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Taça da Liga BNI vem para ficar- Alberto Simango Jr

Por admin

 

Alberto Simango Jr., presidente da Liga Moçambicana de Futebol (LMF), assegura que a disputa da Taça da Liga BNI em Moçambique é para durar e que estão criadas as condições para a festa do futebol multiplicar-se naquela que mesmo antes de iniciar já é outorgada terceira maior prova futebolística do país.

Trata-se duma nova prova, na qual tomarão parte os 14 clubes participantes na prova rainha, o “Moçambola”, os quais, vão cruzar-se num sistema de eliminatórias até se apurar o vencedor.

Segundo o definido, na primeira ronda, a ser disputada em três zonas correspondentes às regiões do país (sul, centro e norte), ficarão de fora o campeão e vice-campeão nacionais em título, nomeadamente Liga Desportiva de Maputo e Ferroviário de Nampula.

Das doze equipas em prova nessa fase, serão apuradas seis que se juntarão às duas retromencionadas, jogando-se ai a fase dos quartos-de-final, seguindo as meias-finais e a final a ter lugar em Outubro no Estádio Nacional do Zimpeto.

O presidente da LMF, Alberto Simango Jr., disse em entrevista ao domingo que a competição vem para ficar e registará melhorias na sua organização e nos prémios a atribuir aos participantes ao longo do tempo.

Senhor presidente, quando começa a jogar-se a Taça da Liga BNI?

Tenho a felicidade de comunicar que a partir do próximo mês de Julho Moçambique vai testemunhar esse momento histórico que é a disputa, pela primeira vez no país, da Taça da Liga em futebol. Será um marco histórico para o futebol moçambicano, porquanto será a terceira maior prova do país. A Taça da Liga é um dos grandes objectivos que nos propusemos a realizar no nosso manifesto eleitoral. É um sonho antigo de há sensivelmente nove anos quando assumimos a direcção da Liga de futebol. As equipas terão oportunidade de demonstrar o seu valor competindo mais e ganhando prémios e viemos desta forma responder a um desejo dos clubes, treinadores e jogadores.

Que condições existem para esta prova ser sustentável, uma vez o próprio orçamento do “Moçambola” ser deficitário?

Esta prova tem tudo para durar. Aliás, nunca quisemos iniciar com a competição sem garantias, e essa nossa forma de pensar pode ter atrasado ligeiramente o início da prova. Queríamos dar um passo seguro e felizmente encontramos um parceiro certo e comprometido com o desenvolvimento do futebol. A direcção do BNI entendeu o projecto e a importância da prova, por isso agradecemos bastante esta confiança na nossa gestão. O acordo celebrado com o Banco Nacional de Investimento é válido para as temporadas de 2015, 2016 e 2017, portanto, temos três edições asseguradas e uma margem de tempo para melhorar.

Que expectativas a direcção da Liga têm da prova?

É nosso desejo que os clubes tirem o maior proveito desta prova. Acreditamos que esta competição vai melhorar anualmente. Cada clube terá dois pares de equipamento exclusivo para a Taça BNI para não colocar em causa os outros patrocinadores dos clubes na prova-mãe, nomeadamente o Moçambola.Nossa previsão é realizar a Gala da Taça da Liga BNI no dia 26 de Junho. Já fechamos o orçamento da prova com o patrocinador exclusivo desta competição. Sempre dissemos que estávamos a trabalhar para esta prova ter lugar e felizmente agora encontramos um parceiro competente e importante no país.

Foi fácil convencer os clubes e a federação sobre a necessidade desta prova?

A federação sempre concordou connosco que é preciso que os nossos jogadores joguem mais e, no modelo actual, para haver mais jogos são necessárias mais competições, a exemplo da Taça da Liga BNI. Os clubes também entendem que não podem pagar salários a jogadores e treinadores sem produzirem. De resto, os clubes, associações e federação ao longo dos anos deixam-nos fazer a nossa parte, têm compreendido a nossa mensagem e forma de estar, dai os resultados que estamos a atingir. Andamos pelo país todo à busca de parceiros. Batemos a porta de todos, públicos, privados, seguros, fábricas, e conseguimos algum apoio. Não colocamos de lado o apoio que temos recebido do Governo de Moçambique, através do qual conseguimos parcerias, o que nos dá o prazer e o orgulho de estarmos a servir a este futebol.

Disse que este é o culminar dum objectivo antigo traçado há quase nove anos. Sente-se compensado por tudo que tem produzido na Liga de futebol?

Infelizmente ainda não posso dizer que temos um produto de muita qualidade, mas estamos lá. Já fizemos o mínimo para dizermos que já nos esquecemos dos tempos em que não sabíamos se uma determinada edição do campeonato chegaria ao fim. Agora, queremos passar para uma fase, que é a de sustentabilidade da prova. Isto é gratificante, porque quando se trabalha e depois se atinge a fase de resultados, é de se sentir feliz. Desse ponto de vista digo claramente que estou compensado e tem valido a pena o esforço que estamos a fazer.

Está satisfeito com o actual nível do futebol moçambicano?

O nosso futebol está a caminhar dentro das condições que temos actualmente. Refiro-me às condições de trabalho nos clubes e associações. O que temos hoje no futebol reflecte o nível de investimentos que temos vindo a fazer. A nossa Liga de futebol, por exemplo, ainda carece de muito investimento. Noutros países, as ligas têm financiamentos mais fortes e sólidos, e os clubes são obviamente também muito fortes. Quando há capacidade financeira as actividades ampliam-se. A componente formação de agentes de futebol cresce, e daí podemos ter melhores atletas, árbitros e técnicos. Para o investimento actual, estamos a fazer algum esforço, o futebol é um fenómeno contagiante, do qual muita gente se apaixona, se emociona, mas é preciso levar este fenómeno muito a sério, em todas as fases, desde os amadores aos profissionais.

Devemos formar mais

treinadores e jogadores

Neste futebol é possível constituirmos selecções fortes?

Penso que somos capazes de competir ao mais alto nível e com qualquer selecção do Mundo, com qualquer equipa do Mundo. Para isso primeiro temos que aprimorar a nossa organização, sermos mais eficientes connosco mesmos e mais exigentes em todos os escalões de forma gradual, sobretudo com muita atenção a parte de formação. Devemos determinar o que queremos, com metas, traçar objectivos, o que queremos daqui a dois ou cinco anos. Irmos buscar os talentos, fazermos a devida selecção e aproveitamento. Note-se que nos últimos anos o BEBEC não trouxe frutos.

Julga o BEBEC um modelo de formação a adoptar no país?

Obviamente que não é um modelo, até porque tem uma curta duração e é necessário os clubes recrutarem lá os melhores executantes. Globalmente, julgo que não temos sido felizes no enquadramento dos talentos que despontam nos Bebecs, Copa coca-cola ou Jogos Escolares. O enquadramento não tem sido bem estruturado. É preciso afinarmos a máquina a todos os níveis para que esses talentos sejam aproveitados da melhor forma. Há um conjunto de coisas que não estão afinadas para irmos buscar os talentos que brotam. Querendo, podemos chegar lá, pois sabemos onde estão e não precisamos importar nada. Temos conhecimento, capacidade, talvez podemos ir ao estrangeiro para capacitar os nossos técnicos e mesmo nessa área já temos universidades que leccionam cursos desportivos.

O que a Liga tem feito para melhorar a formação de jogadores?

A vocação da Liga de futebol não é formar jogadores. Esta componente diz respeito somente aos clubes, às associações provinciais e à federação. Tenho a convicção que se tivermos uma boa formação, teremos um “Moçambola” melhor. Não estamos totalmente alheios, por isso, este ano distribuímos 100 bolas aos clubes para a área de formação nas suas zonas ou bairros de inserção. Hoje formamos muitos treinadores, mas não sei se formamos tantos para a área de formação. Digo isso porque há diferença entre um treinador que prepara os jogadores para ganhar jogos e aquele que ensina o ABC da modalidade. É preciso que os miúdos cresçam a saber tudo isso. Atleta não deve sê-lo apenas dentro do campo, mas também fora dele, porque a sua vida é muito exigente. Colocamos o desafio de dentro de quatro anos nos apresentarem o produto das bolas que oferecemos e acredito que isso vai acontecer.

Candidato à FMF? Gosto de futebol

A possibilidade de candidatar-se a presidente da federação de futebol é séria ou não passa de pura especulação?

Não gostaria de comentar esse assunto. Sou homem de futebol. Vivo o futebol e sinto-me bem no futebol. Adquiri muita experiência ao longo destes anos e aprendi que as regras de candidatura a este nível precisam que tenhas uma associação ou clubes fortes. Gosto de fazer coisas por etapas e estou feliz pelo trabalho que estou a desenvolver na Liga. Tenho uma equipa na Liga que me ajuda a fazer o que fazemos e uma candidatura à federação também mereceria uma prévia abordagem com os colegas da LMF, com os quais estamos juntos num projecto há sensivelmente nove anos e com os resultados que são públicos.

Custódio Mugabe
custódio.mugabe@yahoo.com.br

 

 

 

 

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