O académico e gestor desportivo, Cremildo Gonçalves, insurgiu-se contra a sistemática abordagem que se vem fazendo no país à volta do arrelvamento dos campos de futebol. “Eu questiono se teria feito o que fiz, se tivesse jogado futebol em campos relvados como os que temos e os pretendidos.
Aquilo que temos no Mahafil, e noutros campos deste país, é relva? Aquilo que se fez no Estrela Vermelha, é relvar? Há campos pelados melhores que os pseudo campos relvados, basta que não sejam de areia de praia. Um campo pelado trata-se. Será que actualmente os nossos campos pelados são bem tratados como dantes? Esta coisa de gestão desportiva não é para curiosos. O campo pelado do Desportivo de Maputo era regado e acolhia grandes jogos. Jogar no campo pelado dá prazer e gosto. De há anos para cá só falamos de campos relvados”, começou por afirmar Cremildo Gonçalves na sua primeira e única intervenção na plenária, depois de ter moderado, com excelência o primeiro tema da conferência.
Cremildo, director da Escola de Desporto da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), fez recordar que “ o Costa do Sol tinha dois campos” e perguntou:“onde está o segundo, que servia para treinos? Não procuremos falso problema. Esse bom futebol do passado era jogado em campos pelados bem tratados. Temos relva natural que destruímos nos campos onde estamos a pôr a relva sintética, o que dá bom negócio para os que vendem material desportivo. Vamos primeiro apostar em campos de terra batida. ” A frontalidade de Cremildo Gonçalves não mereceu nenhum aplauso dos atingidos presentes.
“Quando o macaco não sabe dançar, diz que o chão está torto. É o que está a acontecer no nosso futebol”, concluiu Cremildo Gonçalves.