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Festival Desportivo Militar junta 2.500 soldados em Chimoio

Por admin

A cidade de Chimoio, capital da província de Manica,  está a revestir-se de cor, luz e alegria para acolher o  IV Festival Nacional de Desporto e Cultura das Forças Armadas de Defesa de 

Moçambique (FADM), de 21 a 25 de Setembro de 2013.

O terceiro festival realizou-se há trinta anos, 1983, na cidade de Maputo. O segundo foi na cidade de Nampula, em 1980, e o primeiro na capital do país, em 1979.  

Esta 4ª edição conta com a participação de dois mil e quinhentos militares, oriundos de todas províncias do país e dos países vizinhos, como Zimbabwe e África do Sul, sem incluir organizadores e convidados, que começam a encher a cidade de Chimoio. 

Durante quatro dias serão movimentadas as modalidades de futebol onze, voleibol, atletismo, tiro desportivo e haverá visitas aos  locais históricos, para além de  exibições culturais.

O chefe do Gabinete Técnico da organização do festival, Coronel Eugénio Chongo, assegurou-nos  que a   preparação do evento  está  bastante avançada. Neste momento decorrem retoques finais para que a festa decorra sem sobressaltos.

No total estarão presentes 16 equipas de futebol, 16 de atletismo, 16 de tiro desportivo e igual número de grupos culturais. Não faltará a gastronomia típica de Manica.
Eugénio Chongo referiu que  os jogos de futebol serão realizados em cinco campos e os de  voleibol em quatro. As provas de atletismo, com destaque para as de estafeta 4/100,  serão realizadas   no Campo Municipal de Chimoio.   Também está programada uma corrida
pedestre de 10 quilómetros-estrada.  

O tiro desportivo acontecerá no campo de reciclagem militar de Polígono, que dista a cerca de oito quilómetros do centro da cidade de Chimoio. As actuações culturais serão realizadas em diversos bairros da cidade.

O festival também terá jogos de futebol federado, envolvendo Matchedje de Maputo, Textáfrica, uma equipa do Zimbabwe e outra da África do Sul.

Os veteranos do Ministério da Defesa e os
antigos jogadores da província de Manica vão se defrontar, em jogo que está sendo aguardado com muita ansiedade no seio dos jovens militares.

Muitos não sabem que os militares também jogam futebol onze. Vamos mostrar que sabemos tocar na bola. A festa é de todos. Programamos muita coisa para brindar a população de Manica e não só. Todos os preparativos estão a decorrer bem para que tenhamos uma festa de arromba”, disse o coronel Chongo.
Paralelamente ao que vai acontecer na cidade capital provincial, outras actividades terão lugar nas sedes dos distritos de Manica, Gondola,  Catandica e Báruè.   

 A cerimónia de abertura do festival acontecerá no quartel da cidade de Chimoio, presidida pelo Presidente da República, Armando Guebuza, na sua qualidade de Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.
 Neste momento os funcionários do Conselho Municipal de Chimoio estão empenhados na ornamentação do local e melhoramento dos campos de jogos e dos palcos culturais.

Prática trazida

da luta de libertação

A prática do desporto no seio das Forças Armadas de Defesa e Segurança de Moçambique data desde o tempo da Luta de Libertação Nacional, quando dirigentes da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) nos seus tempos livres jogavam futebol de onze, sem objectivos que rodeiam a modalidade hoje na nossa sociedade. Basta recordar que nesse período de guerra contra a colonização portuguesa, foi criada a equipa ora constituída por Eduardo Chivambo Mondlane, primeiro presidente da Frelimo, Alberto Chipande, Joaquim Munhepe, Sebastião Mabote, Joaquim Chissano, Paulo Samuel Kankhomba e muitos outros. Ainda em Nachingwea foi formada uma outra equipa, que passou a participar em eventos com as cotadas formações tanzanianas, nas quais militavam alguns dos melhores futebolistas daquele país.

Mesmo os guerrilheiros que se encontravam em treinamento na Zâmbia tinham sua equipa para desafios com equipas locais.

 Nas bases e nas zonas libertadas, as crianças dos combatentes e da população em geral enrolavam folhas de árvores para obtenção de bolas para o complementar das suas brincadeiras.

Depois dos Acordos de Lusaka, a 7 de Setembro de 1974, os cerca de 2000 homens vindos de todas as províncias que ocuparam o então centro de treinamento do exército português de Boane, província de Maputo, transformado em Centro de Preparação Político Militar, formaram equipas que se defrontavam entre si. Aliás, recordar que o actual Clube Desportivo Matchedje, nome atribuído pelo Tenente-General Armando Emílio Guebuza, na altura Comissário Político Nacional das Forças Populares de Libertação de Moçambique, nasceu da equipa do 4º Batalhão de Boane, que em 1975 venceu o torneio alusivo às festividades do dia 25 de Setembro, não tendo regressado a Boane, iniciando-se no campeonato dos Trabalhadores da província de Maputo, prova que conquistou em 1976.

Mesmo com a extensão do Matchedje por todas as províncias do país e com a conquista do título de campeão nacional de futebol sénior de Moçambique, nos anos de 1987 e  1990, o desporto recreativo não desapareceu das unidades militares, tais como quartéis. A tradição prevaleceu até hoje e com competições melhor organizadas, envolvendo mais modalidades.

Portanto, o que se vai assistir em Chimoio, de 21 a 25 de Setembro, não é uma prática nova, é uma tradição político-cultural trazida do tempo das Forças Populares de Libertação de Moçambique (FPLM), que a 25 de Setembro de 1964, em Cabo Delgado, no Posto de Chai, iniciaram a Luta de Libertação Nacional, que terminou a 7 de Setembro de 1975, com os Acordos de Lusaka.

E importa dizer que das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique também nasceu o Clube Desportivo Estrela Vermelha, “primo” legítimo do Clube Desportivo Matchedje.  

Domingos Boaventura

mingoboav@yahoo.com.br

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