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Há que dizer basta aos bandidos

Por admin

Os residentes dos bairros que cercam a cidade da Matola estão a chegar ao limite de paciência. E não é para menos. Anda por ali um grupelho, ou vários, compostos por dezena de homens que empunham facas, catanas e armas de fogo para aterrorizar famílias no auge da madrugada.

Bula-Bulajá ouviu relatos até dizer basta e também já não consegue dormir. Fala-se em minutos e, por vezes, de horas de terror vividas por famílias inteiras. Qualquer mortal se arrepia e passa a odiar a trajectória que alguns cidadãos de má índole entenderam seguir movidos por uma caipirice da mais baixa categoria. Pura vagabundagem que, por si só, noutras paragens configura crime.

Estás no âmago do teu sono, na companhia da esposa, no quarto que construíste com o suor e lágrimas. No nada és confrontado com a presença de um grupo de bandidos que te apontam uma arma à cabeça e uma faca ou catana na garganta da parceira. Fazem-no com uma tranquilidade arrepiante, autênticos discípulos de alguns celebres assassinos como Gary Ridgweay, Thug Behram ou Yang Xinhai: “Dá dinheiro”, exigem com uma arrogância diabólica, daquela que Satanás julga que só deve usar em casos extremos, quando está perante um adorador de Deus teimoso e igualmente sorridente.

O enredo é do mais bizarro, triste, traumatizante e até vergonhoso, porque em alguns casos os meliantes vão ao extremo de violar a esposa na cara do marido que, com uma pistola ou AKM apontada à cabeça, se vê impotente para gritar por socorro ou implorar por piedade. Crianças não são poupadas desta brutalidade.

Quanto mais poder o bandido tem sobre as vítimas, mais perigoso é o abuso. Essa é a sensação com que se fica perante as acções desses meliantes. Eles sentem que têm poder, que estão acima de tudo e todos.

Estes actos se reptem há quase dois meses nos bairros Nkobe, Machava-sede, Socimol, Bunhiça, Tsalala, Tchumene, Malhapsene, Matola-Rio, enfim. Mas não só; khongolote, Intaka já experimentaram a dor. Agora chegam-nos relatos de Marracuene. Por todo o lado. Engane-se que quem pensa que as vítimas são pessoas com posses dignas desse nome.

Bula-Bula, que também circunvaga por estes bairros (aflito para terminar a sua humilde choupana), sabe que a ladroagem ocorre até em casas vedadas de “espinhosas”, sem grades, alarmes, ou outros sinais de algum bem-estar. Basta que os bandidos saibam que a vítima está viva, com alguma saúde, trabalha para o seu sustento e… lá vem eles exigir como se fosse um direito dos honestos trabalhar para eles.

Assusta perceber que os tais bandidos são jovens, cheios de energia e sem sono, que poderiam oferecer essa força para produzir arroz, milho, frangos, sabão, ou investir em soluções para a crise financeira que a todos abala de forma cada vez mais arreliante. Não! Os bandidos preferem aquilo que lhes parece mais fácil. Invadir casas, roubar, violar, deixar as famílias na maior vergonha da sua existência. 

Nas esquadras, as vítimas recebem duas respostas infalíveis. “Não temos efectivo” ou “Estamos a trabalhar no caso”. E a coisa fica por aí. Patrulhamento que é bom?!, Nicles. É mais fácil cruzar com agentes da polícia esgueirados em esquinas pouco iluminadas à cata do automobilista que se animou em alguma festa ou de quem não trafega com a famosa ficha de inspecção… isto quando não te exigem o comprovativo da compra de um bem qualquer!

Aliás, o patrulhamento feito pelas comunidades tem sido desestimulado, com a alegação de que se pretende evitar que se confunda uns com outros, como aconteceu em alguns bairros onde se fez “justiça” contra inocentes e os bandidos continuaram a passear a sua classe… isto nos termos do famigerado G20, aqueles que para além de te assaltar ainda te engomavam o traseiro e as costas.

Sem a presença da polícia, para fins dissuasores da criminalidade que se agiganta a cada dia, os nervos da população estão em franja. Ontem, sábado, quatro jovens escaparam ao linchamento no bairro Bunhiça. Entenderam protagonizar um assalto com a ajuda de uma faca de mesa. Alguém se apercebeu e gritou. O povo dali, que já anda agastado, saiu à rua e encetou uma feroz perseguição.

Em poucos minutos, a quadrilha foi neutralizada. Bordões, estacas, varões, pedras, garrafas, enfim, tudo o que podia ser aplicado para desferir golpes nos infelizes foi usado. Houve sangue, suor, lágrimas e ranger de dentes. Felizmente, na esquadra mais próxima havia, desta vez, efectivo bastante que salvou a gang de infelizes. Mais uns minutos, a notícia seria outra.

Há que pôr guizo a este gato que anda com o rabo escondido. Os bandidos estão a deixar a população no limiar da paciência. A polícia deve assumir o seu papel e não confrontar a população com escoltas a casamentos. Sim. Ontem mesmo, sábado, fiéis da Igreja Velha Apostólica que decidiram realizar um casamento colectivo beneficiaram da escolta da polícia. Com direito a sirenes e tudo. Para isso há efectivo.

Haja moral! Melhor: pode fazer-se tudo, salvo fazer sofrer os outros: eis a moral de bula-bula.

 

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