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Gorongosa luta contra caçadores furtivos

Por admin

O Parque Nacional da Gorongosa (PNG) está a lutar contra o abate ilegal de florestas, caça furtiva, entre outras ilegalidades, por isso tem apostado no patrulhamento através de fiscais formados e prevê-se a introdução de uma embarcação para defender as zonas dos rios e lago.

Segundo o administrador do PNG, Mateus Mutemba, já existe uma contribuição financeira substancial feita na área da caça furtiva, no entanto, ainda é insuficiente para garantir que o parque esteja efectivamente protegido.

Aliás, apesar de existirem cerca de 120 homens que protegem aquele espaço, há necessidade de se reforçar não só a capacidade de treinamento destes, como também os equipamentos que usam para que possam ter uma maior aptidão e a diversificação de métodos e técnicas, tendo como finalidade o combate às actividades ilegais.

Precisamos de reforçar a nossa capacidade de proteger os rios que existem dentro do parque e os que dão acesso, o lago, entre outros, porque é uma das áreas em que temos fragilidades, daí que vamos procurar dar resposta a isso. Ainda este ano vamos iniciar patrulhas aéreas com a introdução de uma aeronave ligeira que adquirimos para garantir que reduza a actividade ilegal dentro do parque”, disse Mutemba.

Para o administrador do PNG, a caça furtiva naquela reserva é preocupante, sendo que nos últimos tempos tem registado um crescimento significativo. A título de exemplo, no ano passado foram apreendidos, aproximadamente, 250 caçadores furtivos que se dedicavam, não só, à caça furtiva como também a uma actividade ilegal que tende a crescer no parque que é a pesca furtiva, realizada em dimensões comerciais. “Acrescenta-se a este desafio o facto de termos população que reside dentro do parque, o que torna a nossa actividade de protecção mais difícil”.

Outros instrumentos apreendidos são mais de três mil laços usados para caçar animais e desmontadas mais de 300 armadilhas mecânicas. Como resultado destas armadilhas já foram encontrados vários animais mutilados.

Há alturas em que os animais accionam as armadilhas e nós os encontramos no âmbito da nossa actividade normal mutilados. Numa dessas armadilhas encontrámos um elefante com a tromba mutilada”, lamentou Mateus Mutemba.

domingoapurou que foram apreendidas 180 armas de fabrico caseiro, que têm sido usadas frequentemente pelos caçadores e são consideradas perigosas, pois muitas vezes não têm parâmetros. “Preocupa-nos que haja uma indústria de fabrico destes artefactos e que está a prosperar nas imediações do PNG. Sempre que há uma apreensão tentamos identificar a origem destas armas, mesmo assim o seu fabrico continua. Em 2013 apreendemos uma dessas armas com calibre suficiente para matar um elefante. Aliás, até tinha morto um elefante”.

Refira-se que o tráfico de animais e dos produtos deles derivados é uma das actividades que está a ganhar contornos alarmantes em todo país. O PNG está a combater a caça furtiva que num ano chega a abater entre cinco e seis mil animais de várias espécies, com destaque para o elefante que é dos mais procurados no parque.

Em 2014 foram abatidos três elefantes, este é um fenómeno que está a entrar no PNG e tem preocupado as autoridades daquele espaço, daí a necessidade de se organizar para fazer face às actividades ilegais. “Sabemos que há outras reservas, como a do Niassa, onde se perdem vários elefantes por dia, outra é o Parque Nacional do Limpopo (PNL). Pretendemos com esta intervenção melhorar a nossa capacidade de fazer face a este mal”.

INVESTIMENTOS EM CURSO

Dados em nosso poder indicam que já foram investidos, no Parque Nacional da Gorongosa, mais de 60 milhões de dólares em todas as vertentes da restauração, desde a construção e melhoramento de infra-estruturas, nomeadamente alojamento para o pessoal e turismo, vias de acessos, pontes e até a construção de infra-estruturas sociais para as comunidades.

Segundo Mateus Mutemba, existe um programa muito ambicioso que envolve várias vertentes que está a ser implementado em parceria com as autoridades governamentais dos distritos vizinhos.

Temos um programa de agricultura para a zona-tampão, fora os aspectos relacionados com a investigação, promoção de talento local, intervenções diversas. Só a nossa fiscalização contra a caça furtiva absorve por ano cerca de 1.200.000 dólares norte-americanos, mas ainda não é suficiente. Precisamos de mais recursos para podermos realizar os nossos objectivos”.    

REDUZ NÚMERO DE TURISTAS

Os últimos três anos foram de crescimento do número de turistas que visitaram o parque, que chegou a atingir 7500 turistas, um número recorde desde que começou a restauração do parque. Em 2007, o PNG recebeu cerca de mil turistas durante o ano todo.

Com o trabalho que tem sido realizado nos últimos anos, quer de promoção do parque quer a nível interno e internacional para a protecção da fauna, criação de condições para acomodação de turistas, chegou-se ao recorde em 2011. Um número que reduziu para cerca de seis mil e quinhentos em 2012, tendo-se verificado mais uma redução drástica, em 41 por cento, em 2013. Esta tendência manteve-se durante o ano passado.

Quando os ataques de Muxúnguè iniciaram, há dois anos, estava tudo acertado para a entrada de um novo operador turístico que estava disposto a estabelecer um acampamento para turismo de alta gama, no entanto desistiu logo que começaram a circular notícias de que Moçambique estava em guerra.

Estamos a procurar diversificar as ofertas que colocamos ao dispor dos nossos visitantes e este operador turístico naturalmente desistiu, comunicou-nos logo que a região centro foi declarada por vários países lugar não aconselhado para visitar”, concluiu.

Angelina Mahumane

vandamahumane@gmail.com

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