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Queremos um lugar no grupo da frente

Por admin

José Arnaldo Salvado, técnico principal do Ferroviário de Nampula, está motivado com a evolução de sua equipa no Campeonato Nacional de Futebol “Moçambola” e sublinha que o objectivo imediato é garantir um lugar no pelotão da frente.

Depois dum arranque periclitante, os “locomotivas” de Nampula dão indicações de trilharem para um rumo de sucesso.

Nas últimas jornadas, derrotaram o Costa do Sol e a União Desportiva do Songo, em casa, e arrancaram empates preciosos em casa do Ferroviário da Beira, Maxaquene e Liga Desportiva de Maputo.

Ainda assim, Arnaldo Salvado não entra em euforias. Aliás, conforme constata, o “Moçambola” é uma prova de regularidade, desgastante e que por isso requer um conjunto equilibrado, o que ainda não é o caso dos nampulenses.

EQUIPA RENOVADA

Arnaldo Salvado está a viver sua primeira experiência de treinar uma equipa do Moçambola não sedeada em Maputo. Tal como ele, o Ferroviário de Nampula recebeu muitos novos jogadores oriundos de vários quadrantes, daí que o arranque falso no campeonato não foi de todo estranho.

É preciso entender que sou um treinador novo na equipa, uma equipa que perdeu muitos jogadores, recebeu tantos novos, maioritariamente de vários clubes diferentes. A construção dum conjunto leva tempo”, explica-se, para logo a seguir entrar no detalhe:

– Não é só primeiros meses que se forma uma equipa, mas todo este ano, é nossa perspectiva, em conjunto com a direcção, prepararmos as bases para termos uma equipa para o ano que possa se assumir como candidata ao título.Neste momento não somos, gostaríamos de puder dar uma alegria aos nossos adeptos talvez conquistando uma das taças. No campeonato, enquanto a equipa conseguir estar bem, entre o grupo da frente, é mais motivador para nós.

Nem os resultados mais recentes alteram as contas iniciais, por enquanto. O técnico entende que os “locomotivas” da capital do norte passaram por uma séria de jogos muito difícil onde souberam responder e mostrar que tem boa qualidade.

A preocupação imediata é equilibrar a equipa porque os habituais suplentes não oferecem as mesmas garantias dos jogadores titulares, podendo a equipa ressentir-se desse factor no futuro.

– A direcção está a esforçar-se para conseguir dar alguns jogadores de banco, porque esta é uma prova de longa duração, de desgaste, quer físico, quer mental. Há doenças, cartões, é necessário ter banco e neste momento é algo que está fragilizado do nosso lado. Penso que a equipa tem estado bem e é verdade que nos primeiros jogos não estivemos bem em conquistar pontos mas tivemos boas exibições com o Chibuto e com o Estrela Vermelha e assumo que foi frustrante não sair com vitórias e se tivéssemos esses pontos estaríamos bem mais em cima.

Mas isso ficou para tráse a equipa concentra-se agora em somar pontos nos próximos jogos e o desenrolar da segunda volta dirá o que o conjunto poderá conquistar.

CAMPEONATO INTERESSANTE

O treinador do Ferroviário de Nampula entende que o “Moçambola” está a ser disputado com bastante interesse, não necessariamente com muita qualidade.

– Noto muito equilíbrio, quer na luta pelos primeiros lugares, quer na disputa pela manutenção, um pouco semelhante ao ano passado. Este ano parecetemos mais equipasenvolvidas na luta pelo primeiro lugar. Qualquer equipa pode ganhar outra. Isso tem sido notório e é bom para o interesse, a emoção da prova e tem trazido bastante brilho.

Manifesta-se ligeiramente agradado com as arbitragens comparativamente à época passada, que foram mais polémicas. “Este ano não tem sido por este lado que a prova tem sido manchada”, comentou o histórico treinador.

Niassa lembra-nos batata e cebola

paraos jogadores do Desportivo

Arnaldo Salvado recebeu com dor e tristeza a notícia da falta de comparência do Desportivo do Niassa, quarta-feira, em Lichinga, no jogo que devia ter realizado com o Ferroviário de Maputo.

Defende que o episódio é resultado de decisões populistas que têm sido tomadas pelos dirigentes da federação e Liga Moçambicana de Futebol. O treinador é contra a participação de clubes sem capacidade em campeonatos que se pretendem profissionais.

– É triste, não sou apologista dum grande número de equipas no Moçambola, a capacidade financeira que a Liga tem é reduzida. Estamos fora daquilo que é a realidade, financeira dos clubes e da própria Liga.Portanto, equipas que são quase de bairro não tem realmente condições de participar. Isto mancha claramente a prova, nós devíamos deixar de populismos e sermos mais realistas.

Referiu ser certo que em termos de nacionalismo podemos dizer que é muito bom ter um Moçambola com muitas equipas e abarcar quase todas províncias do país, mas isso não é a realidade financeira.

“Se calhar o Governo provincial podia dar um pouco mais de apoio, os empresários locais também, é o nome duma província que está em jogo, mas a economia está tão difícil a todos níveis, e nós sabemos disso. Se calhar um Moçambola com oito ou dez equipas seria ideal, onde participassem clubes com boa capacidade para tal”, justifica.

– Vamos ver se mantemos esta fórmula, para o ano se calhar vai subir uma equipa do bairro, que não tem as mesmas condições dos clubes que jogam o Moçambola há anos. Não é só o Desportivo do Niassa, é o 1° de Maio, é o Desportivo do Maputo. São vários clubes que passam por estas situações. É triste uma equipa como o Desportivo ao fim dum jogo ver adeptos a entregar um saco de batata e cebola aos jogadores para se alimentarem. É absolutamente ridículo, é preciso repensar porque não basta querer e a realidade demonstra o contrário.

Equipas do bairro

na Divisão de Honra

O treinador do Ferroviário de Nampula junta-se à larga lista dos desportistas que não encontram qualquer razão para a realização do Campeonato Nacional de Divisão de Honra, prova sob égide da Federação Moçambicana de Futebol.

No entender do técnico, a federação está a forçar uma prova que não tem o mínimo de realismo com o que os clubes participantes são, a maioria deles desprovidos de condições para arcar com despesas da competição. “Aí encontramos clubes de bairro”, fundamenta.

– O Moçambola tem equipas que até são profissionais, com empresas a patrocinar, têm viagens, refeições, taxas, tudo pago pela Liga. Na segunda divisão os clubes têm de suportar tudo e são paupérrimos.

Para Arnaldo Salvado, os dirigentes deviam aproximar-se mais às bases, ouvir mais os clubes, as associações e pessoas que podem ter alguma opiniãopara depois tomarem as melhores decisões que concorram para o desenvolvimento do futebol.

– Os dirigentes deviam saber ouvir, não estarem sempre em guerras com aqueles que lhes dão opiniões contrárias e também não pensarem que só porque têm gravatas e são doutores sabem tudo.

Texto de Custódio Mugabe
custodio.mugabe@snoticicas.co.mz

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