.Executivo vai disponibilizar 54 milhões de meticais ao movimento associativo
O Governo vai comparticipar, no mínimo, com 54 milhões de meticais para a realização dos programas desportivos do movimento associativo em 2015, tendo como objectivo melhorar os resultados competitivos.
O apoio será canalizado através do Fundo de Promoção Desportiva (FPD), entidade que semana finda rubricou vários contratos-programa com as federações para o efeito.
Trata-se dum financiamento descrito como o “possível” para a actual realidade económica do país, por conseguinte, insuficiente para a ambição das associações desportivas.
Aliás, tal como fez questão de sublinhar Inácio Bernardo, Director-Geral do FPD, trata-se duma comparticipação do Estado, o que significa que o movimento associativo deve complementar esse esforço junto do sector privado e outras entidades.
– Na realidade, sabemos que os planos de actividades das federações são ambiciosos, o que engrandece o nosso desporto, mas fizemos a nossa parte e devem as federações buscar mais apoios no sentido de buscar melhores resultados desportivos, que é o desejo de todos,indicou o dirigente.
Atenção que os valores acordados com as federações não são estanques. Em 2014, por exemplo, algumas modalidades viram seu financiamento aumentar por consequência da prestação de respectivas selecções nacionais em competições internacionais.
Foi uma “dor de cabeça” para os pensadores do FPD, uma vez que a manta não era suficiente para cobrir todos. Inácio Bernardo lembra que foi necessário reforçar certas modalidades em prejuízo doutras.
– Em 2014 foi complicado gerir a fatia que o governo dava porque algumas selecções foram obtendo resultados que nos orgulhavam bastante, passando de eliminatória para eliminatória, o que implicou crescer o apoio. Tivemos que sacrificar algumas em benefício doutras. Houve federações que receberam muito mais acima do que estava previsto no contrato-programa e logicamente algumas foram penalizadas.
Isso acontece também porque o grosso das federações ainda não tem capacidade para buscar financiamento noutras entidades, mormente o sector privado, dependendo exclusivamente do Governo.
“Sabemos que há um grande esforço por parte das federações, mas pensamos que pouco a pouco elas vão chegar lá”, confortou-se o Director-Geral do FPD.
ENGORDAR A CAPACIDADE INTERNA
Quando assumiu a direcção do FPD, há sensivelmente dois anos, Inácio Bernardo assumiu o desafio de aumentar a capacidade financeira da instituição através da rentabilização do património disponível.
Hoje, o dirigente já esboça um ténue sorriso porque paulatinamente está a ganhar o desafio. O fim é reduzir o máximo possível a dependência do FPD do orçamento do Estado.
É neste quadro que já é fácil aceder ao Estádio Nacional do Zimpeto para realizar actividades. Outras iniciativas incluem a exploração das piscinas olímpicas, também no Zimpeto, a requalificação do Parque dos Continuadores e a rentabilização dos Complexos Desportivos de Pemba (Cabo Delgado) e Gondola (Manica).
– Nosso objectivo é melhorar a capacidade do próprio FPD em financiar as próprias federações porque não podemos depender eternamente apenas do Governo, há várias áreas por explorar. Hoje, praticamente duplicamos os rendimentos internos relativamente há dois anos. Vamos continuar a buscar outras possibilidades para melhorar cada vez mais.
Inácio Bernardo disse que o Governo está a cumprir a sua parte e agora cabe às federações organizarem-se devidamente e irem à busca de bons resultados, sobretudo nos Jogos Africanos agendados para Setembro próximo em Brazaville, República Democrática do Congo.
INSTITUIÇÃO MONTANTE (2014) MONTANTE (2015)
F.M. de Futebol 9.000.000,00 9.000.000,00
L.M. de Futebol 2.000.000,00 2.000.000,00
Futebol Afrotaças 1.800.000,00 1.800.000,00
F.M. de Basquetebol 5.000.000,00 5.000.000,00
Liga de Basquetebol —————- 1.000.000,00
Basquetebol Afrotaças 450.000,00 450.000,00
F.M. Atletismo 3.000.000,00 3.000.000,00
F.M. Voleibol 1.750.000,00 1.750.000,00
Voleibol Afrotaças 400.000,00 400.000,00
F.M. Patinagem 1.500.000,00 1.500.000,00
F.M. Natação 1.250.000,00 1.250.000,00
F.M. Boxe 1.250.000,00 1.250.000,00
F.M. Karate 1.250.000,00 1.250.000,00
F.M. Andebol 1.100.000,00 1.100.000,00
F.M. Xadrez 1.100.000,00 1.100.000,00
F.M. Judo 1.100.000,00 1.100.000,00
F.M. Deficiência 1.000.000,00 1.000.000,00
F.M. Vela 500.000,00 500.000,00
F.M. Canoagem 500.000,00 500.000,00
F.M. Ténis Campo 900.000,00 900.000,00
F.M. Taekwon-do 500.000,00 500.000,00
F.M. Ténis Mesa 350.000,00 350.000,00
F.M. Netball 350.000,00 350.000,00
F.M. Badminton 350.000,00 350.000,00
F.M. Ciclismo 350.000,00 350.000,00
FM. Ginástica 350.000,00 350.000,00
F.M. Tiro 350.000,00 350.000,00
F.M.D. Trabalho 350.000,00 350.000,00
A.M. Tang Soo Do 400.000,00 400.00,00
O apoio é catalisador
– Francisco Mabjaia, basquetebol
O presidente da Federação Moçambicana de Basquetebol, Francisco Mabjaia, considera o apoio do Governo de catalisador para a realização do plano de actividades daquela agremiação.
“Estamos satisfeitos, o Governo tem sido fiel no seu compromisso com o desporto. A contribuição é bastante valiosa e é catalizadora de todos apoios que precisamos para implementar nossas actividades para este ano”, referiu.
Mabjaia lembrou que a federação tem muitos desafios neste 2015. Apontou como o maior de todos a promoção de acções de formação de treinadores, árbitros, de agentes de basquetebol no geral, que “é extremamente importante para que depois a nível continental consigamos um bom desempenho”.
– A nível interno temos que promover competições, desde os campeonatos provinciais até aos nacionais, portanto, uma componente do apoio vamos canalizar para essas duas componentes.
Observou que a nível internacional as selecções Sub 16 e sénior estarão em actividade. Ainda este mês, a selecção Sub 16 vai ao Botswana para jogos de qualificação ao Afrobasket que terá lugar no Mali em Julho próximo.
“Precisamos de preparar a selecção adequadamente porque o nosso objectivo é nos apurarmos à fase final e só se apura o primeiro”, vincou.
Em femininos, a selecção Sub 16 vai competir no Madagáscar. Nos seniores masculinos, o combinado moçambicano vai disputar o Campeonato Africano na Tunísia em Agosto e depois os Jogos Africanos na República Democrática do Congo.
Os femininos serão chamados à competição nos Jogos Africanos e depois no Afrobasket agendado para Camarões entre Setembro e Outubro.
Vamos completar
com outros parceiros
– Filipe Johane, futebol
Há um esforço adicional que a federação deve fazer junto doutros parceiros e também nas receitas internas para garantir a realização das actividades programadas. O apoio do Governo é insuficiente, mas razoável,refere Filipe Johane, Secretário-Geral da Federação Moçambicana de Futebol (FMF).
O dirigente referiu que a federação já está a beneficiar-se do contrato-programa e foi nesse quadro que a selecção Sub 23 disputou duas eliminatórias de qualificação aos Jogos Africanos com Uganda e Gana.
– O FPD é um parceiro extremamente importante para a vida da federação, sem este parceiro estaríamos numa situação muito complicada,disse Johane.
Lembrou que este ano a selecção principal terá eliminatórias do CAN Interno, duas jornadas de qualificação ao CAN 2017 e ainda outros tantos de qualificação ao Campeonato do Mundo de 2018, cujo sorteio terá lugar em Julho próximo na Rússia.
Investir nos atletas
– Camal Badrú, atletismo
O Secretário-geral da Federação Moçambicana de Atletismo, Camal Badrú, disse que o apoio do Governo será direcionado para a melhoria da performance dos atletas tendo em vista a sua qualificação para os Jogos Africanos deste ano e Jogos Olímpicos de 2016.
– Esta comparticipação do Governo vai ajudar-nos a implementar os nossos objectivos de obter mínimos para os Jogos Africanos e também os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Estamos já a colocar os atletas em países credenciados e com competições de alto nível para obter os tempos exigidos.
Sublinhou que Moçambique tem atletas a treinar-se na África do Sul e outros países. Internamente, apontou como prioridade a formação de treinadores de nível I da Federação Internacional de Atletismo.
Custódio Mugabe
