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Pequenas histórias

Por admin

+ No Bairro Benfica no pós-Independência, surgiu um clube com a estranha designação de “Os odiados vermelhos”. Porque semanalmente publicávamos no Notícias os resultados dos vários campeonatos dos bairros, questionei aos dirigentes do clube se aquela designação teria qualquer conotação política e se não lhes poderia trazer problemas, face ao “período vermelho” que vivíamos.

Algum tempo se passou antes do diálogo que se segue:

– Tomaram algum posicionamento sobre o estranho nome de “Odiados Vermelhos”?

– Sim, já mudamos!

– E qual é a vossa nova designação?

– Os Amados Vermelhos!

+ A corrida do século – “Chutos tortos” era uma coluna que eu mantinha no Jornal Desafio e que procurava abordar alguns assuntos com uma pitada de humor. Numa ocasião fiz um comentário/notícia sobre a corrida do século, entre os barrigudos de então. Eram eles: o porteiro Santos Armando, o árbitro Freitas Branco, o técnico Pinto de Almeida e “ti” Pereira, guarda e porteiro do Estrela Vermelha.

Muita gente se divertiu com a brincadeira, que ia sendo enriquecida à medida que a data se aproximava. As pessoas iam-se divertindo, menos… o “ti” Pereira que não entendendo a natureza da página, todas as manhãs, de fato de treino, ia dando voltas ao campo do Estrela, prometendo a quem o quisesse ouvir: “pelo menos o Freitas Branco não me ganha”.

Ao ter conhecimento de que se tratava de uma brincadeira, veio à nossa Redacção, suado e de dedo em riste, foi-me dizendo: “a tua sorte, miúdo, é seres meu amigo”…

+  Recrutamento pró-Matcheje – Alguém no Ministério da Defesa, no ano em que o Matchedje foi campeão, decidiu que para tecer comentários a uma grande equipa se teria que fundar um jornal. Vai daí, na Redacção do Notícias, foram aparecendo notificações para nos apresentarmos no Estado-Maior, algumas com os pseudóniomos com que assinávamos, afim de sermos incorporados. A minha situação foi logo esclarecida, pois já havia ultrapassado os 35 anos. Mas os meus então colegas Jorge Matine, André Jonas, Rui Rebota e outros tiveram que fazer um grande jogo de cintura, ausentando-se em certos dias ao trabalho ou escondendo-se na casa de banho, antes de o então Ministro da Informação ter informado ao exército que não era aquela a forma adequada para recrutar quadros para o seu jornal desportivo.

+ O elevador benfiquista– Fomos a Portugal numa excursão aérea para assistir ao um Porto-Benfica, deve fazer agora uns 30 anos. O programa contemplava uma visita guiada ao velho Estádio da Luz. Uma vez naquela enorme “catedral”, entrámos para um enorme elevador cuja lotação era de 30 pessoas. Nós não chegávamos a 15, mas o elevador não arrancava, apesar das insistências da nossa cicerone.

A certa altura, o Toni, do Consulado de Portugal em Moçambique, acérrimo adepto do Benfica, fez o seguinte comentário:

– “Este elevador não arranca por aqui há um infiltrado do Futebol Clube do Porto”.

O Luís Brito, ex-Director da SOBEC, infelizmente já falecido, adepto ferrenho da equipa do Norte de Portugal, não gostou da gracinha e saíu. De imediato, o elevador arrancou, levando-nos ao 3.º anel do clube da Luz.

+ A moda do “obviamente”– Há palavras que entram na moda em determinado momento e que até os locutores usam e abusam. Foi o que aconteceu com o… obviamente. Tudo era óbvio e até mesmo nos relatos de futebol, se obviava tudo.

Vai daí que um dos nossos reputados homens do microfone, numa determinada fase do jogo, grita, emocionado, que o jogador “xis” fez uma boa jogada, passou por todos, rematou e… “obviamente a bola foi para fora”…

+ A noite do Abdala em Dar-Es-Salaam– Estava longe de ser titular do super-Costa do Sol de 79, o Abdala, mas numa noite em Dar-Es-Salaam, frente ao Simba, Martinho de Almeida deu-lhe a oportunidade de entrar de início. Foi uma festa, que começou no campo e terminou no Hotel, pela grande noite do Abdala na Tanzania. Ele fez o que quis do adversário. No final, as garotas procuravam por ele e os empresários indagavam pelo preço do seu passe, numa altura em que as fronteiras para os desportistas no país, estavam fechadas!

 

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