O seleccionador nacional de voleibol, sénior feminino, Ângelo Lourenço, disse há dias que gostaria de ver todas as suas jogadoras reunidas num estágio para melhor se prepararem para o Campeonato Africano, que terá lugar no Quénia, em Janeiro de 2014.
Segundo o técnico nacional, a preparação programada pela Federação Moçambicana de voleibol (FMV) terá duas fases; na primeira as jogadoras apenas encontrar-se-ão no campo de treinos, e só na segunda fase é que está previsto o estágio.
Este modelo contrária a vontade do seleccionador nacional que preferia ter, desde a primeira hora, todas as seleccionadas concentradas num único lugar fora da cidade de Maputo.
Com as jogadoras concentradas no mesmo local teriam treinos bidiários e juntas só estariam a pensar no que fazer para contrariar as equipas adversárias na disputa do único lugar que África tem no “Mundial”.
Treinar só num período é muito pouco para conseguir bons resultados e voar um pouco mais alto. As experiências mundiais indicam que é preciso trabalhar no mínimo três horas de manhã e três horas a tarde, explicou.
FALTAM CONDIÇÕES!
Sobre as causas da minimização da preparação da selecção nacional sénior feminina, Ângelo Lourenço diz ter havido um encontro entre a Federação e a equipa técnica no qual foi chumbou-se a proposta de estágio, alegadamente porque não existem condições e também porque algumas jogadoras estariam envolvidas em exames escolares.
O nosso desejo era seguir este molde internacional de trabalhar seis horas por dia e isso só pode acontecer se ficarmos concentrados num sítio, mas as condições actuais não nos permitem. Algumas das nossas jogadoras acabam de conseguir empregos e podem não ser dispensadas pelas entidades patronais, Ângelo Lourenço, para quem o ciclo de preparação poderá levar mais de 50 dias.
Apesar de não poder preparar a selecção como gostaria, o técnico diz não estar frustrado e explica: Infelizmente não vamos conseguir ter o tempo de treino que precisávamos, mas vamos trabalhar de acordo com as nossas condições. Dia 18 (amanhã)começamos o primeiro ciclo de treinos, enquanto esperamos pela marcação de jogos do torneio africano de apuramento e só depois entraremos na segunda fase.
Moçambique ficou em segundo lugar na fase das eliminatórias da Zona VI de acesso a fase africana, realizada na Zâmbia. Botswana foi o vencedor.
Entretanto, mesmo sem dispor de condições para uma preparação condigna, equipa técnica acredita que se vai trabalhar de forma a se conseguir resultados que levem o país a ser reconhecido ao nível continental, apesar de não conhecer o potencial das equipas adversárias.
Não conhecemos o potencial das equipas adversárias, mas sabemos que vamos confrontar as melhores equipas do continente. Não será a primeira vez que teremos surpresas. Na fase das eliminatórias apenas conhecíamos Swazilândia e Botswana, com os quais já tínhamos jogado em Maputo, faz saber o seleccionador.
Para a nossa fonte os resultados conseguidos na Zâmbia foram fruto do trabalho que o grupo vinha realizando de forma a inverter a situação vivida nas competições anteriores.
Tivemos um torneio em Maputo onde até perdemos com Swazilândia. A federação e o Comité Olímpico de Moçambique fizeram vir um técnico brasileiro, que foi uma grande valia, porque trouxe uma nova forma de trabalho e de ser, o que contribuiu para a estabilidade da equipa, técnica e psicologicamente.
É PRECISO
QUE CRESÇAMOS TODOS
A FMV tem acordos de cooperação com vários países, ao exemplo de Cuba e Brasil. Em resultado disso, o país tem recebido técnicos desses países para partilharem as suas experiências com os nacionais.
No entanto, Ângelo Lourenço entende que os dirigentes da federação não têm sabido tirar benefício da presença desses estrangeiros no país.
É preciso investir muito no técnico nacional, a partir da vinda desses técnicos estrangeiros. Trata-se de técnicos com capacidade e qualidade de formar outros técnicos.
Lourençodiz queé dos poucos técnicos nacionais que se beneficia dos conhecimentos trazidos pelos estrangeiros e confessa que com eles tem melhorado a sua forma de trabalhar.
“Eu estou a trabalhar directamente com eles e estou acolher muita experiência. É pena que os outros treinadores nacionais não estejam a “beber” um pouco dessas experiências. Para que o voleibol cresça, é preciso que cresçamos todos”, Ângelo Lourenço.
Abibo Selemane