivemos que mobilizar a maquinaria para estancar o desabamento que estava a acontecer e depois fomos identificar locais onde tivemos cortes ao longo do canal de forma a devolver a água para o rio. Esta operação surtiu grandes efeitos, por essa razão não chegou a criar nenhum estrago ao nível da cidade”.

Como resultado, algumas culturas, cuja dimensão não conseguimos apurar, foram perdidas, a saber o arroz, milho (em grande escala) e hortícolas diversas, plantadas nas zonas ribeirinhas, nos postos administrativos de Macarretane, Chilembene e Lionde e nas zonas verdes da Cidade de Chókwè. Contudo, existe a possibilidade de serem recuperados alguns campos de arroz, uma que esta cultura é mais tolerante à água.

 Do outro lado de Chókwè, encontrámos a aldeia de Chiguaxim isolada há duas semanas. Segundo constatámos, a água galgou a ponte Chiúta- Mabunda, recentemente construída e, até semana passada, aquela aldeia só se comunicava através do Chibuto.

Entretanto, neste momento, o caudal do Rio Limpopo começou a baixar, tendo pouco mais de 6.50 metros. A velocidade, também, reduziu. O governo distrital contratou uma empresa para trabalhos de manutenção, estando no momento a fazer o tapamento dos rombos.  

Mesmo assim, pelas informações que foram avançadas pela ARA-Sul, que é a entidade competente para transmitir informações de previsões hidroeléctricas, os caudais do Rio Limpopo vão continuar altos, mas sem, no entanto, colocar em risco a população de Chókwè.  

Adolfo Macie, secretário permanente de Chókwè, falando sobre a situação prevalecente,alertou:“poderão ocorrer pequenas inundações nas zonas ribeirinhas. Por isso, continuamos a apelar às populações para que se mantenham de prontidão e retirem as suas maquinarias depois das jornadas de trabalho, para que não se perca nenhum equipamento, uma vez que ainda estamos na época chuvosa.

Tendo em conta que a época chuvosa continua, as entidades governamentais do Chókwè têm aconselhado a população a ficar alerta e, em caso de necessidade, dirigir-se aos centros de reassentamento, onde, foram colocadas infra-estruturas básicas, designadamente, energia, sistemas de abastecimento de água, fontes com bombas manuais nas zonas de reassentamentos, para acolher condignamente a população em situação de perigo.

DIQUE DE DEFESA

PODE SALVAR CHÓKWÈ

O secretário permanente distrital de Chókwè, Adolfo Macie, acredita que uma das soluções para evitar cheias que se verificam nos últimos anos naquele distrito seria a reabilitação do dique de defesa que consistiria na elevação da altura e aumento da secção.

Com esta infra-estrutura, poderia minimizar-se este tipo de inundações, pois absorveria a água, que mais tarde poderia ser usada para a irrigação dos campos de cultivo” disse Macie.

Paralelamente a isso, existe outra solução, que passaria pela reabilitação das descargas de fundo da Barragem de Massingir. Essa acção permitiria criar uma capacidade de encaixe suficiente para amortizar toda a água que entra na época chuvosa.

Actualmente, aquela barragem funciona a um nível de enchimento de 70 a 80 por cento, o que deixa pouca manobra de gestão das águas em situações de cheias.

Entretanto, “o nosso sonho é a construção da Barragem de Mapai, que ajudaria a criar condições para que as inundações não tenham impactos que têm tido até ao momento”, concluiu.

GUIJÁ SÓ TEM SAÍDA

ATRAVÉS DE CHÓKWÈ

O distrito de Guijá também sofreu devido aos rombos ao longo do Rio Limpopo. O drift, em construção, que liga a vila de Caniçado e Chicualacuala, teve dois cortes, sendo que o governo distrital disponibilizou barcos para permitir a travessia da população.

Outro corte verificou-se entre os postos administrativos de Chivonguene e Mubonguene, o que impossibilitou a comunicação directa com a sede do distrito, sendo que a única saída em condições é a via Caniçado-Chókwè, através da ponte.

No troço Caniçado-Ntomanine, também em construção, que liga Chicualacuala com Guijá, foi colocado um barco para garantir a travessia de pessoas e bens, principalmente para os professores que leccionam naquele ponto de modo a não faltarem às aulas.

Argentina Manhique, secretária permanente distrital de Guijá, disse à nossa Reportagem que foram perdidas várias áreas de culturas. Dados provisórios apontam para mais de 500 hectares de culturas perdidos em Chibanguene e Chivonguene.

No que diz respeito às áreas residenciais, Manhique afirmou que “não temos nenhum reassentado, porque a água não atingiu estas zonas, mas os centros de reassentamentos que temos ao nível do distrito continuam abertos e a população das zonas de risco tem procurado, em casos de emergência, esses centros, nomeadamente, 7 de Abril, Ntomanine e Chinhocuanine”.

ÁGUA DESPEJADA

PELOS SUL-AFRICANOS

Dados colhidos pela nossa Reportagem indicam que a água que invadiu aquele distrito resultou da abertura das barragens pela vizinha África do Sul, e também chegou a atingir o nível máximo de alerta que é de sete metros. 

Tivemos que fazer um esforço no sentido de fechar alguns desses rombos ao nível da vila para que a água não chegasse ao distrito. De contrário, provavelmente a vila de Caniçado já teria água resultante da onda de descargas efectuadas”.

Mesmo assim, Manhique recomendou aos residentes de Guijá a tomarem as devidas precauções, uma vez que o período chuvoso começa no mês de Outubro a Março, sendo este mês o período mais crítico. Por essa razão, foram reactivados os comités locais de gestão de calamidades para trabalhar na sensibilização das comunidades aos diversos níveis.

 

Angelina Mahumane

vandamahumane@gmail.com

Fotos de Alfredo Mueche 

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