Dário Monteiro, treinador de futebol, em entrevista ao nosso jornal, considerou ser necessário a construção de campos melhorados para a formação que o país vem desejando, na perspectiva de obtenção de bons resultados.
O treinador que rescindiu recentemente contrato com a Liga Desportiva de Maputo, onde era treinador principal, foi abordado pela nossa reportagem, quinta-feira, 18 de Agosto, à margem da cerimónia de oferta de bolas, botas e marcador electrónico à Academia Brilho de Sol pela empresa Petromoc.
“Para se ter uma academia de futebol é preciso primeiro criar condições, como bom campo, se com relva sintéctica é melhor. Eu não avançaria para uma academia de futebol sem primeiro reunir mínimas condições para uma boa formação de jogadores que o país precisa para melhorar seus resultados. As academias criadas emocionalmente acabam não formando jogadores de qualidade”, assim respondeu o antigo internacional moçambicano, que em Portugal capitaneou Académica de Coimbra, à pergunta se não admitia criar uma academia de futebol, como o fizerem alguns dos seus ex-colegas da bola.
Quanto à Academia Brilho do Sol, Dário disse ter ficado surpreendido com o seu elevado nível de organização, mas deixou sublinhado que “se tivesse um campo com relvado sintética chamaria mais atenção às outras crianças que eventualmente querem aprender a jogar melhor”.
Dário chama atenção dizendo que “hoje a criança pergunta-se se vale a pena ir aprender a jogar em campos pelados e mal tratados ou se deve esperar pelos relvados. Não vale a pena nós os adultos dizermos que foi nos campos pelados que aprendemos a jogar. Ontem foi ontem, hoje é hoje. A criança de hoje senta-se enfrente de um televisor e consegue ver crianças doutras partes a se formarem em bons campos que ele gostaria de os ter. Já não é como dantes, quando eu me formei no campo pelado do Desportivo saído do Bebec. Ter campo bom é o básico para uma boa formação. Só um campo de boa qualidade atrai o talento, o mesmo que é retraído com o de péssima qualidade. Esse talento podia vir a ser aquela estrela que o país precisa”.
Treinador moçambicano
carece de reconhecimento
Quanto ao seu futuro, Dário começou por dizer que “serei sempre treinador de futebol”. Porém, não se ocupa somente de futebol. Está a estudar na Universidade Eduardo Mondlane.
“Abracei a carreira de treinador de futebol e a de estudante. Frequento curso de direito na Universidade Eduardo Mondlane. Não é difícil ser treinador e estudante ao mesmo tempo, mas atrapalha”, confessou.
Quando questionado que pensa do Moçambola, prova que viveu por dentro e agora por fora, o nosso interlocutor disse ser competitivo “mais pelo título que pela manutenção. O nosso futebol está a evoluir. Já esteve furos abaixo. Pode não ser como a gente gostaria, mas para isso há que haver muito trabalho.
Três são os principais candidatos ao título de Moçambola de 2016 nomeados por Dário, nomeadamente “União Desportiva de Songo, Ferroviário de Maputo e Ferroviário da Beira.” No segundo plano de candidatos aponta Chibuto, clube em ascensão, e o Ferroviário de Nampula, este porque tem Arnaldo Salvado e o factor casa. “Não é fácil ganhar em Nampula, onde só o Estrela Vermelha foi arrancar três pontos. Sempre considerei o Ferroviário de Nampula candidato, mesmo quando era treinador da Liga Desportiva”.
Se o treinador moçambicano era ou não respeitado pelos clubes, Dário Monteiro preferiu dizer que “só poderemos dizer que o treinador nacional é respeitado quando começar a ir trabalhar no estrangeiro. Aqui sempre nos respeitamos e por vezes nos desrespeitamos. Internamente somos bons treinadores, dentre novos e velhos”.
Sem querer entrar em polémica, à pergunta se compreendia das causas de constantes despedimentos dos treinadores, sobretudo dos clubes que actuam no Moçambola, Dário apenas afirmou: “as pessoas têm de acreditar no trabalho e capacidade do treinador que contratam. Quando não o acreditam mandam-no embora no meio da época para qual o contrataram”.
Manuel Meque
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